domingo, 27 de fevereiro de 2011



   A beterraba (Beta vulgaris), planta originária da Europa, pertence à família das chenopodiaceae, assim como a acelga e o espinafre. A parte comestível é uma raiz tuberosa que possui uma típica coloração vermelho-escuro devido ao pigmento antocianina, que também ocorre nas nervuras e no pecíolo das folhas. Além do açúcar, a beterraba apresenta valor nutricional muito rico em vitaminas do complexo B e sais minerais como ferro, cobre, sódio, potássio e zinco. É recomendada para tratamento de anemia, prisão de ventre e problemas de rins. Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de beterraba (sem agroquímicos) é fundamental para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resultados insatisfatórios,ou seja,com resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. A beterraba foi uma das mais contaminadas por agrotóxicos, apresentando 32% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que a beterraba, praticamente, não tem problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes e, mostram que a aplicação dos agrotóxicos, além de desnecessários, aumentam o custo e, o que é pior, não são autorizados para a cultura, aumentando o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores, além de contaminar o meio ambiente.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. Produz melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, bem drenados, leves e soltos (areno-argilosos, franco arenosos e turfosos). É exigente em nitrogênio e potássio e sensível a acidez (produz melhor no pH 6,0 a 6,8). 
.Épocas de plantio e cultivares: é típica de climas temperados, exigindo temperaturas amenas ou frias para produzir bem. A faixa de temperatura ideal para o crescimento é de 10 a 20ºC e apresenta resistência ao frio e a geadas leves. Temperaturas altas induz a formação de anéis claros na raiz, depreciando o produto. Recomenda-se o plantio das mudas ou semeadura direta no outono, inverno e primavera, no Litoral. Durante o verão, não é recomendado o cultivo porque ocorre a destruição prematura da parte aérea causado por doenças fúngicas. As cultivares mais plantadas são: Early Wonder, Early Wonder Tall Top e Wonder Precoce. 
.Sistemas de cultivo: é cultivada em dois sistemas - semeadura direta e plantio por mudas. Ao contrário de outras tuberosas, se adapta bem ao transplante, sistema mais utilizado no Brasil. A semeadura direta predomina na maioria dos países, sendo utilizada no Brasil, somente por grandes produtores. Nesse sistema semeia-se em sulcos, à profundidade de 1,5 a 2,5 cm, deixando-se cair um a dois glomérulos ("sementes") a cada 5 cm. Desbastar o excesso de plantas deixando-as espaçadas de 10 a 15 cm. A vantagem do sistema é a redução nos custos, produção maior e mais precoce (20 a 30 dias) e, menos danos nas raízes. Como desvantagem em relação ao plantio por mudas é o maior gasto com sementes e a necessidade de desbaste. 
.Produção de mudas: as mudas podem ser produzidas em sementeiras e, em bandejas de isopor.
.Preparo do solo e do canteiro: no preparo do canteiro (1,10m de largura e 15 a 20 cm de altura), recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes do plantio, e construção dos canteiros com um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator.
.Adubação de plantio: a adubação deve ser feita com base na análise do solo e do adubo orgânico. Se necessário, recomenda-se fosfato natural (fósforo) aplicado com antecedência e cinzas de madeira (potássio).
.Transplante das mudas, espaçamento e desbaste: as mudas devem ser transplantadas com 20 a 30 dias após a semeadura (5 a 6 folhas). Espaçamento: 30 a 40 cm entre linhas por 10 a 15 cm entre plantas. Desbaste: a "semente" da beterraba é um glomérulo que possui 2 a 4 sementes verdadeiras. Recomenda-se aproveitar as melhores mudas descartadas no desbaste, para o posterior plantio no canteiro. 
.Irrigação: a falta de água durante o ciclo da cultura torna as raízes lenhosas e reduz a produtividade. As rachaduras nas raízes, próximo a colheita, está ligado a falta ou excesso de água, agravado com a deficiência de boro e/ou de cálcio. Recomenda-se o uso da irrigação por aspersão. Deve-se realizar irrigações leves e freqüentes, sempre pela manhã, para evitar que as plantas permaneçam molhadas durante a noite. 
