sexta-feira, 14 de junho de 2013



Fragilidades da “Agricultura Moderna”

     A “modernização” da agricultura, ocorrido especialmente a partir dos anos 50, priorizou a mecanização, os adubos químicos e os agrotóxicos, e desvalorizou os processos naturais e biológicos. O modelo tradicional de cultivo intensivo muito simplificado, como no caso das monoculturas, traz grandes custos ambientais e sociais. Os principais problemas ambientais causados pela “agricultura moderna” são: 

. Declínio da produtividade das culturas pela degradação do solo, erosão (Figura 1), compactação, salinização, desertificação e perda de matéria orgânica;

. Degradação dos recursos naturais e contaminação do meio ambiente pelo uso indiscriminado e exagerado de agrotóxicos e fertilizantes químicos;

. Contaminação de alimentos e trabalhadores rurais;

. Aumento da resistência de pragas, doenças e plantas espontâneas;

. Perda da biodiversidade, responsável pelo equilíbrio ecológico;

. Aumento no custo de produção dos cultivos;

. Perda de autonomia do produtor rural, tornando-se dependente dos insumos que são a maioria importados e produzidos por empresas multinacionais.




Figura 1. A “agricultura moderna” tem causado através da erosão, a redução da capacidade produtiva do solo e a contaminação dos rios, lagos e águas subterrâneas





Contaminação do meio ambiente por resíduos químicos 

     Meio ambiente é o conjunto de condições e componentes físicos, químicos e biológicos que possibilitam, regem e abrigam a vida em todas as suas formas, garantindo a sobrevivência da espécie humana. Portanto, meio ambiente é toda a natureza que nos cerca, nos envolve, inclusive nós mesmos e nossa relação com o mundo em que vivemos. Tudo está interligado – pessoas, animais, florestas, rios, lagos, mares, oceanos, cidades, além do ar que respiramos, por isso dependemos do meio ambiente para sobreviver.

     A utilização, na agricultura, de produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, conhecidos como pesticidas, praguicidas, formicidas, herbicidas, fungicidas, inseticidas, nematicidas, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento ou ainda agrotóxicos, iniciou-se na década de 1920 e já durante a 2ª Guerra Mundial, foram utilizados como arma química. No Brasil, a utilização intensiva de agrotóxicos originou-se do Plano Nacional de Desenvolvimento, lançado em 1975, que forçava os agricultores a comprar os venenos através do crédito rural. Como consequência das políticas adotadas, o Brasil atingiu recentemente uma liderança da qual não podemos nos orgulhar. Desde 2008, somos o país que mais consome agrotóxicos no planeta. Entre 2000 e 2010, o comércio de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%, enquanto que a média mundial foi de 93%. A tendência é que esta desproporção aumente ainda mais pois, enquanto os países mais desenvolvidos estão reduzindo o uso, o nosso país está aumentando. Existe a enorme pressão comercial das empresas produtoras de agrotóxicos, que sem qualquer compromisso com o meio ambiente e, com a saúde da população, visam apenas o aumento dos lucros. Mais de um bilhão de litros de venenos são jogados nas lavouras por ano (50% na cultura da soja). Se fizermos um cálculo simples, dividindo a quantidade de agrotóxicos utilizados nas lavouras, anualmente, pela população brasileira, chega-se a marca de 5,2 litros consumidos por habitante. E, o que é pior, o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos em vários países. 

     As principais consequências do uso dos agrotóxicos são: contaminação do meio ambiente, dos alimentos, produtores e consumidores, redução da biodiversidade, morte dos insetos polinizadores (abelha e outros) e dos inimigos naturais das pragas, surgimento de novas pragas e resistência dos insetos, patógenos que causam doenças e plantas espontâneas (inços) aos agrotóxicos e, o uso cada vez maior de misturas de produtos mais potentes e mais perigosos (ex.: uso do herbicida glifosato em lavouras de soja transgênica), além do aumento do custo de produção e dependência dos produtores.

