quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Autores: Júlio César Mello, Pedro Paulo Fantini e Altamiro Morais Matos Filho

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem  entrar em contato através  do site: www.epagri.sc.gov.br

============================================================

 

Importância

     A obtenção de mudas de alta qualidade é fator determinante no sucesso da produção. Problemas que ocorrem na fase de produção de mudas serão evidenciados na planta adulta, quando dificilmente poderão ser corrigidos.
     O processo de produção de mudas que confere maior qualidade é o sistema de cultivo protegido, uma tecnologia que pode tornar o ambiente mais favorável para a parte aérea e as raízes das plantas.

Sementes e suas qualidades


Genética
     É o que define para cada espécie de planta detalhes como a forma, cor, sabor, adaptação ao clima, resistência a doenças, capacidade de produção, etc. As características de cada espécie, variedade ou híbrido são influenciadas pelo ambiente onde a planta se desenvolve.
     Na escolha da semente, deve-se considerar a capacidade de adaptação da planta às condições de cultivo, como tipo de solo, adubação, clima e época de plantio, além das exigências do mercado consumidor.

Fisiológica
     Nas sementes vivas existe uma atividade metabólica  responsável pela respiração e circulação de nutrientes. A capacidade da semente germinar e ter vigor depende das condições de armazenamento quanto à temperatura, umidade, luminosidade e concentração de oxigênio e gás carbônico.

Germinação
     É o valor expresso em porcentagem que indica a quantidade de sementes que podem germinar sob boas condições de semeadura. As temperaturas exigidas por diversas hortaliças são apresentadas na tabela 1.

 

 TABELA 1 - Exigência de temperatura do substrato para germinação de diversas   

                    hortaliças.

Cultura
Temperatura (ºC)
Mínima
Máxima
Ótima
Variação Ótima
Abóbora/Abobrinha
16
38
35
21 a 35
Acelga
4
35
29
10 a 29
Aipo ou Salsão
4
29
21
16 a 27
Alface
2
29
24
4 a 27
Aspargo
10
35
24
16 a 29
Berinjela
16
35
29
24 a 32
Beterraba
4
35
29
10 a 29
Cebola
2
35
24
10 a 35
Cebolinha
2
35
24
10 a 35
Cenoura
4
35
27
7 a 29
Coentro
4
32
24 a 29
10 a 29
Couve-flor
4
38
27
7 a 29
Ervilha
4
29
24
4 a 24
Espinafre verdadeiro
2
29
21
7 a 24
Feijão-de-vagem
16
35
27
16 a 29
Melancia
16
41
35
21 a 35
Melão
16
38
32
21 a 35
Milho
10
41
35
16 a 35
Moranga
16
38
32
21 a 32
Nabo
4
41
29
16 a 41
Pepino
16
41
35
16 a 35
Pimenta
16
35
29
18 a 35
Pimentão
16
35
29
18 a 35
Quiabo
16
41
35
21 a 35
Rabanete
4
35
29
7 a 32
Rábano
4
38
27
7 a 29
Repolho
4
38
29
7 a 35
Salsa
4
32
24
10 a 29
Tomate
10
35
29
16  a  29
Fonte:  Isla Sementes, 2012       
 
Vigor
     É a capacidade que a semente tem de, após germinar, formar mudas fortes a partir das reservas nutritivas armazenadas na semente.
           
Pureza
     É a porcentagem que indica a quantidade de outras espécies misturadas às sementes de outras espécies ou variedades.
           
Validade
     É a data até a qual as sementes bem armazenadas mantêm o poder de germinação.
           
Sanidade
     As sementes podem carregar algumas bactérias, fungos e vírus patogênicos. A maioria das sementes comercializadas vem tratada com produtos químicos para controle desses microorganismos, o que não garante a sua sanidade. A maneira mais garantida de ter sementes isentas de patógenos e ainda melhorar a uniformidade de germinação é fazer o tratamento hidrotérmico, que consiste no uso de água quente para eliminar microrganismos maléficos (patogênicos) das sementes. O procedimento deve ser realizado em sementes novas, secas,  vigorosas, intactas, não peletizadas, não peliculizadas e com bom poder germinativo.

