quarta-feira, 17 de abril de 2013





     A batata-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) é uma planta tipicamente sul-americana, sendo o centro de origem, a região andina da Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.. A chegada de mudas trazidas da Colômbia para a Sociedade de Agricultura localizada no Rio de Janeiro em 1907, é uma das explicações mais aceitas sobre a introdução no Brasil. O seu cultivo espalhou-se pelos estados do Centro-Sul do Brasil, sendo que em cada região recebeu uma denominação distinta, como batata-salsa (Paraná e Santa Catarina), mandioquinha-salsa (São Paulo e Sul de Minas Gerais), batata-baroa (Rio de Janeiro e Zona da Mata de Minas Gerais), batata-fiuza, batata-aipo, cenoura-amarela, entre outras. As áreas de altitude elevada e clima mais ameno de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo concentram a maior parte da produção. 

     A batata-salsa pertence à família botânica das Apiaceae (antiga Umbelliferae), a mesma da cenoura, a salsa, o coentro, o aipo, o funcho, entre outras. É planta perene que raramente atinge a fase reprodutiva, pois a colheita é realizada antes do florescimento, no final do estádio vegetativo. O caule, cilíndrico e rugoso, compõe-se de uma cepa, comumente chamada de pescoço, de cuja parte superior saem ramificações curtas denominadas rebentos, filhotes ou propágulos, em número de 10 a 50, conforme a variedade e as condições ambientais, de onde nascem as folhas. Esse conjunto é chamado comumente de coroa, touça ou touceira. Da parte inferior da cepa saem as raízes tuberosas, que constituem a parte comercializável. Podem ser alongadas, cilíndricas ou cônicas, com coloração variando de branco a amarelo-intenso ou púrpura-escuro, conforme o clone. Têm película brilhante e tamanho variando até 25 cm. São produzidas em número de seis ou mais por planta. O mercado brasileiro, porém, apresenta preferência por raízes de formato cônico alongado e de coloração amarela intensa (Figura 1)



Figura 1. Hortaliça-raiz: batata-salsa ou mandioquinha-salsa


     A batata-salsa possui mercado crescente, sendo a produção abaixo da demanda, o que explica, em parte, o alto preço do produto. É considerada um produto saudável, quase orgânico, devido a rusticidade, o que vai ao encontro da crescente demanda por produtos ecológicos, com qualidade superior em termos de segurança alimentar, comparando-se àqueles produzidos convencionalmente, pela ausência de resíduos de agrotóxicos. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), é entre os meses de maio e agosto que os consumidores encontram as melhores raízes de batata-salsa no mercado, por preços mais acessíveis. 

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: Tradicionalmente, o consumo é na forma cozida pura ou de sopas e cremes e, por isso é mais utilizada no inverno. Entretanto, outras formas de preparo são particularmente saborosas, como fritas fatiadas (“chips”), com costela bovina, com frango caipira, com rabada e agrião, nhoque ao molho gorgonzola ou bolonhesa, suflês, pães doces ou salgados, rocambole com calabresa ou camarão, creme com catupiri ou requeijão e bacon, bolinhos empanados e doces, entre outras receitas. Basicamente, nas receitas que utilizam batata, cenoura e mandioca, pode-se empregar batata-salsa em substituição a essas. A batata-salsa é predominantemente usada para consumo direto. Entretanto, é crescente sua demanda como matéria-prima para indústrias alimentícias na forma de sopas, cremes, pré-cozidos, alimentos infantis (“papinhas”), fritas fatiadas ("chips"), extração de amido e processamento mínimo. Com a industrialização do produto, abre-se a oportunidade de exportação, devido à reduzida conservação pós-colheita. Sua fácil digestibilidade, seu valor energético em vista do alto teor de carboidratos, dos quais 80% é amido, aliado ao alto teor de vitamina A, cálcio, fósforo e ferro, além de outros elementos como vitaminas B1, B2, C, D, e E, potássio, silício, enxofre, cloro e magnésio, a torna ideal para dieta infantil, idosos, convalescentes e atletas. Do ponto de vista terapêutico é tida como um bom diurético. Segundo nutricionista o alto nível de fósforo (29 mg/100g) e manganês (0,22mg/100g) presentes na batata-salsa são importantes; O fósforo é importante para a manutenção do metabolismo ósseo e o manganês atua, dentre várias funções, como antioxidante. Estudos apontam uma possível correlação entre baixo consumo de manganês e agravo de sintomas da TPM, como dor e mau humor. Além disso, a batata-salsa é um dos poucos alimentos, entre as hortaliças, que contém a niacina - também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico; Quando em falta no organismo, a niacina pode provocar lesões graves no aparelho digestivo, ocasionando problemas no processo de digestão e absorção dos alimentos, podendo levar ao comprometimento do estado nutricional, e no sistema nervoso central - desde uma simples cefaleia até a demência. Os restos culturais (parte aérea da planta e raízes não comercializáveis) prestam-se ao arraçoamento animal, havendo relatos de pequenos produtores da região de Lavras de que houve aumento na produção de leite pelo fornecimento de restos de mudas. 