     Quem mais tem sofrido com problemas de contaminação por agrotóxicos são os agricultores. Os principais sinais e sintomas de envenenamento por agrotóxicos são: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia; tremores no corpo; indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos, cólicas abdominais; alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar; queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro; irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques, desmaios, perda de consciência e até o coma. Intoxicações e mortes causadas pelos agrotóxicos, registradas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, indicam que no período de 1984 até 2012, o CIT detectou 12.423 intoxicações de agricultores e 303 mortes em Santa Catarina. No Brasil, 280 mil trabalhadores se intoxicam por ano. No mundo estima-se que são 3 milhões de pessoas intoxicadas por ano (OMS) com 220 mil mortes. Estima-se que para cada registro oficial, ocorre pelo menos 10 casos não registrados (dificuldade no diagnóstico dos efeitos crônicos). Ao pesquisar a evolução das intoxicações por agrotóxicos em Santa Catarina, na década de 1991 a 2000, verificou-se, em média, que 350 pessoas foram intoxicadas por ano, enquanto que na última década (2001 a 2010), foram 600 pessoas intoxicadas por ano, ou seja, um aumento de 75% de pessoas intoxicadas (fonte: www.cit.sc.gov.br). A falta de proteção na aplicação dos agrotóxicos (não uso dos EPI’s – equipamento de proteção individual) é a principal causa das intoxicações (Figura 2).



Figura 2. O desconhecimento sobre os riscos no uso dos agrotóxicos e a falta de proteção na aplicação agrava ainda mais a contaminação dos trabalhadores rurais


     Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em 26 estados do Brasil desde 2001, revela: Em 2010, praticamente todas as espécies pesquisadas apresentaram amostras com resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, com produtos químicos não registrados para as culturas e, ainda com alguns já proibidos em diversos países da Europa e Estados Unidos (endossulfan, acefato e metamidofós). As culturas com mais amostras contaminadas por agrotóxicos (12 a 92%) foram: pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve, mamão, tomate e laranja. É importante ressaltar, que resultados semelhantes foram encontrados no relatório de 2009.


     A adubação química também contribui para a degradação dos solos, contamina o meio ambiente, torna as plantas cultivadas mais sensíveis às pragas e doenças, aumenta o custo de produção e, ainda prejudica a saúde das pessoas. Um dos motivos pelos quais os adubos químicos podem poluir o meio ambiente, é porque alguns deles são hidrossolúveis, isto é, dissolvem-se na água, fato que acarreta três consequências:

1) uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas, aumentando muito seu teor de água, o que torna as plantas mais suscetíveis à pragas e doenças, além de produzirem alimentos menos saborosos e mais pobres nutricionalmente;


2) outra parte (muitas vezes a maior parte) é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos, causando juntamente com os despejos de esgotos, a eutrofização (morte de um rio ou lago por asfixia) dos corpos aquáticos, pois os excessivos nutrientes além de estimularem um crescimento excessivo das algas, roubam para se degradarem, o oxigênio da água (Figura 3)


3) há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a ureia e o sulfato de amônio) que sob a forma de óxido nitroso pode destruir a camada de ozônio da atmosfera e, assim contribuir para o aquecimento global. 



Figura 3 . A “agricultura moderna”, através da erosão dos solos, tem provocado a eutrofização (morte de um rio ou lago por asfixia)



     Além de contaminar o meio ambiente, os adubos químicos, especialmente quando aplicados em excesso, prejudicam a saúde das pessoas. O uso de adubos nitrogenados (ex.:uréia), provoca o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas. Resultados de pesquisa do teor de nitrato em alface revelaram que no cultivo orgânico, cultivo convencional e cultivo hidropônico são acumulados 565,4; 2782,1 e 3.093,4 mg/kg, respectivamente. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o índice máximo de ingestão diária admissível de nitratos é de 5 mg/kg de peso vivo e 0,2 mg/kg para nitritos. Ou seja: uma pessoa de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface hidropônica, por 1 dia, já estará atingindo a dose máxima de nitratos permitida. Já no sistema orgânico esta mesma pessoa poderia comer mais de 50 folhas.


Consciência do consumidor

     No mundo inteiro as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde e com o consumo de alimentos mais saudáveis. A sociedade, na busca de uma alimentação mais sadia e natural, mudou o conceito de qualidade e passou a exigir produtos cada vez mais “limpos”, isto é, livres de produtos químicos, principalmente resíduos de agrotóxicos. Os produtos orgânicos, por não utilizarem agrotóxicos e adubos químicos solúveis e por serem produzidos com técnicas ambientalmente corretas, são os alimentos ideais para toda a família.