Tipos de sementes comercializadas

Semente nua
     É a semente que passou apenas por um processo de limpeza e secagem, podendo receber tratamento hidrotérmico ou com fungicidas e inseticidas.

Semente peletizada
     É a que, além dos tratamentos anteriores, é envolvida por uma camada de material inerte que aumenta e uniformiza o seu volume. Isso facilita o manuseio e permite o uso de máquinas de semeadura, além de manter uma camada úmida em contato entre a semente e o substrato em que ela for semeada, melhorando as condições de germinação.

Semente peliculizada
     É a que recebe, junto com fungicidas e inseticidas, uma espécie de goma que permite a aderência destes produtos à semente, evitando que se solte e ofereça riscos de contaminação ou que perca a eficiência.     

Cuidados na compra de sementes

- Observe se está armazenada em ambiente adequado;
- Evite comprar semente a granel;
- Observe as indicações de qualidade e data de validade no rótulo;
- Escolha o cultivar que mais se adapte às condições de sua região e que tenha boa aceitação no mercado alvo.
    
Tratamento hidrotérmico de sementes de hortaliças


     É o uso de água quente para eliminar microorganismos maléficos(patogênicos) das sementes. Para fazer o tratamento hidrotérmico as sementes devem ser novas, secas, vigorosas, intactas, não peletizadas, não peliculizadas e com bom poder germinativo.

Material necessário:
-         Garrafa térmica;
-         Peso (pedrinha ou parafuso);
                                    -         Termômetro graduado até 100 ºC;
-         Pano poroso (tipo tule);
-         Água quente;
-         Álcool.


Passos do tratamento:
-   Colocar as sementes, com o peso, em um pano poroso, que possa passar na boca
    da garrafa térmica;
-   Aquecer água até 60 ºC;
-   Colocar água na garrafa térmica até ¾ do seu volume;
-   Com o termômetro, acompanhar a diminuição da temperatura da água até 1,0 ºC acima da temperatura recomendada para a semente a ser tratada (tabela 2);

-   Mergulhar rapidamente a semente em álcool;
-   Colocar a semente dentro da garrafa térmica e fechá-la;
-   Aguardar o tempo recomendado para o tipo de semente a ser tratada;
-   Durante este tempo, movimentar a garrafa gentilmente de vez em quando;

-   Passado o tempo, tirar a semente e esfriar em água na temperatura ambiente;
-  Espalhar as sementes sobre jornal, à sombra, para enxugá-las;
-  Semear após o enxugamento;
-  As sementes tratadas a quente não podem ser armazenadas.

 TABELA 2 – Temperatura e tempo de tratamento hidrotérmico para as espécies.
Espécies
Temperatura da água (ºC)

Tempo

(minutos)
Alface
45
30
Brócolis
50
20
Cenoura
50
20
Couve-de-bruxelas
50
25
Couve-flor
50
20
Espinafre
50
25
Mostarda
50
15
Nabo
50
20
Pepino
50
20
Pimentão
50
25
Rabanete
50
15
Rábano
50
20
Repolho
50
25
Salsão
45
30
Tomate
50
25
Fonte: Soave & Wetzel, 1987






Como produzir mudas com qualidade


Semeadura
     As sementes devem ser de boa qualidade. É colocada apenas uma semente por recipiente para evitar o desbaste. São cobertas com substrato sem torrões a uma profundidade igual a três vezes o seu maior diâmetro. Semeia-se 10% a mais da necessidade de mudas para repor suas eventuais perdas. Na tabela 3 são apresentados as quantidades de sementes por grama e por área cultivada.

 TABELA 3 – Quantidades de sementes por grama e por área cultivada.