.Manejo de plantas espontâneas e adubação de cobertura : a competição das plantas espontâneas com a cultura ocorre da germinação, até os primeiros 40 dias após o transplante, quando deve-se fazer capinas manuais. Por ocasião da 1ª capina, faz-se adubação de cobertura, sendo a 2ª, 20 dias após a 1ª. 
.Manejo de doenças e pragas: são poucas as doenças e pragas que atacam a cultura da beterraba, por isso, praticamente, são desnecessários tratamentos fitossanitários. Dentre as doenças destacam-se: a mancha das folhas e a sarna. Dentre as pragas, a vaquinha, especialmente no início do desenvolvimento, pode causar algum dano na parte aérea da cultura. A Manchas das folhas (Cercospora beticola) é causada por um fungo, provocando uma destruição prematura das folhas e redução do rendimento, além de impedir, também, a comercialização das raízes na forma de maços. Manejo: evitar plantio em locais úmidos e pouco ventilados; rotação de culturas e suspender a irrigação por aspersão; A Sarna (Streptomyces scabies) é uma doença bacteriana semelhante a que ocorre na cultura da batata, apresentando manchas ásperas na superfície das raízes, depreciando o produto para o comércio. Manejo: rotação de culturas ; uso de sementes sadias; manter o pH do solo entre 6,0 e 6,8 e manter a umidade do solo constante. Vaquinha (Diabrotica speciosa ): os adultos comem as folhas, podendo causar algum dano no início do desenvolvimento da cultura. Manejo: usar iscas atrativas, como a raiz do tajujá, porongo, ou abobrinha caserta. 
.Colheita: a beterraba atinge o seu ponto de maturação com aproximadamente 70 a 90 dias após a semeadura direta e o transplante, respectivamente. O consumidor mais exigente quer uma beterraba mais nova, isto é, que seja colhida com 8 a 10 cm de diâmetro e 6 a 7 cm de comprimento pesando em torno de 250 gramas. As beterrabas devem ser arrancadas, manualmente, lavadas com água corrente e secadas. Após a lavagem do produto faz-se a classificação das raízes pelo tamanho. Nas feiras e quitandas comercializam-se beterrabas em maços (Figura 1) contendo 4 beterrabas amarradas (em torno de 1,0 kg) com folhas sadias. A forma mais comum da comercialização da beterraba no atacado é em caixas de 25 kg.
Figura 1. Uma das formas de comercialização de beterrabas é através de maços, ou seja, as raízes são comercializadas com a folhagem. A beterraba, recomendada especialmente para anemia, pois é rica em ferro, produz muito bem no cultivo orgânico.

 
Ferreira On 2/27/2011 12:19:00 PM 15 comments LEIA MAIS

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



  Numa horta orgânica deve-se reservar espaço para as principais espécies de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. A natureza foi a primeira farmácia da humanidade. As medicinais proporcionam ao organismo humano sais minerais, ajudam a eliminar toxinas, limpando o sangue de impurezas e tonificando o estômago, os intestinos, os rins e o coração. Além das propriedades terapêuticas, algumas são importantes no manejo de pragas e doenças de hortaliças. Obs.: o uso de plantas medicinais tem que ser feito com critério, pois não fazem milagres e podem levar à intoxicação de pessoas que desconhecem as precauções e as contra-indicações. Às vezes imagina-se que por ser natural, faz bem à saúde, mas a ignorância sobre os efeitos desejados pode ser desastrosa. Por isso, as propriedades medicinais são apenas referências e não recomendações. Não se automedique. Procure sempre um médico especialista. .Cultivo: as plantas medicinais produzem melhor quando recebem adequado suprimento de água e nutrientes. Quanto à nutrição da planta, em geral, um solo com bom teor de matéria orgânica é o ideal.
   Recomenda-se preferencialmente o composto orgânico (2k/m2) ou esterco curtido de gado (5kg/m2) ou de aves (2kg/m2). Certas espécies não toleram solos ácidos necessitando que seja feita a calagem (aplicação de calcário) baseada na análise de solo. A maioria das espécies desenvolve-se melhor no verão. 