     Pesquisa realizada em todo o Brasil em 1998, com cerca de 2 mil entrevistados, com o objetivo de verificar a consciência dos consumidores, revela que procuram consumir alimentos mais saudáveis, por três motivos: 

-Saúde: uma alimentação mais saudável, natural e equilibrada;

-Sabor e frescor nos alimentos: o gosto autêntico dos alimentos, o sabor das frutas e hortaliças. 

-Meio ambiente: a preocupação com a preservação do planeta e as futuras gerações.




Qualidade superior dos alimentos orgânicos

     Em comparação com os produtos convencionais, ou seja, que utilizam agroquímicos, os produtos orgânicos possuem maior teor de vitaminas e sais minerais, bem como maiores teores de proteínas, aminoácidos, carboidratos, matéria seca e ainda melhor sabor e conservação. Resultados de pesquisa que comparou o valor nutritivo de hortaliças cultivadas com adubação orgânica (esterco de animais compostado) e com adubação química, revelou a superioridade do cultivo orgânico em percentagens que variaram de 10 até 77%. Os adubos químicos, ao serem rapidamente absorvidos pelas raízes das plantas, aumentam muito o teor de água e, as plantas ficam mais susceptíveis às pragas e doenças e, os alimentos produzidos, menos nutritivos (aguados). Trabalho de pesquisa que avaliou a qualidade nutritiva e sensorial de cenoura e repolho, oriundas de lavouras orgânicas e convencionais, revelou que as hortaliças orgânicas tinham menor teor de nitratos e um melhor sabor e perfume, além de maior teor de vitamina C e mais potássio. Os autores ainda concluíram que os vegetais orgânicos foram melhores do que os convencionais de acordo com as exigências alimentares para crianças e deveriam ser recomendados para a alimentação de bebês.



       















































Ferreira On 6/14/2013 04:40:00 AM 1 comment

Um comentário:

  1. Muito legal gostei Estou pensando em investir na agricultura organica Sou tecnico em agropecuaria

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Quais os motivos e incentivos para buscar o desenvolvimento mais sustentável da agricultura?



Fragilidades da “Agricultura Moderna”

     A “modernização” da agricultura, ocorrido especialmente a partir dos anos 50, priorizou a mecanização, os adubos químicos e os agrotóxicos, e desvalorizou os processos naturais e biológicos. O modelo tradicional de cultivo intensivo muito simplificado, como no caso das monoculturas, traz grandes custos ambientais e sociais. Os principais problemas ambientais causados pela “agricultura moderna” são: 

. Declínio da produtividade das culturas pela degradação do solo, erosão (Figura 1), compactação, salinização, desertificação e perda de matéria orgânica;

. Degradação dos recursos naturais e contaminação do meio ambiente pelo uso indiscriminado e exagerado de agrotóxicos e fertilizantes químicos;

. Contaminação de alimentos e trabalhadores rurais;

. Aumento da resistência de pragas, doenças e plantas espontâneas;

. Perda da biodiversidade, responsável pelo equilíbrio ecológico;

. Aumento no custo de produção dos cultivos;

. Perda de autonomia do produtor rural, tornando-se dependente dos insumos que são a maioria importados e produzidos por empresas multinacionais.




Figura 1. A “agricultura moderna” tem causado através da erosão, a redução da capacidade produtiva do solo e a contaminação dos rios, lagos e águas subterrâneas





Contaminação do meio ambiente por resíduos químicos 

     Meio ambiente é o conjunto de condições e componentes físicos, químicos e biológicos que possibilitam, regem e abrigam a vida em todas as suas formas, garantindo a sobrevivência da espécie humana. Portanto, meio ambiente é toda a natureza que nos cerca, nos envolve, inclusive nós mesmos e nossa relação com o mundo em que vivemos. Tudo está interligado – pessoas, animais, florestas, rios, lagos, mares, oceanos, cidades, além do ar que respiramos, por isso dependemos do meio ambiente para sobreviver.