Cultivo: Apresenta boa adaptabilidade à locais com clima semelhante ao de sua origem. No Brasil, é tradicionalmente cultivada no Sudeste e no Sul, em regiões com altitude superior a 800m e temperatura média anual entre 15°C e 18°C. Entretanto, verifica-se seu cultivo em áreas mais baixas, na Zona da Mata mineira e em baixadas litorâneas de Santa Catarina, assim como sua expansão para o Planalto Central, no Distrito Federal e Goiás, onde a temperatura média anual supera os 20°C. Solos: Prefere solos de textura média, profundo e bem drenado. Solos muito pesados ou mal preparados determinam a produção de raízes curtas, arredondadas, assemelhando-se à batatas. Não tolera encharcamento, devendo-se utilizar solos bem drenados. Para plantios em épocas chuvosas ou solos mal drenados, normalmente, deve-se utilizar leiras mais altas, de modo a minimizar o acúmulo de água junto às plantas. Quando produzida em solos soltos de coloração clara, as raízes apresentam melhor aparência e maior vida útil na comercialização. Solos com elevados teores de matéria orgânica apresentam restrições, pois proporcionam grande desenvolvimento vegetativo, em detrimento do acúmulo de reservas e produção de raízes; Além disso, por apresentarem em geral coloração escura, esses solos podem levar à produção de raízes com manchas superficiais escurecidas que não saem com a escovação (ideal) e nem com lavação, depreciando seu aspecto visual. No caso de uso de solos com alto teor de matéria orgânica, não se deve utilizar fertilizantes nitrogenados. Época de plantio: Em regiões de clima ameno, o plantio pode ser efetuado o ano todo. Os plantios de março a junho predominam, especialmente no Sudeste, em função do maior risco de perdas devido às épocas quentes e chuvosas. Em regiões altas, as melhores épocas de plantio compreendem os meses de outubro/novembro e de fevereiro/março, em áreas que possam ser irrigadas. Os plantios realizados no verão apresentam elevado índice de apodrecimento de mudas, devido às elevadas temperaturas e precipitação e à exposição do córtex das mudas pela ação do corte realizado no ato do plantio, favorecendo as bactérias e fungos de solo. Em consequência disso, verifica-se a redução do pegamento e, consequentemente, da produtividade. Embora seja uma cultura muito resistente ao frio, o plantio em épocas muito frias pode apresentar falhas e redução de produtividade se ocorrer fortes e numerosas geadas. No estágio inicial, quando ainda não possui grande quantidade de reservas, as plantas podem esgotar-se no caso da ocorrência de muitas geadas consecutivas. Cultivares: Existem diversos clones que apresentam boa produtividade e adaptabilidade ao sistema orgânico, como a Amarela de Carandaí e a Amarela de Senador Amaral. Amarela de Senador Amaral é uma cultivar de batata-salsa desenvolvida através de seleção de clones originários de sementes botânicas coletadas no sul de Minas Gerais, oriundas do material tradicionalmente cultivado. Esta cultivar vem sendo avaliada desde 1993 pela Embrapa Hortaliças, por produtores rurais e Instituições de Pesquisa e Extensão rural de diversos Estados brasileiros. Dentre as vantagens observadas em relação ao material tradicionalmente cultivado no país, destacam-se a alta produtividade de raízes comerciais (superior a 25 t/ha), com qualidade superior, a coloração de polpa amarela intensa, a precocidade de colheita e arquitetura de planta ereta, mantendo-se as características peculiares do material tradicionalmente cultivado, como o aroma típico e o sabor adocicado. Propagação e preparo das mudas: a propagação é feita através de filhotes ou rebentos, o que origina os clones. O preparo das mudas começa logo após a colheita, destacando os rebentos da coroa e fazendo uma seleção daqueles mais vigorosos e saudáveis. O ideal é que o produtor selecione as melhores plantas quanto à produtividade e resistência às pragas e doenças, em cada cultivo, para retirar as mudas. Deve-se utilizar apenas mudas provenientes de plantas sadias, principalmente, sem nematoides e fungos do solo, para evitar a contaminação da área de cultivo. Preferencialmente, devem-se usar mudas juvenis, ou seja, mudas ainda vigorosas e, em pleno desenvolvimento. Como a distribuição dos filhotes na touceira não é uniforme, deve-se utilizar filhotes com idades fisiológicas semelhantes, ou seja, de acordo com o tamanho da reserva dos propágulos. As melhores mudas são aquelas obtidas e plantadas logo após a sua separação da planta (Figura 2). Para conservação das mudas, entre a colheita e o plantio subsequente, deve-se manter as touceiras, sem que se destaque os perfilhos. As touceiras devem ser mantidas à sombra, após retiradas as raízes e as folhas, quando presentes, mantendo a base da planta em contato com o solo e irrigando-se duas vezes por semana. O preparo inicial das mudas consiste do destaque dos perfilhos e lavagem por imersão ou em água corrente para retirada do excesso de impurezas. O tratamento fitossanitário dos filhotes, após o destaque da planta mãe, é uma prática indispensável; recomenda-se sua imersão por 5 a 10 minutos em solução de água sanitária comercial, pela ação do cloro ativo, na proporção de 1L de água sanitária para 9l de água (considerando-se o teor médio de 2,2% de hipoclorito de sódio), seguida de secagem à sombra. Após a secagem dos filhotes tratados, efetua-se o preparo das mudas que consiste em efetuar corte em bisel (em ângulo inclinado), de modo a aumentar a área de enraizamento. Deve-se usar ferramenta afiada e lâmina chata, que corte o filhote sem rachá-lo. Recomendam-se estiletes ou lâminas de serra bem afiadas no esmeril. O corte bem efetuado sem que o filhote lasque, proporciona uma melhor inserção de raízes na cepa da planta, ou seja, as cicatrizes após o destaque das raízes ficam reduzidas, facilitando o destaque na colheita e aumentando sua conservação pós-colheita. Em mudas mal cortadas ou “lascadas”, é comum observar-se o crescimento desigual de raízes nas plantas e raízes com grandes cicatrizes causadas pelo destaque. Pré-enraizamento em canteiros (viveiros): A técnica consiste basicamente em promover o enraizamento delas em canteiros devidamente preparados, sob elevada densidade de plantio, distantes 5 a 10 cm entre si, por cerca de 45 a 60 dias, para, então, realizar o transplantio para o local definitivo. Os canteiros para pré-enraizamento, por vezes chamados de viveiros, devem possuir solo leve, com cerca de 20 cm de altura e largura em torno de 1m. O preparo da muda é semelhante ao realizado para o plantio convencional, devendo o corte ser feito em bisel, isto é, em ângulo inclinado, de modo a aumentar a área de enraizamento, usando-se ferramenta afiada e lâmina chata, cortando-se a muda sem rachá-la. A diferença no corte é que a quantidade de reserva pode ser menor, com até 1cm. Com o pré-enraizamento consegue-se lavouras mais uniformes e mais vigorosas. É interessante o uso de cobertura morta com palhada sem semente, especialmente necessária para a base dos perfilhos, pois esses apresentam grande propensão ao ressecamento devido ao corte na parte superior. Quanto à época, o plantio pode ser efetuado o ano todo em regiões de clima ameno. Para o sucesso desta técnica, recomenda-se que os filhotes sejam destacados de touceiras de plantas sadias, que ainda não perderam a folhagem, com no máximo 10 meses de idade e, cortados em bisel, por lâmina fina e bem afiada. O ideal é utilizar uma área de plantio destinada unicamente para a produção de mudas, independente da área de produção comercial. O pré-enraizamento de mudas apresenta as seguintes vantagens em relação ao plantio convencional: Maximização do índice de pegamento; redução de custos com tratos culturais, com maior controle da fase inicial da produção - 150 a 400 m2 de viveiro (canteiros de pré-enraizamento) para 1 ha de plantio; eliminação da ocorrência de florescimento precoce no campo definitivo; possibilidade de seleção apurada de mudas; uniformização da colheita devido ao estresse causado à muda por ocasião do transplantio e possibilidade de escalonamento da produção. Preparo do solo: O solo deve ser preparado através de aração e gradagem seguidas pelo plantio em leiras, em nível, para maior facilidade de colheita, o que constitui também uma excelente prática conservacionista. No sistema orgânico de produção de batata-salsa deve-se evitar a mobilização excessiva e compactação do solo. O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em aração, gradagem e levantamento das leiras. Nos anos subsequentes evitar, na medida do possível, o uso de enxada rotativa e outros implementos que causem degradação excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo de solo com mecanização reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura morta ou verde. Plantio e espaçamento: Há diferentes métodos de plantio: diretamente no local definitivo (plantio convencional) ou com o pré-enraizamento em canteiros (viveiros) ou com o pré-enraizamento em água. O plantio convencional é feito diretamente no local definitivo no centro das leiras (camalhões), devendo as mudas serem enterradas no topo das leiras, à uma profundidade de 5 a 10 cm para não ficarem expostas à medida que a água de irrigação vai “acamando” a leira. O plantio convencional é realizado diretamente no local definitivo, usando-se mudas com a brotação cortada e grande tamanho de reserva (2 a 3 cm). As leiras, com cerca de 15 a 30 cm de altura, devem ser levantadas com espaçamento de um metro entre si e de 30 a 40 centímetros entre plantas, de acordo com a variedade, o local e a época de plantio. Deve-se evitar condição de fechamento excessivo da lavoura em épocas chuvosas, aumentando-se o espaçamento. Os clones de raízes brancas, extremamente viçosos, exigem espaçamento maior, no mínimo de 1m entre leiras e 50cm entre plantas. Esse espaçamento mais largo que o convencional, auxilia na redução da umidade interna da lavoura, minimizando problemas com mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum. Adubação orgânica: preferencialmente, deve-se adubar com composto orgânico no sulco (metade da quantidade), por ocasião do plantio, e o restante em cobertura, cerca de 120 dias após o plantio, conforme recomendação baseada na análise do solo e do adubo orgânico. Irrigação: Tendo em vista que a cultura é relativamente tolerante à seca, comparativamente a outras hortaliças, muitos produtores não utilizam a prática da irrigação. Contudo, em casos de adversidades climáticas, a produtividade é comprometida e o risco de insucesso, elevado. Apesar da tolerância moderada, a cultura responde favoravelmente às condições de boa disponibilidade de água no solo, o que torna a irrigação uma prática fundamental para produtores que têm como objetivo a obtenção de altas produtividades. A cultura necessita de fornecimento regular de água, em todo o seu ciclo. A produtividade pode ser severamente afetada pelo excesso de água, que reduz a aeração do solo e favorece maior incidência de doenças e lixiviação de nutrientes. Irrigações em excesso, notadamente em solos com problemas de drenagem, ocasionam maior incidência de doenças de solo, como podridão-de-esclerotínia e podridão-de-esclerócium e, principalmente, podridão-mole, causada por bactérias do gênero Erwinia. A cultura pode ser irrigada por diferentes sistemas de irrigação (aspersão e infiltração), sendo a aspersão o mais empregado, em função do baixo custo e de maior facilidade para ser utilizado em áreas com diferentes topografias, tipos de solo, tamanhos e geometrias. Capinas: manter limpo a linha de cultivo sobre as leiras, deixando crescer a vegetação espontâneas nas entrelinhas. Amontoa: Periodicamente, se necessário, deve-se refazer as leiras, chegando terra junto às plantas, de forma que as raízes permaneçam cobertas. Manejo de pragas e doenças: A cultura, em geral, não apresenta problemas com pragas e doenças, no sistema orgânico. No entanto, pode ocorrer o ataque de fungos do solo como a Murcha causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum que provoca o apodrecimento das raízes e o amarelecimento e murcha da parte áerea, podendo ocorrer por ocasião do transporte e armazenamento das raízes. A disseminação da doença ocorre, principalmente, pela dispersão dos escleródios junto a material propagativo retirado de campos infectados, assim como pelo trânsito de máquinas, ferramentas e animais de campos contaminados para áreas sadias. O manejo da doença deve começar pela utilização de mudas sadias. Quando a doença se manifesta, recomenda-se arrancar a planta doente juntamente com a terra da cova, eliminando da área de plantio e, aproveitando na composteira. A rotação de culturas, com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e, o plantio de leguminosas são práticas que ajudam a desinfestar um solo atacado pelo fungo, porque quebra o ciclo de vida do mesmo. A escolha de áreas com boa drenagem e irrigação adequada, são medidas que desfavorecem o fungo. A Podridão das Raízes ou Podridão-mole é outra doença que pode ocorrer na batata-salsa, sendo o principal agente causal as bactérias do gênero Erwinia, principalmente na pós-colheita. Os sintomas iniciais da doença são depressões de aspecto encharcado nas raízes, causando posterior decomposição dos tecidos e odor característico e desagradável. A bactéria é extremamente dependente de umidade, portanto, a escolha de local com boa drenagem é de suma importância, devendo-se evitar áreas de baixada. Plantios em locais ou épocas mais úmidas devem utilizar leiras mais altas, com 35 a 40 cm. Espaçamentos mais largos podem ser úteis na manutenção de um microclima mais arejado, visando a desfavorecer a doença. A irrigação deve ser cuidadosa, sem molhamento excessivo. O próprio corte em bisel efetuado no plantio pode ser porta de entrada para o ataque da bactéria. Outras pragas e doenças, como a broca e os nematóides, podem causar ferimentos que abrem caminho para a infecção pela Erwinia. Também ferramentas ou implementos nas operações de capina podem causar ferimentos por onde a bactéria se instala. No campo, as plantas atacadas devem ser arrancadas, postas em sacos, retiradas da área e aproveitadas na compostagem. Na colheita e na pós-colheita, deve-se ser cuidadoso, de modo a minimizar a ocorrência de microferimentos. Provavelmente, os nematóides são os maiores causadores de danos à batata-salsa e também de outras espécies que pertencem a mesma família botânica. A rotação de culturas com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e nematóides (espécies não pertencentes à família botânica das Apiaceas tais como a cenoura, salsa, coentro e aipo), especialmente as leguminosas ajudam a desinfestar um solo atacado por fungo e contribuem para o manejo de nematoides, principalmente a Crotalária spectabilis (efeito alelopático). Para o manejo de pragas, deve-se utilizar as medidas preventivas tais como: seleção do material de cultivo, adubação adequada (fornecimento excessivo de nitrogênio favorece os pulgões e ácaros), retirada de plantas muito atacadas, manejo da irrigação, rotação de culturas e a destruição dos restos culturais. Os restos culturais devem ser retirados da área, pois neles a praga se multiplica, constituindo-se em inóculo para novos plantios. 