Cultura
Nº de Sementes (grama)
Espaçamento
entre plantas
(metros)
Quantidade de sementes
(kg/ha)
Quantidade de plantas/ha
Abóbora menina
6 a 7
3,0 x 3,0
0,6
1.120
Abóbora seca moranga
7 a 6
5,0 x 5,0
0,2
400
Abóbora tetsukabuto
12 a 13
3,0 x 2,0
0,4
1.670
Abobrinha caserta
6 a 7
1,2 a 0,6
6,0
13.890
Agrião
3.500 a 4.000
0,2 x 0,2
0,15
171.000
Alface americana
800 a 900
0,35 x 0,35
0,2
55.850
Alface crespa
900 a 1000
0,30 x 0,25
0,3
91.200
Almeirão
900 a 950
0,2 a 0,1
1,5
342.000
Aspargo
23 a 25
1,5 x 0,5
1,5
13.340
Berinjela
200 a 230
1,5 a 0,8
0,15
8.350
Beterraba
55 a 56
0,2 a 0,1
11
342.000
Brócolis
26 a 270
1,0 a 0,5
0,17
20.000
Cebola
330 a 350
0,3 a 0,1
1,5
228.000
Cebolinha
470 a 480
0,4 x 0,08
1,5
213.750
Cenoura
330 a 350
0,2 x 0,07
2,5
488.580
Chicória
800 a 900
0,3 x 0,35
0,3
65.140
Coentro
80 a 950
0,35 x 0,05
3
648.000
Couve
280 a 300
1,0 x 0,5
0,2
20.000
Couve-de-bruxelas
280 a 300
0,8 x 0,5
0,25
25.000
Couve-chinesa
290 a 310
0,7 x 0,3
0,4
47.620
Couve-flor
300 a 320
0,9 x 0,5
0,16
22.230
Ervilha torta
3 a 5
1,0 x 0,6
12
16.670
Espinafre
95 a 110
0,2 x 0,07
13
488.580
Feijão-de-vagem
2 a 3
1,0 x 0,6
25
16.670
Melancia
13
2,5 x 2,0
0,55
2.000
Melão
20 a 30
2,0 x 1,0
0,9
5.000
Mostarda
600 a 630
0,45 x 0,3
1,0
50.670
Nabo
52 a 53
0,3 x 0,15
17
152.000
Pepino
30 a 40
1,0 x 0,6
1,75
16.670


Recipientes
     Os recipientes podem ser sacos de papel, sacos plásticos, copos descartáveis, tubetes de plástico e bandejas de isopor.
     As bandejas de isopor (Figura 1) são práticas e dão ótimos resultados desde que utilizadas com a tecnologia recomendada. Elas devem ficar suspensas a pelo menos 60cm do solo, em abrigos.
     O substrato e a irrigação para uso nas bandejas são especiais.





                                 

    FIGURA 1 – Bandejas de isopor para produção de  mudas



Substrato
      É um componente de grande importância na produção de mudas. Em substratos inadequados, as sementes não germinam, as plantas se desenvolvem irregularmente, podendo aparecer sintomas de deficiência ou excesso de algum nutriente e doenças.

Os substratos para uso em bandejas precisam ter características próprias

Físicas
     Ser leve e poroso, com capacidade de reter grande quantidade de água e ar. Formar torrão sem aderir nas bandejas.

Químicas
     Conter todos os nutrientes necessários para o período de formação da muda, de forma equilibrada, com pH 6,0  e baixa salinidade (condutividade elétrica – EC).

Sanidade
     Estar isento de sementes viáveis de plantas invasoras e organismos que possam causar doenças nas plantas.

Homogeneidade
     Ser homogêneo para não ocasionar diferenças de desenvolvimento entre plantas ou bandejas.
     Existem no mercado diversas empresas que comercializam substratos prontos em sacos de 25 quilos. A elaboração de um substrato na propriedade precisa contemplar todas as características desejadas e ser justificada pela disponibilidade de materiais a baixo custo, visto que demanda mão de obra e tempo para executar a solarização. Um método de desinfecção de organismos patogênicos e eliminação de sementes de invasoras pode encarecer o substrato.