.Cuidados na coleta de plantas: identificar a espécie de planta certa e as partes utilizadas; utilizar plantas bem desenvolvidas e com aspecto sadio; fazer a colheita no período da manhã e em dias secos, realizando a secagem em local limpo, arejado e à sombra; após a secagem, armazenar as plantas em recipientes limpos esterilizados e em local arejado, escuro e livre de insetos, ratos, mofo e poeira. Cada planta deve ser acondicionada em embalagem própria, devidamente identificada.
.Modo de preparo: para que esteja própria para consumo, deve estar livre de fungos (mofos, bolores), pois esses alteram os teores do princípio ativo e podem provocar intoxicações. As plantas medicinais são constituídas por princípios ativos responsáveis por sua ação terapêutica, desencadeando diversas reações nos organismos vivos (vegetais, animais e nos seres humanos). Não é recomendável misturar várias plantas. O uso inadequado poderá provocar efeitos indesejáveis. As medicinais são utilizadas para preparar chás, sucos e algumas até saladas. As formas mais comuns para o preparo dos chás são a infusão (folhas, flores e frutos moles) e a decocção (raiz, caule, cascas, frutos secos, cipós e sementes).O preparo dos chás através de infusão consiste em despejar água fervente sobre a erva e abafar. O preparado é deixado em repouso durante 10 a 15 minutos e, em seguida, coado e servido. O preparo dos chás através de decocção consiste em ferver a planta inteira com água por uns 5 a 15 minutos e, em seguida, tapar. Coar antes de servir. Obs.: o chá deve ser consumido, no máximo, 24 horas após o preparo, mesmo mantido em geladeira, pois ocorrem reações químicas que transformam os princípios ativos em outras substâncias prejudiciais à saúde.
.Dosagem: a utilização da mesma espécie de planta não deve ultrapassar um período maior que 15 dias. quando houver necessidade de uso mais prolongado, devem ser feitos intervalos de uma semana para que o organismo possa responder aos estímulos. É preciso acrescentar que, mesmo preparados adequadamente, a maioria dos chás são prejudiciais à saúde se consumidos em excesso ou se estiverem muito concentrados. Normalmente são recomendadas as seguintes quantidades: Planta verde - 20g (3 a 4 colheres de sopa) de planta picada em 1L de água; Planta seca - 10g (5 colheres de sopa) de planta picada em 1L de água.
.Usos e propagação de algumas plantas medicinais, condimentares e aromáticas
Sálvia: as folhas, na forma de chá, são indicadas como antinflamatória, digestiva, gripes, resfriados, febres, gases intestinais, estimulante dos nervos, cólicas menstruais, antiabortiva, deficiências cardíacas, regula a tensão arterial e fortalece o útero. A planta é propagada por sementes e estacas. A planta é utilizada também como repelente das borboletas que põem ovos nas folhas, originando as lagartas que atacam o repolho, couve, couve-flor e brócolis. Pode ser utilizada na forma de preparado: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente as plantas atacadas pelas lagartas.
Coentro : as folhas, na forma de chá, são indicadas como estimulante, fortifica o estômago, prisão de ventre, vermífugo e febre. É uma planta utilizada também como condimento. É propagada por sementes. coentro, consorciado com o tomateiro, reduz os danos da traça do tomate e, atrai os inimigos naturais de pragas de várias culturas. A planta também é eficiente no manejo de ácaros e pulgões, na forma de preparado: cozinhar folhas de coentro em 2L de água. Para pulverizar sobre as plantas, acrescentar água.
SÁLVIA E COENTRO
Alho: indicado contra hipertensão, arterioesclerose, ácido úrico, picadas de inseto, diurético, expectorante, antigripal, febrífugo, desinfetante, antinflamatório, antibiótico, antisséptico e vermífugo. O alho também é eficiente no manejo de tripes, pulgões, lagarta do cartucho do milho e doenças (podridão negra, ferrugem e alternaria). O alho é um antibiótico natural, inibidor ou repelente de parasitas de plantas ou animais. Modo de preparar: moer 100g de alho e deixar em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. Dissolver, à parte, 10g de sabão em 0,5 L de água. Misturar todos os ingredientes, filtrar e, diluí-lo em 10 litros de água. 
Hortelã: as folhas e hastes, na forma de chá, são indicadas como digestiva, antiespasmódica, calmante, gripe, antisséptica, descongestionante das vias respiratórias e vermífuga. É propagada através de rizomas. A hortelã, além de planta medicinal, aromática e servir como condimento, atua como repelente a mosquitos, formigas, ratos, piolhos e pulgas, borboleta da couve e mosca-branca que ataca as hortaliças em geral.