Figura 2. Mudas e raízes de batata-salsa

Colheita: A batata-salsa pode ser colhida com 240 a 330 dias após o plantio, ou seja, seu ciclo dura de 8 a 11 meses, dependendo da cultivar usada. Quando a planta amarelecer e as folhas mais velhas secarem, a planta está pronta para ser colhida. Atualmente, já existem cultivares mais precoces, como a Amarela de Senador Amaral, que pode ser colhida com 6 a 8 meses. Em solos soltos a batata-salsa pode ser arrancada do solo com as mãos; em solos mais compactados há necessidade de um afrouxamento do solo que pode ser feito com enxada ou enxadão. Em cultivos maiores o afrouxamento do solo para colheita pode ser feito com arrancadeiras. Deve-se tomar o cuidado para evitar ferimentos nas raízes que podem se transformar em porta de entrada para patógenos, causando podridões na fase pós-colheita. Todos os cuidados para diminuírem estes ferimentos resultam em melhoria da qualidade do produto e diminuição de perdas por deterioração. Também é importante a seleção de cultivares menos propensas ao desenvolvimento de infeções pós-colheita. A colheita da batata-salsa costuma ser feita quando a raiz atinge um diâmetro de 3 a 4 cm; raízes com diâmetro maior que 4 cm tem menor valor comercial. Se o preço estiver desfavorável, a colheita pode ser atrasada algumas semanas. O ideal para a comercialização das raízes de batata-salsa é não lavá-las, pois dessa maneira aumenta-se o período de conservação. O processo de lavagem das raízes, embora melhore a aparência, contribui para o aumento da perda de água durante o período de comercialização, pois a utilização do cilindro rotativo que provoca atrito entre as raízes danifica a película externa de proteção. Além disso, pode contaminar as raízes sadias pela água e facilitar o desenvolvimento de microrganismos, se a secagem for deficiente. Na hora de escolher as melhores raízes na feira, a Embrapa Hortaliças aconselha: as raízes mais frescas apresentam um amarelo mais intenso; evite comprar aquelas cortadas com ferimentos, áreas amolecidas ou manchas escuras; e, principalmente, dê preferência às menores, pois são mais macias. Para conservá-las por mais tempo, guarde em um recipiente bem fechado ou em saco plástico na geladeira. Dessa maneira, as raízes mais frescas duram até cinco dias. 



