quinta-feira, 5 de maio de 2011



   Em regiões de clima tropical e subtropical, predominantes no Brasil, o preparo do solo com arado, grade e outros equipamentos e, principalmente com rotativa, acelera a decomposição (quebra em partes menores pelos microrganismos do solo) da matéria orgânica em quantidades maiores do que a reposição, proporcionando, em conseqüência, a diminuição dos rendimentos das culturas ao longo do tempo. Além disso, a intensidade e freqüência de chuvas predominante nestes climas, associada aos declives dos terrenos, causam perdas de solo (erosão) das camadas mais férteis, maiores do que a regeneração natural, resultando em degradação química (nutrientes utilizados pelas plantas), física e biológica. Em outras palavras, o arado e outros implementos utilizados no preparo do solo não combinam com o uso sustentável da terra no Brasil. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são importados. As causas da degradação do solo, em geral, estão relacionadas aos prejuízos que causam aos organismos vivos. Tanto a degradação quanto a regeneração do solo são processos lentos que ocorrem no decorrer de alguns anos. Dentre as opções para a regeneração da fertilidade e da vida do solo destacam-se: adubação orgânica, adubação verde, cultivo e manejo de plantas de cobertura (viva ou morta), rotação e consorciação de culturas, plantio direto, cultivo mínimo (Figura 1 e 2) e outras práticas que previnem a erosão do solo.
O que é adubação verde e como utilizá-las em consórcio com as hortaliças?
   Adubação verde, uma das maneiras de cultivar e tratar bem o solo, é uma técnica agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão e até em consórcio com culturas de interesse econômico. No cultivo em rotação, o adubo verde pode ser incorporado ao solo após a roçada para posterior plantio da cultura de interesse econômico, ou mantido em cobertura sobre a superfície do terreno, fazendo-se o plantio direto da cultura na palhada. A manutenção da palhada na superfície retarda a germinação das sementes de plantas espontâneas (inços), ao passo que a sua incorporação ao solo tende a fornecer os nutrientes mais rapidamente para a cultura em sucessão. A principal desvantagem da adubação verde ocorre em pequenas propriedades, pois torna-se difícil manter o terreno coberto por um longo período de tempo com estas espécies no lugar das culturas econômicas. Neste caso, uma boa opção é utilizá-las em consórcio com as culturas econômicas. Por exemplo: cultivo mínimo (abertura do sulco e plantio/semeadura) de repolho (Figura 1), couve flor,tomate tutorado (Figura 2), milho e outras no final do inverno, em área semeada com aveia, ervilhaca ou nabo forrageiro, em plantio solteiro ou consorciado, no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que competiam com as culturas é realizada apenas na linha de plantio, sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes ou quando necessário é feito a roçada. As plantas espontâneas ("inços" ou "mato"), com excessão de algumas muito agressivas, também podem ser utilizadas como adubos verdes e cobertura do solo, em consorciação com as culturas.
Figura 1. Cultivo mínimo (abertura do sulco) de repolho no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca + nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o repolho é realizada apenas na linha de plantio (faixa de 20cm), sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes.
 
Figura 2. Cultivo mínimo (abertura do sulco) de tomate tutorado no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca + nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o tomate é realizada apenas na linha de plantio, sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes.