     A utilização, na agricultura, de produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, conhecidos como pesticidas, praguicidas, formicidas, herbicidas, fungicidas, inseticidas, nematicidas, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento ou ainda agrotóxicos, iniciou-se na década de 1920 e já durante a 2ª Guerra Mundial, foram utilizados como arma química. No Brasil, a utilização intensiva de agrotóxicos originou-se do Plano Nacional de Desenvolvimento, lançado em 1975, que forçava os agricultores a comprar os venenos através do crédito rural. Como consequência das políticas adotadas, o Brasil atingiu recentemente uma liderança da qual não podemos nos orgulhar. Desde 2008, somos o país que mais consome agrotóxicos no planeta. Entre 2000 e 2010, o comércio de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%, enquanto que a média mundial foi de 93%. A tendência é que esta desproporção aumente ainda mais pois, enquanto os países mais desenvolvidos estão reduzindo o uso, o nosso país está aumentando. Existe a enorme pressão comercial das empresas produtoras de agrotóxicos, que sem qualquer compromisso com o meio ambiente e, com a saúde da população, visam apenas o aumento dos lucros. Mais de um bilhão de litros de venenos são jogados nas lavouras por ano (50% na cultura da soja). Se fizermos um cálculo simples, dividindo a quantidade de agrotóxicos utilizados nas lavouras, anualmente, pela população brasileira, chega-se a marca de 5,2 litros consumidos por habitante. E, o que é pior, o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos em vários países. 

     As principais consequências do uso dos agrotóxicos são: contaminação do meio ambiente, dos alimentos, produtores e consumidores, redução da biodiversidade, morte dos insetos polinizadores (abelha e outros) e dos inimigos naturais das pragas, surgimento de novas pragas e resistência dos insetos, patógenos que causam doenças e plantas espontâneas (inços) aos agrotóxicos e, o uso cada vez maior de misturas de produtos mais potentes e mais perigosos (ex.: uso do herbicida glifosato em lavouras de soja transgênica), além do aumento do custo de produção e dependência dos produtores.

     Quem mais tem sofrido com problemas de contaminação por agrotóxicos são os agricultores. Os principais sinais e sintomas de envenenamento por agrotóxicos são: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia; tremores no corpo; indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos, cólicas abdominais; alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar; queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro; irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques, desmaios, perda de consciência e até o coma. Intoxicações e mortes causadas pelos agrotóxicos, registradas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, indicam que no período de 1984 até 2012, o CIT detectou 12.423 intoxicações de agricultores e 303 mortes em Santa Catarina. No Brasil, 280 mil trabalhadores se intoxicam por ano. No mundo estima-se que são 3 milhões de pessoas intoxicadas por ano (OMS) com 220 mil mortes. Estima-se que para cada registro oficial, ocorre pelo menos 10 casos não registrados (dificuldade no diagnóstico dos efeitos crônicos). Ao pesquisar a evolução das intoxicações por agrotóxicos em Santa Catarina, na década de 1991 a 2000, verificou-se, em média, que 350 pessoas foram intoxicadas por ano, enquanto que na última década (2001 a 2010), foram 600 pessoas intoxicadas por ano, ou seja, um aumento de 75% de pessoas intoxicadas (fonte: www.cit.sc.gov.br). A falta de proteção na aplicação dos agrotóxicos (não uso dos EPI’s – equipamento de proteção individual) é a principal causa das intoxicações (Figura 2).



Figura 2. O desconhecimento sobre os riscos no uso dos agrotóxicos e a falta de proteção na aplicação agrava ainda mais a contaminação dos trabalhadores rurais


     Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em 26 estados do Brasil desde 2001, revela: Em 2010, praticamente todas as espécies pesquisadas apresentaram amostras com resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, com produtos químicos não registrados para as culturas e, ainda com alguns já proibidos em diversos países da Europa e Estados Unidos (endossulfan, acefato e metamidofós). As culturas com mais amostras contaminadas por agrotóxicos (12 a 92%) foram: pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve, mamão, tomate e laranja. É importante ressaltar, que resultados semelhantes foram encontrados no relatório de 2009.