HORTELÃ
Arruda: as folhas, na forma de chá, são indicadas como vermífuga, gases intestinais, cólicas menstruais, digestiva, calmante dos nervos e dor de cabeça. É propagada por sementes. A arruda também atua como repelente a formigas, traça e outros roedores e mosca-branca que ataca hortaliças em geral.
Camomila: as flores, na forma de chá, são indicadas nas cólicas, tônica, clamante, stress, alergia e digestiva. É propagada por sementes. Esta planta, além de inibir insetos, também é eficiente no manejo de doenças fúngicas. Modo de preparar: misturar 50g de flores de camomila em 1L de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando 4 vezes ao dia. Depois de coar, pulverizar a mistura sem diluir, 3 vezes a cada 5 dias.
CAMOMILA
Alecrim: as folhas e flores são utilizadas nas dores reumáticas, depressão, cansaço físico, gases intestinais, debilidade cardíaca, inapetência, cicatrização de feridas, dor de cabeça de origem digestiva, problemas respiratórios. Usam-se ramos em armários para afugentar insetos como as traças. A planta também atua como repelente à borboleta que põe os ovos nas folhas de repolho, couve, couve-flor e brócolis.
ALECRIM
Losna: as folhas, na forma de chá, são indicadas na perda do apetite, como digestiva e vermífugo. Obs.:mulheres grávidas devem evitar o uso, pois é abortiva. É propagada por estacas. A planta é eficiente no manejo de lagartas, lesmas, percevejos e pulgões: modo de preparar: diluir 30g de folhas secas de losna em 1L de água e ferver durante 10 minutos. Adicionar 10L de água ao preparado para pulverizar as plantas.
Para maiores informações sobre o cultivo orgânico de outras plantas medicinais, condimentares e aromáticas, sugerimos adquirir a publicação da Epagri, boletim didático nº 89, lançada em dezembro de 2010: Cultivo de plantas bioativas, de autoria dos engenheiros agrônomos Airton Rodrigues Salerno, Antonio Amaury Silva Júnior e Irceu Agostini. Os interessados devem entrar em contato com a Epagri através do e-mail: gmc@epagri.sc.gov.br
Ferreira On 2/22/2011 04:26:00 AM 2 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011


   Frequentemente o produtor de hortaliças tem seu planejamento prejudicado em relação a área a ser cultivada devido à falhas ocorridas na fase de produção de mudas. Problemas nesta fase serão evidenciados na planta adulta, quando dificilmente poderão ser corrigidos. O sucesso de uma cultura depende em mais de 50% da qualidade das mudas. Além disso, o investimento em insumos (adubos e tratamentos fitossanitários), que representam alto custo, não terão o retorno desejado quando são utilizadas mudas de baixa qualidade. A produção de mudas vigorosas e sadias depende da qualidade do substrato, do vigor da semente, do bom controle fitossanitário e da proteção da sementeira. A aquisição de mudas orgânicas de produtores especializados que produzem em bandejas de isopor sob abrigos de plástico e/ou sombrite é uma boa opção para obter-se mudas de qualidade e na quantidade necessária.
Escolha da semente: devem ser adquiridas em embalagens herméticas, dentro do prazo de validade, com alto padrão de sanidade, germinação e vigor, e de empresas com reconhecida idoneidade. É importante o produtor exigir a nota fiscal para que possa, se necessário, reclamar da baixa qualidade da semente comprada. Hoje já são encontradas sementes de hortaliças orgânicas nas casas agropecuárias e associações de produtores orgânicos.
Produção de mudas em copinhos (plástico e papel) e bandejas de isopor: as principais vantagens na produção de mudas em recipientes são: maior uniformidade, precocidade e sanidade das mudas, além de maior economia de sementes. Devido ao fato de não haver rompimento das raízes, evita-se ou diminui-se a incidência de certas doenças e aumenta-se o índice de pegamento no campo, por ocasião do transplante das mudas.