Abrigos de produção de mudas
     São ambientes parcialmente protetores (Figura 2) contra condições adversas ao desenvolvimento das mudas como ventos, chuvas fortes, insolação em excesso, frio, insetos e doenças.



  
FIGURA 2abrigo de produção de mudas


     Os abrigos são estruturas cobertas com filme plástico aditivado contra raios ultravioleta e com telas anti-insetos nas laterais. Nas épocas mais quentes é necessário o uso de telas de sombreamento sobre o teto para diminuir a insolação (setembro – março). No entanto, em dias nublados ou chuvosos, deve-se fazer o manejo do sombrite, recolhendo-o.
     É imprescindível o uso de um termo-higrômetro para o monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar. O tamanho do abrigo deve ser planejado em função da quantidade de mudas a ser produzida ao mesmo tempo na propriedade, e do número de células das bandejas (128 e 200), conforme a espécie cultivada. Considera-se, na média, o período de permanência das mudas no abrigo de cerca de 21 - 35 dias no verão e 35 - 45 dias no inverno.
     A área útil ocupada por cada bandeja é de 0,25 m². É recomendável que a relação entre o volume interno do abrigo e a sua área seja de 3m³ para cada 1m², o que proporciona maior possibilidade de manejo de temperatura e umidade relativa, com maior conforto para o trabalho.

Irrigação
     A distribuição de água deve ser uniforme para que cada célula receba a mesma quantidade. Isto pode ser feito manualmente com regador de crivo fino ou com microaspersores.

     A quantidade de água ideal é a que permite umedecer o substrato sem gotejar abaixo das células para não lixiviar os nutrientes.
     A frequência das irrigações depende da temperatura e umidade relativa do ar, variando de uma vez no inverno e até cinco vezes no verão. Entre uma irrigação e outra a superfície do substrato precisa estar enxuta. Durante a noite o substrato e a parte aérea das mudas tem que permanecer enxutos.
     A água para irrigação deve ser potável podendo ser obtida da rede pública de abastecimento do subsolo (poços) e nascentes. No momento da aplicação, a  temperatura da água de irrigação deve ser semelhante à do ambiente onde estão as mudas.
     Os equipamentos usados nas irrigações podem ser desde um regador com crivo fino, mangueira de jardim com difusor, microaspersores tipo “fogger”, sprinkler, bailarina, etc.

Adubação
     Quando o substrato e o manejo da irrigação forem adequados, no período normal de produção das mudas, não haverá necessidade de adubações de cobertura. Caso ocorram deficiências, podem ser corrigidas com adubações de cobertura. Evite o excesso de adubos solúveis que pode provocar o desequilíbrio nutricional, salinização do substrato e queima de plantas.
     Adubação de cobertura pode ser feita com a mistura dos seguintes ingredientes:
- 6 partes de torta de mamona;
- 3 partes de farinha de osso;
- 1 parte de cinza de madeira (não de churrasqueira, pois tem sal).
     Misturar e peneirar. Conservar em local seco.
     Aplicar, quando necessário, cerca de 20g da mistura por bandeja de 128 células, sobre as plantas enxutas. Em seguida irrigar para deposição da mistura no substrato. Poderá ser feita semanalmente.
     Antes da sua utilização, essa mistura deve ser bem agitada.



 Transplante
     Um dia antes do transplante diminua a irrigação até que as mudas apresentem uma leve murcha. No momento anterior ao transplante faça uma boa irrigação nas bandejas para facilitar a retirada da muda com o torrão inteiro e permita que a muda recupere a turgidez após o transplante. Enterre apenas o torrão (Figura 3), não permitindo o contato de terra com a gema de crescimento da muda ou com  caule. Somente as mudas que emitam raízes adventícias, como a de tomateiro, podem ter o caule enterrado. Faça uma irrigação no local do plantio definitivo logo que terminar a operação de plantio.