Para maiores informações sobre o cultivo de batata-salsa, sugerimos acessar o seguinte endereço: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioquinha/MandioquinhaSalsa/apresentacao.html
Ferreira On 4/17/2013 11:51:00 AM Comentarios

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cultivo orgânico de hortaliças-raízes: Parte II Batata-salsa ou Mandioquinha-salsa





     A batata-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) é uma planta tipicamente sul-americana, sendo o centro de origem, a região andina da Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.. A chegada de mudas trazidas da Colômbia para a Sociedade de Agricultura localizada no Rio de Janeiro em 1907, é uma das explicações mais aceitas sobre a introdução no Brasil. O seu cultivo espalhou-se pelos estados do Centro-Sul do Brasil, sendo que em cada região recebeu uma denominação distinta, como batata-salsa (Paraná e Santa Catarina), mandioquinha-salsa (São Paulo e Sul de Minas Gerais), batata-baroa (Rio de Janeiro e Zona da Mata de Minas Gerais), batata-fiuza, batata-aipo, cenoura-amarela, entre outras. As áreas de altitude elevada e clima mais ameno de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo concentram a maior parte da produção. 

     A batata-salsa pertence à família botânica das Apiaceae (antiga Umbelliferae), a mesma da cenoura, a salsa, o coentro, o aipo, o funcho, entre outras. É planta perene que raramente atinge a fase reprodutiva, pois a colheita é realizada antes do florescimento, no final do estádio vegetativo. O caule, cilíndrico e rugoso, compõe-se de uma cepa, comumente chamada de pescoço, de cuja parte superior saem ramificações curtas denominadas rebentos, filhotes ou propágulos, em número de 10 a 50, conforme a variedade e as condições ambientais, de onde nascem as folhas. Esse conjunto é chamado comumente de coroa, touça ou touceira. Da parte inferior da cepa saem as raízes tuberosas, que constituem a parte comercializável. Podem ser alongadas, cilíndricas ou cônicas, com coloração variando de branco a amarelo-intenso ou púrpura-escuro, conforme o clone. Têm película brilhante e tamanho variando até 25 cm. São produzidas em número de seis ou mais por planta. O mercado brasileiro, porém, apresenta preferência por raízes de formato cônico alongado e de coloração amarela intensa (Figura 1)



Figura 1. Hortaliça-raiz: batata-salsa ou mandioquinha-salsa


     A batata-salsa possui mercado crescente, sendo a produção abaixo da demanda, o que explica, em parte, o alto preço do produto. É considerada um produto saudável, quase orgânico, devido a rusticidade, o que vai ao encontro da crescente demanda por produtos ecológicos, com qualidade superior em termos de segurança alimentar, comparando-se àqueles produzidos convencionalmente, pela ausência de resíduos de agrotóxicos. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), é entre os meses de maio e agosto que os consumidores encontram as melhores raízes de batata-salsa no mercado, por preços mais acessíveis. 

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: Tradicionalmente, o consumo é na forma cozida pura ou de sopas e cremes e, por isso é mais utilizada no inverno. Entretanto, outras formas de preparo são particularmente saborosas, como fritas fatiadas (“chips”), com costela bovina, com frango caipira, com rabada e agrião, nhoque ao molho gorgonzola ou bolonhesa, suflês, pães doces ou salgados, rocambole com calabresa ou camarão, creme com catupiri ou requeijão e bacon, bolinhos empanados e doces, entre outras receitas. Basicamente, nas receitas que utilizam batata, cenoura e mandioca, pode-se empregar batata-salsa em substituição a essas. A batata-salsa é predominantemente usada para consumo direto. Entretanto, é crescente sua demanda como matéria-prima para indústrias alimentícias na forma de sopas, cremes, pré-cozidos, alimentos infantis (“papinhas”), fritas fatiadas ("chips"), extração de amido e processamento mínimo. Com a industrialização do produto, abre-se a oportunidade de exportação, devido à reduzida conservação pós-colheita. Sua fácil digestibilidade, seu valor energético em vista do alto teor de carboidratos, dos quais 80% é amido, aliado ao alto teor de vitamina A, cálcio, fósforo e ferro, além de outros elementos como vitaminas B1, B2, C, D, e E, potássio, silício, enxofre, cloro e magnésio, a torna ideal para dieta infantil, idosos, convalescentes e atletas. Do ponto de vista terapêutico é tida como um bom diurético. Segundo nutricionista o alto nível de fósforo (29 mg/100g) e manganês (0,22mg/100g) presentes na batata-salsa são importantes; O fósforo é importante para a manutenção do metabolismo ósseo e o manganês atua, dentre várias funções, como antioxidante. Estudos apontam uma possível correlação entre baixo consumo de manganês e agravo de sintomas da TPM, como dor e mau humor. Além disso, a batata-salsa é um dos poucos alimentos, entre as hortaliças, que contém a niacina - também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico; Quando em falta no organismo, a niacina pode provocar lesões graves no aparelho digestivo, ocasionando problemas no processo de digestão e absorção dos alimentos, podendo levar ao comprometimento do estado nutricional, e no sistema nervoso central - desde uma simples cefaleia até a demência. Os restos culturais (parte aérea da planta e raízes não comercializáveis) prestam-se ao arraçoamento animal, havendo relatos de pequenos produtores da região de Lavras de que houve aumento na produção de leite pelo fornecimento de restos de mudas. 