Recipientes utilizados: as bandejas de isopor são as mais utilizadas. Para a alface pode ser utilizado as bandejas com 288 e 200 células, enquanto que para o tomate, pimentão, beterraba e brássicas, as de 128 células são as mais adequadas. Para hortaliças da família das cucurbitáceas (melancia, moranga e pepino) recomenda-se preferencialmente os copinhos de papel ou de plástico, podendo ser utilizadas também bandejas de 128 células.Confecção dos copinhos: corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos. Substratos: na produção de mudas é fundamental o uso de substrato de boa qualidade que permita servir de suporte as plantas e dar um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes quanto a nutrição e porosidade e, principalmente isento de contaminação por fungos e bactérias.Muitos substratos que estão a venda nas casas agropecuárias especializadas não preenchem estes requisitos, por isso é importante que o produtor teste, antes de adquirir grandes quantidades. Abaixo exemplos de formulação de substrato que o agricultor pode testar em sua propriedade: a)substrato A: composto orgânico peneirado; b) substrato B: 2 latas de subsolo ou terra de mato + 1 lata de cama de aviário curtida + 1 lata de casca de arroz carbonizada; c)substrato C: 2 latas de húmus + 2 latas de casca de arroz carbonizada ou 1 lata de areia lavada de rio; d) substrato D: 2 latas de composto orgânico + 1 lata de húmus de minhoca + 1 lata de terra de mato ou subsolo.Obs.: a terra não deve ser coletada em locais cultivados para evitar pragas, doenças e plantas espontâneas. Suporte e proteção das mudas : o suporte para as bandejas e os copinhos devem estar a uma altura de 80 cm para facilitar o trabalho do operador, durante semeadura, desbaste e eliminação de plantas espontâneas. As bandejas devem estar suspensas por arames fixados em palanques para permitir a poda seca das raízes. A estrutura do suporte deve ser bem rígida para suportar o peso das bandejas e mantê-las em nível. A finalidade da proteção é reduzir ao máximo as variações climáticas ou a força de impacto de certos fatores climáticos como vento, temperatura, luz, chuva, geada e etc. Os túneis altos cobertos com plástico que funcionam como um guarda-chuva, são os mais utilizados (Figura 1). No verão são auxiliados por sombrite que deixam passar 30 a 50 % da luz para reduzir o calor. No inverno são fechados. Nas laterais usa-se telas para evitar a entrada de pulgões e tripes, transmissores de viroses. Para a produção de pequenas quantidades de mudas reduz-se o tamanho do abrigo de mudas. O manejo é o mesmo, independente do tamanho.
 Figura 1. Produção de mudas em bandejas de isopor protegidas por um abrigo de plástico

Irrigação nas sementeiras (bandejas) : como as células das bandejas têm uma superfície pequena, a distribuição de água deve ser uniforme para que cada célula receba a mesma quantidade de água. Isso pode ser feito manualmente com regador de crivo fino ou através de microaspersores especiais como os nebulizadores. A irrigação ideal é a que permite umedecer o substrato sem gotejar abaixo das células para não perder nutrientes e água. A frequência das irrigações depende da temperatura e umidade do ar, podendo variar de uma vez por dia no inverno até cinco vezes no verão. Entre uma irrigação e outra, a superfície do substrato precisa secar. Durante a noite a parte aérea das mudas tem que permanecer seca. A água para irrigação deve ser potável e de baixa salinidade, podendo ser obtida do subsolo (poços) e nascentes. A água proveniente de rede pública de abastecimento deve ser evitada devido ao excesso de cloro. Os equipamentos usados para a irrigação são os mais variados que existe no mercado, desde um regador com crivo fino, mangueira de jardim com difusor, microaspersores do tipo "fogger" (nebulizadores), sprinkler, bailarina e etc...
Manejo fitossanitário - as principais medidas visando o manejo fitossanitário são: a) evitar a colocação de abrigos em áreas que já apresentaram doenças e pragas, alta infestação de plantas espontâneas e perto de plantios definitivos da espécie; b) evitar água que passa por diversas propriedades ou que esteja próximo às culturas; c) não utilizar sementes contaminadas ou de origem desconhecida; d) evitar o excesso de água no ambiente; e) não permitir que as plantas se estressem com freqüência controlando a temperatura do ar e a irrigação, pois as plantas mal tratadas são mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças; f) evitar ferimentos nas plantas e g) não armazenar lixos ou restos de culturas próximo aos abrigos.