FIGURA 3. Profundidade de plantio de mudas de hortaliças


 

 















Ferreira On 2/10/2016 10:05:00 AM Comentarios

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Produção de mudas

Autores: Júlio César Mello, Pedro Paulo Fantini e Altamiro Morais Matos Filho

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem  entrar em contato através  do site: www.epagri.sc.gov.br

============================================================

 

Importância

     A obtenção de mudas de alta qualidade é fator determinante no sucesso da produção. Problemas que ocorrem na fase de produção de mudas serão evidenciados na planta adulta, quando dificilmente poderão ser corrigidos.
     O processo de produção de mudas que confere maior qualidade é o sistema de cultivo protegido, uma tecnologia que pode tornar o ambiente mais favorável para a parte aérea e as raízes das plantas.

Sementes e suas qualidades


Genética
     É o que define para cada espécie de planta detalhes como a forma, cor, sabor, adaptação ao clima, resistência a doenças, capacidade de produção, etc. As características de cada espécie, variedade ou híbrido são influenciadas pelo ambiente onde a planta se desenvolve.
     Na escolha da semente, deve-se considerar a capacidade de adaptação da planta às condições de cultivo, como tipo de solo, adubação, clima e época de plantio, além das exigências do mercado consumidor.

Fisiológica
     Nas sementes vivas existe uma atividade metabólica  responsável pela respiração e circulação de nutrientes. A capacidade da semente germinar e ter vigor depende das condições de armazenamento quanto à temperatura, umidade, luminosidade e concentração de oxigênio e gás carbônico.

Germinação
     É o valor expresso em porcentagem que indica a quantidade de sementes que podem germinar sob boas condições de semeadura. As temperaturas exigidas por diversas hortaliças são apresentadas na tabela 1.

 

 TABELA 1 - Exigência de temperatura do substrato para germinação de diversas   

                    hortaliças.

Cultura
Temperatura (ºC)
Mínima
Máxima
Ótima
Variação Ótima
Abóbora/Abobrinha
16
38
35
21 a 35
Acelga
4
35
29
10 a 29
Aipo ou Salsão
4
29
21
16 a 27
Alface
2
29
24
4 a 27
Aspargo
10
35
24
16 a 29
Berinjela
16
35
29
24 a 32
Beterraba
4
35
29
10 a 29
Cebola
2
35
24
10 a 35
Cebolinha
2
35
24
10 a 35
Cenoura
4
35
27
7 a 29
Coentro
4
32
24 a 29
10 a 29
Couve-flor
4
38
27
7 a 29
Ervilha
4
29
24
4 a 24
Espinafre verdadeiro
2
29
21
7 a 24
Feijão-de-vagem
16
35
27
16 a 29
Melancia
16
41
35
21 a 35
Melão
16
38
32
21 a 35
Milho
10
41
35
16 a 35
Moranga
16
38
32
21 a 32
Nabo
4
41
29
16 a 41
Pepino
16
41
35
16 a 35
Pimenta
16
35
29
18 a 35
Pimentão
16
35
29
18 a 35
Quiabo
16
41
35
21 a 35
Rabanete
4
35
29
7 a 32
Rábano
4
38
27
7 a 29
Repolho
4
38
29
7 a 35
Salsa
4
32
24
10 a 29
Tomate
10
35
29
16  a  29
Fonte:  Isla Sementes, 2012       
 
Vigor
     É a capacidade que a semente tem de, após germinar, formar mudas fortes a partir das reservas nutritivas armazenadas na semente.
           
Pureza
     É a porcentagem que indica a quantidade de outras espécies misturadas às sementes de outras espécies ou variedades.
           
Validade
     É a data até a qual as sementes bem armazenadas mantêm o poder de germinação.
           
Sanidade
     As sementes podem carregar algumas bactérias, fungos e vírus patogênicos. A maioria das sementes comercializadas vem tratada com produtos químicos para controle desses microorganismos, o que não garante a sua sanidade. A maneira mais garantida de ter sementes isentas de patógenos e ainda melhorar a uniformidade de germinação é fazer o tratamento hidrotérmico, que consiste no uso de água quente para eliminar microrganismos maléficos (patogênicos) das sementes. O procedimento deve ser realizado em sementes novas, secas,  vigorosas, intactas, não peletizadas, não peliculizadas e com bom poder germinativo.