Cultivo: Apresenta boa adaptabilidade à locais com clima semelhante ao de sua origem. No Brasil, é tradicionalmente cultivada no Sudeste e no Sul, em regiões com altitude superior a 800m e temperatura média anual entre 15°C e 18°C. Entretanto, verifica-se seu cultivo em áreas mais baixas, na Zona da Mata mineira e em baixadas litorâneas de Santa Catarina, assim como sua expansão para o Planalto Central, no Distrito Federal e Goiás, onde a temperatura média anual supera os 20°C. Solos: Prefere solos de textura média, profundo e bem drenado. Solos muito pesados ou mal preparados determinam a produção de raízes curtas, arredondadas, assemelhando-se à batatas. Não tolera encharcamento, devendo-se utilizar solos bem drenados. Para plantios em épocas chuvosas ou solos mal drenados, normalmente, deve-se utilizar leiras mais altas, de modo a minimizar o acúmulo de água junto às plantas. Quando produzida em solos soltos de coloração clara, as raízes apresentam melhor aparência e maior vida útil na comercialização. Solos com elevados teores de matéria orgânica apresentam restrições, pois proporcionam grande desenvolvimento vegetativo, em detrimento do acúmulo de reservas e produção de raízes; Além disso, por apresentarem em geral coloração escura, esses solos podem levar à produção de raízes com manchas superficiais escurecidas que não saem com a escovação (ideal) e nem com lavação, depreciando seu aspecto visual. No caso de uso de solos com alto teor de matéria orgânica, não se deve utilizar fertilizantes nitrogenados. Época de plantio: Em regiões de clima ameno, o plantio pode ser efetuado o ano todo. Os plantios de março a junho predominam, especialmente no Sudeste, em função do maior risco de perdas devido às épocas quentes e chuvosas. Em regiões altas, as melhores épocas de plantio compreendem os meses de outubro/novembro e de fevereiro/março, em áreas que possam ser irrigadas. Os plantios realizados no verão apresentam elevado índice de apodrecimento de mudas, devido às elevadas temperaturas e precipitação e à exposição do córtex das mudas pela ação do corte realizado no ato do plantio, favorecendo as bactérias e fungos de solo. Em consequência disso, verifica-se a redução do pegamento e, consequentemente, da produtividade. Embora seja uma cultura muito resistente ao frio, o plantio em épocas muito frias pode apresentar falhas e redução de produtividade se ocorrer fortes e numerosas geadas. No estágio inicial, quando ainda não possui grande quantidade de reservas, as plantas podem esgotar-se no caso da ocorrência de muitas geadas consecutivas. Cultivares: Existem diversos clones que apresentam boa produtividade e adaptabilidade ao sistema orgânico, como a Amarela de Carandaí e a Amarela de Senador Amaral. Amarela de Senador Amaral é uma cultivar de batata-salsa desenvolvida através de seleção de clones originários de sementes botânicas coletadas no sul de Minas Gerais, oriundas do material tradicionalmente cultivado. Esta cultivar vem sendo avaliada desde 1993 pela Embrapa Hortaliças, por produtores rurais e Instituições de Pesquisa e Extensão rural de diversos Estados brasileiros. Dentre as vantagens observadas em relação ao material tradicionalmente cultivado no país, destacam-se a alta produtividade de raízes comerciais (superior a 25 t/ha), com qualidade superior, a coloração de polpa amarela intensa, a precocidade de colheita e arquitetura de planta ereta, mantendo-se as características peculiares do material tradicionalmente cultivado, como o aroma típico e o sabor adocicado. Propagação e preparo das mudas: a propagação é feita através de filhotes ou rebentos, o que origina os clones. O preparo das mudas começa logo após a colheita, destacando os rebentos da coroa e fazendo uma seleção daqueles mais vigorosos e saudáveis. O ideal é que o produtor selecione as melhores plantas quanto à produtividade e resistência às pragas e doenças, em cada cultivo, para retirar as mudas. Deve-se utilizar apenas mudas provenientes de plantas sadias, principalmente, sem nematoides e fungos do solo, para evitar a contaminação da área de cultivo. Preferencialmente, devem-se usar mudas juvenis, ou seja, mudas ainda vigorosas e, em pleno desenvolvimento. Como a distribuição dos filhotes na touceira não é uniforme, deve-se utilizar filhotes com idades fisiológicas semelhantes, ou seja, de acordo com o tamanho da reserva dos propágulos. As melhores mudas são aquelas obtidas e plantadas logo após a sua separação da planta (Figura 2). Para conservação das mudas, entre a colheita e o plantio subsequente, deve-se manter as touceiras, sem que se destaque os perfilhos. As touceiras devem ser mantidas à sombra, após retiradas as raízes e as folhas, quando presentes, mantendo a base da planta em contato com o solo e irrigando-se duas vezes por semana. O preparo inicial das mudas consiste do destaque dos perfilhos e lavagem por imersão ou em água corrente para retirada do excesso de impurezas. O tratamento fitossanitário dos filhotes, após o destaque da planta mãe, é uma prática indispensável; recomenda-se sua imersão por 5 a 10 minutos em solução de água sanitária comercial, pela ação do cloro ativo, na proporção de 1L de água sanitária para 9l de água (considerando-se o teor médio de 2,2% de hipoclorito de sódio), seguida de secagem à sombra. Após a secagem dos filhotes tratados, efetua-se o preparo das mudas que consiste em efetuar corte em bisel (em ângulo inclinado), de modo a aumentar a área de enraizamento. Deve-se usar ferramenta afiada e lâmina chata, que corte o filhote sem rachá-lo. Recomendam-se estiletes ou lâminas de serra bem afiadas no esmeril. O corte bem efetuado sem que o filhote lasque, proporciona uma melhor inserção de raízes na cepa da planta, ou seja, as cicatrizes após o destaque das raízes ficam reduzidas, facilitando o destaque na colheita e aumentando sua conservação pós-colheita. Em mudas mal cortadas ou “lascadas”, é comum observar-se o crescimento desigual de raízes nas plantas e raízes com grandes cicatrizes causadas pelo destaque. Pré-enraizamento em canteiros (viveiros): A técnica consiste basicamente em promover o enraizamento delas em canteiros devidamente preparados, sob elevada densidade de plantio, distantes 5 a 10 cm entre si, por cerca de 45 a 60 dias, para, então, realizar o transplantio para o local definitivo. Os canteiros para pré-enraizamento, por vezes chamados de viveiros, devem possuir solo leve, com cerca de 20 cm de altura e largura em torno de 1m. O preparo da muda é semelhante ao realizado para o plantio convencional, devendo o corte ser feito em bisel, isto é, em ângulo inclinado, de modo a aumentar a área de enraizamento, usando-se ferramenta afiada e lâmina chata, cortando-se a muda sem rachá-la. A diferença no corte é que a quantidade de reserva pode ser menor, com até 1cm. Com o pré-enraizamento consegue-se lavouras mais uniformes e mais vigorosas. É interessante o uso de cobertura morta com palhada sem semente, especialmente necessária para a base dos perfilhos, pois esses apresentam grande propensão ao ressecamento devido ao corte na parte superior. Quanto à época, o plantio pode ser efetuado o ano todo em regiões de clima ameno. Para o sucesso desta técnica, recomenda-se que os filhotes sejam destacados de touceiras de plantas sadias, que ainda não perderam a folhagem, com no máximo 10 meses de idade e, cortados em bisel, por lâmina fina e bem afiada. O ideal é utilizar uma área de plantio destinada unicamente para a produção de mudas, independente da área de produção comercial. O pré-enraizamento de mudas apresenta as seguintes vantagens em relação ao plantio convencional: Maximização do índice de pegamento; redução de custos com tratos culturais, com maior controle da fase inicial da produção - 150 a 400 m2 de viveiro (canteiros de pré-enraizamento) para 1 ha de plantio; eliminação da ocorrência de florescimento precoce no campo definitivo; possibilidade de seleção apurada de mudas; uniformização da colheita devido ao estresse causado à muda por ocasião do transplantio e possibilidade de escalonamento da produção. Preparo do solo: O solo deve ser preparado através de aração e gradagem seguidas pelo plantio em leiras, em nível, para maior facilidade de colheita, o que constitui também uma excelente prática conservacionista. No sistema orgânico de produção de batata-salsa deve-se evitar a mobilização excessiva e compactação do solo. O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em aração, gradagem e levantamento das leiras. Nos anos subsequentes evitar, na medida do possível, o uso de enxada rotativa e outros implementos que causem degradação excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo de solo com mecanização reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura morta ou verde. Plantio e espaçamento: Há diferentes métodos de plantio: diretamente no local definitivo (plantio convencional) ou com o pré-enraizamento em canteiros (viveiros) ou com o pré-enraizamento em água. O plantio convencional é feito diretamente no local definitivo no centro das leiras (camalhões), devendo as mudas serem enterradas no topo das leiras, à uma profundidade de 5 a 10 cm para não ficarem expostas à medida que a água de irrigação vai “acamando” a leira. O plantio convencional é realizado diretamente no local definitivo, usando-se mudas com a brotação cortada e grande tamanho de reserva (2 a 3 cm). As leiras, com cerca de 15 a 30 cm de altura, devem ser levantadas com espaçamento de um metro entre si e de 30 a 40 centímetros entre plantas, de acordo com a variedade, o local e a época de plantio. Deve-se evitar condição de fechamento excessivo da lavoura em épocas chuvosas, aumentando-se o espaçamento. Os clones de raízes brancas, extremamente viçosos, exigem espaçamento maior, no mínimo de 1m entre leiras e 50cm entre plantas. Esse espaçamento mais largo que o convencional, auxilia na redução da umidade interna da lavoura, minimizando problemas com mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum. Adubação orgânica: preferencialmente, deve-se adubar com composto orgânico no sulco (metade da quantidade), por ocasião do plantio, e o restante em cobertura, cerca de 120 dias após o plantio, conforme recomendação baseada na análise do solo e do adubo orgânico. Irrigação: Tendo em vista que a cultura é relativamente tolerante à seca, comparativamente a outras hortaliças, muitos produtores não utilizam a prática da irrigação. Contudo, em casos de adversidades climáticas, a produtividade é comprometida e o risco de insucesso, elevado. Apesar da tolerância moderada, a cultura responde favoravelmente às condições de boa disponibilidade de água no solo, o que torna a irrigação uma prática fundamental para produtores que têm como objetivo a obtenção de altas produtividades. A cultura necessita de fornecimento regular de água, em todo o seu ciclo. A produtividade pode ser severamente afetada pelo excesso de água, que reduz a aeração do solo e favorece maior incidência de doenças e lixiviação de nutrientes. Irrigações em excesso, notadamente em solos com problemas de drenagem, ocasionam maior incidência de doenças de solo, como podridão-de-esclerotínia e podridão-de-esclerócium e, principalmente, podridão-mole, causada por bactérias do gênero Erwinia. A cultura pode ser irrigada por diferentes sistemas de irrigação (aspersão e infiltração), sendo a aspersão o mais empregado, em função do baixo custo e de maior facilidade para ser utilizado em áreas com diferentes topografias, tipos de solo, tamanhos e geometrias. Capinas: manter limpo a linha de cultivo sobre as leiras, deixando crescer a vegetação espontâneas nas entrelinhas. Amontoa: Periodicamente, se necessário, deve-se refazer as leiras, chegando terra junto às plantas, de forma que as raízes permaneçam cobertas. Manejo de pragas e doenças: A cultura, em geral, não apresenta problemas com pragas e doenças, no sistema orgânico. No entanto, pode ocorrer o ataque de fungos do solo como a Murcha causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum que provoca o apodrecimento das raízes e o amarelecimento e murcha da parte áerea, podendo ocorrer por ocasião do transporte e armazenamento das raízes. A disseminação da doença ocorre, principalmente, pela dispersão dos escleródios junto a material propagativo retirado de campos infectados, assim como pelo trânsito de máquinas, ferramentas e animais de campos contaminados para áreas sadias. O manejo da doença deve começar pela utilização de mudas sadias. Quando a doença se manifesta, recomenda-se arrancar a planta doente juntamente com a terra da cova, eliminando da área de plantio e, aproveitando na composteira. A rotação de culturas, com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e, o plantio de leguminosas são práticas que ajudam a desinfestar um solo atacado pelo fungo, porque quebra o ciclo de vida do mesmo. A escolha de áreas com boa drenagem e irrigação adequada, são medidas que desfavorecem o fungo. A Podridão das Raízes ou Podridão-mole é outra doença que pode ocorrer na batata-salsa, sendo o principal agente causal as bactérias do gênero Erwinia, principalmente na pós-colheita. Os sintomas iniciais da doença são depressões de aspecto encharcado nas raízes, causando posterior decomposição dos tecidos e odor característico e desagradável. A bactéria é extremamente dependente de umidade, portanto, a escolha de local com boa drenagem é de suma importância, devendo-se evitar áreas de baixada. Plantios em locais ou épocas mais úmidas devem utilizar leiras mais altas, com 35 a 40 cm. Espaçamentos mais largos podem ser úteis na manutenção de um microclima mais arejado, visando a desfavorecer a doença. A irrigação deve ser cuidadosa, sem molhamento excessivo. O próprio corte em bisel efetuado no plantio pode ser porta de entrada para o ataque da bactéria. Outras pragas e doenças, como a broca e os nematóides, podem causar ferimentos que abrem caminho para a infecção pela Erwinia. Também ferramentas ou implementos nas operações de capina podem causar ferimentos por onde a bactéria se instala. No campo, as plantas atacadas devem ser arrancadas, postas em sacos, retiradas da área e aproveitadas na compostagem. Na colheita e na pós-colheita, deve-se ser cuidadoso, de modo a minimizar a ocorrência de microferimentos. Provavelmente, os nematóides são os maiores causadores de danos à batata-salsa e também de outras espécies que pertencem a mesma família botânica. A rotação de culturas com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e nematóides (espécies não pertencentes à família botânica das Apiaceas tais como a cenoura, salsa, coentro e aipo), especialmente as leguminosas ajudam a desinfestar um solo atacado por fungo e contribuem para o manejo de nematoides, principalmente a Crotalária spectabilis (efeito alelopático). Para o manejo de pragas, deve-se utilizar as medidas preventivas tais como: seleção do material de cultivo, adubação adequada (fornecimento excessivo de nitrogênio favorece os pulgões e ácaros), retirada de plantas muito atacadas, manejo da irrigação, rotação de culturas e a destruição dos restos culturais. Os restos culturais devem ser retirados da área, pois neles a praga se multiplica, constituindo-se em inóculo para novos plantios. 