Adubação: quando o substrato e o manejo da irrigação são adequados, não haverá necessidade de adubação de cobertura. Se ocorrer deficiências, corrigir com, cinza e farinha de osso ou biofertilizantes ou ainda chorumes.
Transplante: um dia antes do transplante, diminuir a irrigação. No momento anterior ao transplante fazer uma boa irrigação nas bandejas para facilitar a retirada de muda com o torrão inteiro e permitir que a muda recupere a turgidez após o transplante. Enterrar apenas o torrão com raízes, não permitindo o contato de terra com a gema de crescimento da muda. Fazer uma irrigação no local do plantio definitivo antes ou logo que terminar a operação.
Ferreira On 2/16/2011 02:52:00 AM 1 comment LEIA MAIS

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


   A família Brassicaceae é composta por várias espécies com destaque para o repolho (Brassica oleracea var. italica), a couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) , o brócolis (Brassica oleracea var. capitata) e a couve ( Brassica oleracea var. acephala). Estas hortaliças possuem alto valor nutricional, sendo boa fonte de vitaminas B, C e K e ricas em sais minerais (cálcio e fósforo), essenciais para a formação dos ossos e dentes. Pesquisas recentes reforçam a tese de que o consumo de brássicas pode ajudar na prevenção e tratamento de doenças degenerativas. Estudo com 48 mil homens mostrou que o câncer de bexiga era menor no grupo que consumia mais brócolis, couve-flor e repolho. Por serem consumidas in natura, especialmente na forma de saladas, ou cozidas ligeiramente, é fundamental o cultivo orgânico (sem agroquímicos) para garantir a saúde do agricultor, do consumidor e também para preservar o meio ambiente e as futuras gerações. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 20 espécies de plantas, incluindo frutas e hortaliças no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29 % apresentaram resultados insatisfatórios, ou seja, com resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. Dentre as brássicas, a couve e o repolho foram as mais contaminadas por agrotóxicos, apresentando 44,2% e 20,5% das amostras coletadas com resíduos de agrotóxicos.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: recomenda-se evitar áreas sujeitas à encharcamento, muito declivosas, e, já cultivadas com outras espécies da mesma família (repolho, couve-flor, couve e brócolis).
.Épocas de plantio e cultivares: as brássicas, embora tipicamente de inverno,foram adaptadas para cultivo também no verão. A época de plantio está diretamente relacionada com a escolha da cultivar e/ou híbrido. O plantio na época inadequada pode levar ao fracasso da lavoura pela produção precoce de cabeças pequenas ou até nem mesmo ocorrer a formação. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga (Epagri), evidenciaram os seguintes híbridos relacionados a seguir como os mais promissores.
Cultivo de março a junho no Litoral: Repolho – Fuyutoyo, AF-528, Emblem e Sagittarius; Couve-flor – Júlia F1, Sharon F1, AF-1182 e AF-1169 ;Brócolis - AF-817 e Majestic Crown.
Cultivo de julho a setembro no Litoral: Repolho Ombrios, Fuyutoyo, AF-528 e Emblem; Couve-flor – Barcelona Ag-324, Júlia F1, AF-919, Verona, AF-1182 e Sharon F1 ; Brócolis – AF-817, Legacy e AF-649.
.Produção de mudas: o transplante de mudas sadias e vigorosas produzidas em bandejas de isopor, com substratos de qualidade, em abrigos, garante o sucesso das culturas de repolho, couve flor, brócolis e couve.
.Preparo do solo: recomenda-se adotar o plantio direto ou o cultivo mínimo do solo. Para o cultivo de brássicas nos meses de julho a setembro, no Litoral, o mais indicado é a semeadura de adubos verdes no outono, isoladamente, ou em consórcio, incluindo aveia preta, ervilhaca e nabo forrageiro e, a abertura de covas ou sulcos para o plantio das mudas de brássicas. Pode-se também utilizar as plantas espontâneas como cobertura nas entrelinhas. Quando necessário, deve-se roçá-las para não competir por luz e nutrientes com as brássicas. As plantas de cobertura (adubos verdes ou plantas espontâneas) protegem o solo das chuvas torrenciais, da compactação, da erosão, mantêm o solo mais úmido, além de aumentar o teor de matéria orgânica e reciclar nutrientes devido ao sistema radicular mais profundo destas espécies.