     A adubação química também contribui para a degradação dos solos, contamina o meio ambiente, torna as plantas cultivadas mais sensíveis às pragas e doenças, aumenta o custo de produção e, ainda prejudica a saúde das pessoas. Um dos motivos pelos quais os adubos químicos podem poluir o meio ambiente, é porque alguns deles são hidrossolúveis, isto é, dissolvem-se na água, fato que acarreta três consequências:

1) uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas, aumentando muito seu teor de água, o que torna as plantas mais suscetíveis à pragas e doenças, além de produzirem alimentos menos saborosos e mais pobres nutricionalmente;


2) outra parte (muitas vezes a maior parte) é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos, causando juntamente com os despejos de esgotos, a eutrofização (morte de um rio ou lago por asfixia) dos corpos aquáticos, pois os excessivos nutrientes além de estimularem um crescimento excessivo das algas, roubam para se degradarem, o oxigênio da água (Figura 3)


3) há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a ureia e o sulfato de amônio) que sob a forma de óxido nitroso pode destruir a camada de ozônio da atmosfera e, assim contribuir para o aquecimento global. 



Figura 3 . A “agricultura moderna”, através da erosão dos solos, tem provocado a eutrofização (morte de um rio ou lago por asfixia)



     Além de contaminar o meio ambiente, os adubos químicos, especialmente quando aplicados em excesso, prejudicam a saúde das pessoas. O uso de adubos nitrogenados (ex.:uréia), provoca o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas. Resultados de pesquisa do teor de nitrato em alface revelaram que no cultivo orgânico, cultivo convencional e cultivo hidropônico são acumulados 565,4; 2782,1 e 3.093,4 mg/kg, respectivamente. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o índice máximo de ingestão diária admissível de nitratos é de 5 mg/kg de peso vivo e 0,2 mg/kg para nitritos. Ou seja: uma pessoa de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface hidropônica, por 1 dia, já estará atingindo a dose máxima de nitratos permitida. Já no sistema orgânico esta mesma pessoa poderia comer mais de 50 folhas.


Consciência do consumidor

     No mundo inteiro as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde e com o consumo de alimentos mais saudáveis. A sociedade, na busca de uma alimentação mais sadia e natural, mudou o conceito de qualidade e passou a exigir produtos cada vez mais “limpos”, isto é, livres de produtos químicos, principalmente resíduos de agrotóxicos. Os produtos orgânicos, por não utilizarem agrotóxicos e adubos químicos solúveis e por serem produzidos com técnicas ambientalmente corretas, são os alimentos ideais para toda a família.

     Pesquisa realizada em todo o Brasil em 1998, com cerca de 2 mil entrevistados, com o objetivo de verificar a consciência dos consumidores, revela que procuram consumir alimentos mais saudáveis, por três motivos: 

-Saúde: uma alimentação mais saudável, natural e equilibrada;

-Sabor e frescor nos alimentos: o gosto autêntico dos alimentos, o sabor das frutas e hortaliças. 

-Meio ambiente: a preocupação com a preservação do planeta e as futuras gerações.




Qualidade superior dos alimentos orgânicos

     Em comparação com os produtos convencionais, ou seja, que utilizam agroquímicos, os produtos orgânicos possuem maior teor de vitaminas e sais minerais, bem como maiores teores de proteínas, aminoácidos, carboidratos, matéria seca e ainda melhor sabor e conservação. Resultados de pesquisa que comparou o valor nutritivo de hortaliças cultivadas com adubação orgânica (esterco de animais compostado) e com adubação química, revelou a superioridade do cultivo orgânico em percentagens que variaram de 10 até 77%. Os adubos químicos, ao serem rapidamente absorvidos pelas raízes das plantas, aumentam muito o teor de água e, as plantas ficam mais susceptíveis às pragas e doenças e, os alimentos produzidos, menos nutritivos (aguados). Trabalho de pesquisa que avaliou a qualidade nutritiva e sensorial de cenoura e repolho, oriundas de lavouras orgânicas e convencionais, revelou que as hortaliças orgânicas tinham menor teor de nitratos e um melhor sabor e perfume, além de maior teor de vitamina C e mais potássio. Os autores ainda concluíram que os vegetais orgânicos foram melhores do que os convencionais de acordo com as exigências alimentares para crianças e deveriam ser recomendados para a alimentação de bebês.



       















































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  1. Muito legal gostei Estou pensando em investir na agricultura organica Sou tecnico em agropecuaria

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