. Manejo de plantas espontâneas ("mato")
As plantas de cobertura do solo, tradicionalmente, têm sido utilizadas para conservação do solo e suprimento de nitrogênio, através das leguminosas. Atualmente estas plantas tem despertado interesse também no manejo de plantas espontâneas. Áreas infestadas por tiririca ou junca (Cyperus rotundus) , planta indicadora de solo ácido, compactado e com carência em magnésio (Mg) podem ser melhoradas com o cultivo de plantas de cobertura tais como feijão miúdo, feijão de porco e mucuna preta. As plantas de cobertura exercem importante papel na conservação do solo, no suprimento de nutrientes como o nitrogênio, no equilíbrio das propriedades do solo e no manejo de plantas espontâneas. As plantas de cobertura afetam diretamente a germinação das sementes e o crescimento das plantas espontâneas, podendo, quando a cobertura do solo estiver acima de 90% reduzir o número de plantas espontâneas em até 75%.
Especificamente para o manejo de plantas espontâneas, não existe uma espécie ideal. Cada espécie se adapta dentro de determinado sistema de manejo. No entanto, existem alguns critérios básicos relacionados a seguir, que devem ser levados em consideração quando da escolha da espécie. As plantas de cobertura, especialmente para o manejo de plantas espontâneas, devem apresentar as seguintes características: apresentar rápido crescimento inicial e eficiente cobertura do solo; produção de elevada quantidade de massa verde e massa seca; facilidade de implantação e condução a campo; resistência às pragas e doenças, não comportando-se como planta hospedeira; apresentar sistema radicular profundo e bem desenvolvido; as espécies devem ser de fácil manejo (acamamento) para implantação dos cultivos de sucessão; não devem comportar-se como invasoras, dificultando o cultivo de culturas de sucessão.

Principais benefícios das plantas de cobertura do solo: proteção contra a erosão (perda do solo), e, diminuição da lixiviação (lavagem) de nutrientes; melhoria do solo, com maior infiltração e retenção de água; promove acréscimos de matéria verde e seca, mantendo ou até mesmo elevando o teor de matéria orgânica do solo; reduz as oscilações de temperaturas das camadas superficiais do solo e diminui a evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as culturas; pela grande produção de raízes, rompe camadas compactadas e promove a aeração beneficiando os organismos benéficos do solo; promove mobilização e reciclagem de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo, não aproveitados pelos cultivos; reduz a população de plantas espontâneas, em função do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes; aumento da disponibilidade de macro e micronutrientes e ainda diminui a acidez do solo. As vantagens das plantas de cobertura do solo não param por aí! também reduzem pragas e doenças nos cultivos quando utilizada em rotação de culturas, e, em consorciação, podem servir de abrigo para os inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam os cultivos.

 
Ferreira On 5/05/2011 04:46:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Manejo de plantas de cobertura do solo consorciadas com hortaliças



   Em regiões de clima tropical e subtropical, predominantes no Brasil, o preparo do solo com arado, grade e outros equipamentos e, principalmente com rotativa, acelera a decomposição (quebra em partes menores pelos microrganismos do solo) da matéria orgânica em quantidades maiores do que a reposição, proporcionando, em conseqüência, a diminuição dos rendimentos das culturas ao longo do tempo. Além disso, a intensidade e freqüência de chuvas predominante nestes climas, associada aos declives dos terrenos, causam perdas de solo (erosão) das camadas mais férteis, maiores do que a regeneração natural, resultando em degradação química (nutrientes utilizados pelas plantas), física e biológica. Em outras palavras, o arado e outros implementos utilizados no preparo do solo não combinam com o uso sustentável da terra no Brasil. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são importados. As causas da degradação do solo, em geral, estão relacionadas aos prejuízos que causam aos organismos vivos. Tanto a degradação quanto a regeneração do solo são processos lentos que ocorrem no decorrer de alguns anos. Dentre as opções para a regeneração da fertilidade e da vida do solo destacam-se: adubação orgânica, adubação verde, cultivo e manejo de plantas de cobertura (viva ou morta), rotação e consorciação de culturas, plantio direto, cultivo mínimo (Figura 1 e 2) e outras práticas que previnem a erosão do solo.
O que é adubação verde e como utilizá-las em consórcio com as hortaliças?
   Adubação verde, uma das maneiras de cultivar e tratar bem o solo, é uma técnica agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão e até em consórcio com culturas de interesse econômico. No cultivo em rotação, o adubo verde pode ser incorporado ao solo após a roçada para posterior plantio da cultura de interesse econômico, ou mantido em cobertura sobre a superfície do terreno, fazendo-se o plantio direto da cultura na palhada. A manutenção da palhada na superfície retarda a germinação das sementes de plantas espontâneas (inços), ao passo que a sua incorporação ao solo tende a fornecer os nutrientes mais rapidamente para a cultura em sucessão. A principal desvantagem da adubação verde ocorre em pequenas propriedades, pois torna-se difícil manter o terreno coberto por um longo período de tempo com estas espécies no lugar das culturas econômicas. Neste caso, uma boa opção é utilizá-las em consórcio com as culturas econômicas. Por exemplo: cultivo mínimo (abertura do sulco e plantio/semeadura) de repolho (Figura 1), couve flor,tomate tutorado (Figura 2), milho e outras no final do inverno, em área semeada com aveia, ervilhaca ou nabo forrageiro, em plantio solteiro ou consorciado, no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que competiam com as culturas é realizada apenas na linha de plantio, sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes ou quando necessário é feito a roçada. As plantas espontâneas ("inços" ou "mato"), com excessão de algumas muito agressivas, também podem ser utilizadas como adubos verdes e cobertura do solo, em consorciação com as culturas.
Figura 1. Cultivo mínimo (abertura do sulco) de repolho no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca + nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o repolho é realizada apenas na linha de plantio (faixa de 20cm), sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes.
 