Tipos de sementes comercializadas

Semente nua
     É a semente que passou apenas por um processo de limpeza e secagem, podendo receber tratamento hidrotérmico ou com fungicidas e inseticidas.

Semente peletizada
     É a que, além dos tratamentos anteriores, é envolvida por uma camada de material inerte que aumenta e uniformiza o seu volume. Isso facilita o manuseio e permite o uso de máquinas de semeadura, além de manter uma camada úmida em contato entre a semente e o substrato em que ela for semeada, melhorando as condições de germinação.

Semente peliculizada
     É a que recebe, junto com fungicidas e inseticidas, uma espécie de goma que permite a aderência destes produtos à semente, evitando que se solte e ofereça riscos de contaminação ou que perca a eficiência.     

Cuidados na compra de sementes

- Observe se está armazenada em ambiente adequado;
- Evite comprar semente a granel;
- Observe as indicações de qualidade e data de validade no rótulo;
- Escolha o cultivar que mais se adapte às condições de sua região e que tenha boa aceitação no mercado alvo.
    
Tratamento hidrotérmico de sementes de hortaliças


     É o uso de água quente para eliminar microorganismos maléficos(patogênicos) das sementes. Para fazer o tratamento hidrotérmico as sementes devem ser novas, secas, vigorosas, intactas, não peletizadas, não peliculizadas e com bom poder germinativo.

Material necessário:
-         Garrafa térmica;
-         Peso (pedrinha ou parafuso);
                                    -         Termômetro graduado até 100 ºC;
-         Pano poroso (tipo tule);
-         Água quente;
-         Álcool.


Passos do tratamento:
-   Colocar as sementes, com o peso, em um pano poroso, que possa passar na boca
    da garrafa térmica;
-   Aquecer água até 60 ºC;
-   Colocar água na garrafa térmica até ¾ do seu volume;
-   Com o termômetro, acompanhar a diminuição da temperatura da água até 1,0 ºC acima da temperatura recomendada para a semente a ser tratada (tabela 2);

-   Mergulhar rapidamente a semente em álcool;
-   Colocar a semente dentro da garrafa térmica e fechá-la;
-   Aguardar o tempo recomendado para o tipo de semente a ser tratada;
-   Durante este tempo, movimentar a garrafa gentilmente de vez em quando;

-   Passado o tempo, tirar a semente e esfriar em água na temperatura ambiente;
-  Espalhar as sementes sobre jornal, à sombra, para enxugá-las;
-  Semear após o enxugamento;
-  As sementes tratadas a quente não podem ser armazenadas.

 TABELA 2 – Temperatura e tempo de tratamento hidrotérmico para as espécies.
Espécies
Temperatura da água (ºC)

Tempo

(minutos)
Alface
45
30
Brócolis
50
20
Cenoura
50
20
Couve-de-bruxelas
50
25
Couve-flor
50
20
Espinafre
50
25
Mostarda
50
15
Nabo
50
20
Pepino
50
20
Pimentão
50
25
Rabanete
50
15
Rábano
50
20
Repolho
50
25
Salsão
45
30
Tomate
50
25
Fonte: Soave & Wetzel, 1987






Como produzir mudas com qualidade


Semeadura
     As sementes devem ser de boa qualidade. É colocada apenas uma semente por recipiente para evitar o desbaste. São cobertas com substrato sem torrões a uma profundidade igual a três vezes o seu maior diâmetro. Semeia-se 10% a mais da necessidade de mudas para repor suas eventuais perdas. Na tabela 3 são apresentados as quantidades de sementes por grama e por área cultivada.

 TABELA 3 – Quantidades de sementes por grama e por área cultivada.