Figura 2. Mudas e raízes de batata-salsa

Colheita: A batata-salsa pode ser colhida com 240 a 330 dias após o plantio, ou seja, seu ciclo dura de 8 a 11 meses, dependendo da cultivar usada. Quando a planta amarelecer e as folhas mais velhas secarem, a planta está pronta para ser colhida. Atualmente, já existem cultivares mais precoces, como a Amarela de Senador Amaral, que pode ser colhida com 6 a 8 meses. Em solos soltos a batata-salsa pode ser arrancada do solo com as mãos; em solos mais compactados há necessidade de um afrouxamento do solo que pode ser feito com enxada ou enxadão. Em cultivos maiores o afrouxamento do solo para colheita pode ser feito com arrancadeiras. Deve-se tomar o cuidado para evitar ferimentos nas raízes que podem se transformar em porta de entrada para patógenos, causando podridões na fase pós-colheita. Todos os cuidados para diminuírem estes ferimentos resultam em melhoria da qualidade do produto e diminuição de perdas por deterioração. Também é importante a seleção de cultivares menos propensas ao desenvolvimento de infeções pós-colheita. A colheita da batata-salsa costuma ser feita quando a raiz atinge um diâmetro de 3 a 4 cm; raízes com diâmetro maior que 4 cm tem menor valor comercial. Se o preço estiver desfavorável, a colheita pode ser atrasada algumas semanas. O ideal para a comercialização das raízes de batata-salsa é não lavá-las, pois dessa maneira aumenta-se o período de conservação. O processo de lavagem das raízes, embora melhore a aparência, contribui para o aumento da perda de água durante o período de comercialização, pois a utilização do cilindro rotativo que provoca atrito entre as raízes danifica a película externa de proteção. Além disso, pode contaminar as raízes sadias pela água e facilitar o desenvolvimento de microrganismos, se a secagem for deficiente. Na hora de escolher as melhores raízes na feira, a Embrapa Hortaliças aconselha: as raízes mais frescas apresentam um amarelo mais intenso; evite comprar aquelas cortadas com ferimentos, áreas amolecidas ou manchas escuras; e, principalmente, dê preferência às menores, pois são mais macias. Para conservá-las por mais tempo, guarde em um recipiente bem fechado ou em saco plástico na geladeira. Dessa maneira, as raízes mais frescas duram até cinco dias. 



Para maiores informações sobre o cultivo de batata-salsa, sugerimos acessar o seguinte endereço: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioquinha/MandioquinhaSalsa/apresentacao.html

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