Figura 2. Cultivo mínimo (abertura do sulco) de tomate tutorado no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca + nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o tomate é realizada apenas na linha de plantio, sendo as entrelinhas mantidas com os adubos verdes.

. Manejo de plantas espontâneas ("mato")
As plantas de cobertura do solo, tradicionalmente, têm sido utilizadas para conservação do solo e suprimento de nitrogênio, através das leguminosas. Atualmente estas plantas tem despertado interesse também no manejo de plantas espontâneas. Áreas infestadas por tiririca ou junca (Cyperus rotundus) , planta indicadora de solo ácido, compactado e com carência em magnésio (Mg) podem ser melhoradas com o cultivo de plantas de cobertura tais como feijão miúdo, feijão de porco e mucuna preta. As plantas de cobertura exercem importante papel na conservação do solo, no suprimento de nutrientes como o nitrogênio, no equilíbrio das propriedades do solo e no manejo de plantas espontâneas. As plantas de cobertura afetam diretamente a germinação das sementes e o crescimento das plantas espontâneas, podendo, quando a cobertura do solo estiver acima de 90% reduzir o número de plantas espontâneas em até 75%.
Especificamente para o manejo de plantas espontâneas, não existe uma espécie ideal. Cada espécie se adapta dentro de determinado sistema de manejo. No entanto, existem alguns critérios básicos relacionados a seguir, que devem ser levados em consideração quando da escolha da espécie. As plantas de cobertura, especialmente para o manejo de plantas espontâneas, devem apresentar as seguintes características: apresentar rápido crescimento inicial e eficiente cobertura do solo; produção de elevada quantidade de massa verde e massa seca; facilidade de implantação e condução a campo; resistência às pragas e doenças, não comportando-se como planta hospedeira; apresentar sistema radicular profundo e bem desenvolvido; as espécies devem ser de fácil manejo (acamamento) para implantação dos cultivos de sucessão; não devem comportar-se como invasoras, dificultando o cultivo de culturas de sucessão.

Principais benefícios das plantas de cobertura do solo: proteção contra a erosão (perda do solo), e, diminuição da lixiviação (lavagem) de nutrientes; melhoria do solo, com maior infiltração e retenção de água; promove acréscimos de matéria verde e seca, mantendo ou até mesmo elevando o teor de matéria orgânica do solo; reduz as oscilações de temperaturas das camadas superficiais do solo e diminui a evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as culturas; pela grande produção de raízes, rompe camadas compactadas e promove a aeração beneficiando os organismos benéficos do solo; promove mobilização e reciclagem de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo, não aproveitados pelos cultivos; reduz a população de plantas espontâneas, em função do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes; aumento da disponibilidade de macro e micronutrientes e ainda diminui a acidez do solo. As vantagens das plantas de cobertura do solo não param por aí! também reduzem pragas e doenças nos cultivos quando utilizada em rotação de culturas, e, em consorciação, podem servir de abrigo para os inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam os cultivos.

 
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