Cultura
Nº de Sementes (grama)
Espaçamento
entre plantas
(metros)
Quantidade de sementes
(kg/ha)
Quantidade de plantas/ha
Abóbora menina
6 a 7
3,0 x 3,0
0,6
1.120
Abóbora seca moranga
7 a 6
5,0 x 5,0
0,2
400
Abóbora tetsukabuto
12 a 13
3,0 x 2,0
0,4
1.670
Abobrinha caserta
6 a 7
1,2 a 0,6
6,0
13.890
Agrião
3.500 a 4.000
0,2 x 0,2
0,15
171.000
Alface americana
800 a 900
0,35 x 0,35
0,2
55.850
Alface crespa
900 a 1000
0,30 x 0,25
0,3
91.200
Almeirão
900 a 950
0,2 a 0,1
1,5
342.000
Aspargo
23 a 25
1,5 x 0,5
1,5
13.340
Berinjela
200 a 230
1,5 a 0,8
0,15
8.350
Beterraba
55 a 56
0,2 a 0,1
11
342.000
Brócolis
26 a 270
1,0 a 0,5
0,17
20.000
Cebola
330 a 350
0,3 a 0,1
1,5
228.000
Cebolinha
470 a 480
0,4 x 0,08
1,5
213.750
Cenoura
330 a 350
0,2 x 0,07
2,5
488.580
Chicória
800 a 900
0,3 x 0,35
0,3
65.140
Coentro
80 a 950
0,35 x 0,05
3
648.000
Couve
280 a 300
1,0 x 0,5
0,2
20.000
Couve-de-bruxelas
280 a 300
0,8 x 0,5
0,25
25.000
Couve-chinesa
290 a 310
0,7 x 0,3
0,4
47.620
Couve-flor
300 a 320
0,9 x 0,5
0,16
22.230
Ervilha torta
3 a 5
1,0 x 0,6
12
16.670
Espinafre
95 a 110
0,2 x 0,07
13
488.580
Feijão-de-vagem
2 a 3
1,0 x 0,6
25
16.670
Melancia
13
2,5 x 2,0
0,55
2.000
Melão
20 a 30
2,0 x 1,0
0,9
5.000
Mostarda
600 a 630
0,45 x 0,3
1,0
50.670
Nabo
52 a 53
0,3 x 0,15
17
152.000
Pepino
30 a 40
1,0 x 0,6
1,75
16.670


Recipientes
     Os recipientes podem ser sacos de papel, sacos plásticos, copos descartáveis, tubetes de plástico e bandejas de isopor.
     As bandejas de isopor (Figura 1) são práticas e dão ótimos resultados desde que utilizadas com a tecnologia recomendada. Elas devem ficar suspensas a pelo menos 60cm do solo, em abrigos.
     O substrato e a irrigação para uso nas bandejas são especiais.





                                 

    FIGURA 1 – Bandejas de isopor para produção de  mudas



Substrato
      É um componente de grande importância na produção de mudas. Em substratos inadequados, as sementes não germinam, as plantas se desenvolvem irregularmente, podendo aparecer sintomas de deficiência ou excesso de algum nutriente e doenças.

Os substratos para uso em bandejas precisam ter características próprias

Físicas
     Ser leve e poroso, com capacidade de reter grande quantidade de água e ar. Formar torrão sem aderir nas bandejas.

Químicas
     Conter todos os nutrientes necessários para o período de formação da muda, de forma equilibrada, com pH 6,0  e baixa salinidade (condutividade elétrica – EC).

Sanidade
     Estar isento de sementes viáveis de plantas invasoras e organismos que possam causar doenças nas plantas.

Homogeneidade
     Ser homogêneo para não ocasionar diferenças de desenvolvimento entre plantas ou bandejas.
     Existem no mercado diversas empresas que comercializam substratos prontos em sacos de 25 quilos. A elaboração de um substrato na propriedade precisa contemplar todas as características desejadas e ser justificada pela disponibilidade de materiais a baixo custo, visto que demanda mão de obra e tempo para executar a solarização. Um método de desinfecção de organismos patogênicos e eliminação de sementes de invasoras pode encarecer o substrato.

Abrigos de produção de mudas
     São ambientes parcialmente protetores (Figura 2) contra condições adversas ao desenvolvimento das mudas como ventos, chuvas fortes, insolação em excesso, frio, insetos e doenças.



  
FIGURA 2abrigo de produção de mudas


     Os abrigos são estruturas cobertas com filme plástico aditivado contra raios ultravioleta e com telas anti-insetos nas laterais. Nas épocas mais quentes é necessário o uso de telas de sombreamento sobre o teto para diminuir a insolação (setembro – março). No entanto, em dias nublados ou chuvosos, deve-se fazer o manejo do sombrite, recolhendo-o.
     É imprescindível o uso de um termo-higrômetro para o monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar. O tamanho do abrigo deve ser planejado em função da quantidade de mudas a ser produzida ao mesmo tempo na propriedade, e do número de células das bandejas (128 e 200), conforme a espécie cultivada. Considera-se, na média, o período de permanência das mudas no abrigo de cerca de 21 - 35 dias no verão e 35 - 45 dias no inverno.
     A área útil ocupada por cada bandeja é de 0,25 m². É recomendável que a relação entre o volume interno do abrigo e a sua área seja de 3m³ para cada 1m², o que proporciona maior possibilidade de manejo de temperatura e umidade relativa, com maior conforto para o trabalho.

Irrigação
     A distribuição de água deve ser uniforme para que cada célula receba a mesma quantidade. Isto pode ser feito manualmente com regador de crivo fino ou com microaspersores.

     A quantidade de água ideal é a que permite umedecer o substrato sem gotejar abaixo das células para não lixiviar os nutrientes.
     A frequência das irrigações depende da temperatura e umidade relativa do ar, variando de uma vez no inverno e até cinco vezes no verão. Entre uma irrigação e outra a superfície do substrato precisa estar enxuta. Durante a noite o substrato e a parte aérea das mudas tem que permanecer enxutos.
     A água para irrigação deve ser potável podendo ser obtida da rede pública de abastecimento do subsolo (poços) e nascentes. No momento da aplicação, a  temperatura da água de irrigação deve ser semelhante à do ambiente onde estão as mudas.
     Os equipamentos usados nas irrigações podem ser desde um regador com crivo fino, mangueira de jardim com difusor, microaspersores tipo “fogger”, sprinkler, bailarina, etc.

Adubação
     Quando o substrato e o manejo da irrigação forem adequados, no período normal de produção das mudas, não haverá necessidade de adubações de cobertura. Caso ocorram deficiências, podem ser corrigidas com adubações de cobertura. Evite o excesso de adubos solúveis que pode provocar o desequilíbrio nutricional, salinização do substrato e queima de plantas.
     Adubação de cobertura pode ser feita com a mistura dos seguintes ingredientes:
- 6 partes de torta de mamona;
- 3 partes de farinha de osso;
- 1 parte de cinza de madeira (não de churrasqueira, pois tem sal).
     Misturar e peneirar. Conservar em local seco.
     Aplicar, quando necessário, cerca de 20g da mistura por bandeja de 128 células, sobre as plantas enxutas. Em seguida irrigar para deposição da mistura no substrato. Poderá ser feita semanalmente.
     Antes da sua utilização, essa mistura deve ser bem agitada.



 Transplante
     Um dia antes do transplante diminua a irrigação até que as mudas apresentem uma leve murcha. No momento anterior ao transplante faça uma boa irrigação nas bandejas para facilitar a retirada da muda com o torrão inteiro e permita que a muda recupere a turgidez após o transplante. Enterre apenas o torrão (Figura 3), não permitindo o contato de terra com a gema de crescimento da muda ou com  caule. Somente as mudas que emitam raízes adventícias, como a de tomateiro, podem ter o caule enterrado. Faça uma irrigação no local do plantio definitivo logo que terminar a operação de plantio.






FIGURA 3. Profundidade de plantio de mudas de hortaliças


 

 















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