.Adubação de plantio: as brássicas respondem bem à adubação orgânica que deve ser aplicada, com base na análise do solo, feita com antecedência, e nos teores de nutrientes do adubo orgânico a ser aplicado.
.Plantio e espaçamento: o plantio das mudas deve ser feito quando estas atingem 3 a 4 semanas de idade (10 a 15cm de altura ou 4 a 7 folhas definitivas), na profundidade que estavam na bandeja de isopor. O espaçamento recomendado varia de 0,8 a 1,0m entre fileiras por 0,4 a 0,6m entre plantas.
.Capinas, adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas: o período crítico de competição com as plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. As capinas são feitas somente nas linhas de plantio, mantendo-se as plantas de cobertura ou ainda as plantas espontâneas nas entrelinhas.Quando necessário, deve-se roçar nas entrelinhas para evitar competição com as brássicas. A cobertura morta, utilizando-se palhas de arroz ou de milho, é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas, além de conservar a umidade no solo.As adubações de cobertura, se necessário, são feitas 15 a 20 dias após o transplante e 20 dias após a 1ª. A cobertura morta com palhas (arroz, milho, capim-elefante e outras),é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas.
.Irrigação: a irrigação é essencial para o sucesso da lavoura. Em geral, as brássicas necessitam de 500 mm de água em um ciclo médio de 120 dias. Recomenda-se o uso da irrigação por aspersão ou por gotejamento.
.Manejo de doenças e pragas: em sistema de produção equilibrado, não ocorre ataque de pragas e doenças. As principais doenças são: a podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. Campestris) causada por bactéria e a alternariose (Alternaria brassicae e A. brassicicola) provocadas por fungos, ocorrem em condições de tempo quente e úmido. Para estas doenças, deve-se fazer o controle preventivo. Entre as medidas, destacam-se: 1) na produção de mudas utilizar sementes sadias, semeadas em bandejas de isopor com substrato isento de doenças; 2) utilizar cultivares e/ou híbridos resistentes; 3) rotação de culturas e 4) eliminar restos de culturas anteriores. No manejo das principais pragas, a traça (Plutella xylostella) e o curuquerê da couve (Ascia monuste orseis) recomenda-se, quando necessário, produtos à base de Bacillus thuringiensis, conhecido como dipel e o preparado de sálvia (planta medicinal e aromática). Modo de preparar a sálvia: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas. Quando o ataque ocorre em apenas algumas plantas e, dependendo do tamanho da lavoura, a catação manual dos ovos e lagartas é uma prática eficiente. Para o manejo de pulgões, que surgem em condições de tempo seco e quente, recomenda-se os preparados à base de plantas (pimenta, alho, cebola, confrei , losna e coentro – ver matéria publicada em 1/7/2010). Modo de preparar a pimenta: bater 60 g de pimenta vermelha no liquidificador com 0,5 L de água e, em seguida acrescentar mais 0,5 L de água. Deixar amolecer (macerar) num recipiente por 12 horas. Dissolver um pedaço de sabão (50g) em 1 L de água quente e após misturar à calda como produto adesivo. Coar e diluir 1L do macerado para 5 L de água. Pulverizar as plantas atacadas. Para evitar o odor da pimenta, pulverizar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita. A irrigação por aspersão e os inimigos naturais (joaninha), reduzem a incidência de pulgões.
Colheita: recomenda-se deixar quatro a seis folhas para proteção durante o transporte e manipulação dos produtos. Repolho: a cabeça deve estar bem compacta, fechada, com as folhas internas bem unidas umas às outras e as folhas superiores iniciando a enrolar-se para trás. Se for colhido antes, o repolho murcha rapidamente. Couve-flor: as cabeças são colhidas quando atingem o seu máximo desenvolvimento, mas antes de iniciarem a formação de "pêlos" e a emissão dos botões florais. Brócolis: a colheita deve ser feita quando as hastes, botões e cabeças apresentam cor verde-intenso. Os botões florais devem estar bem fechados, sem aparecer as pétalas amarelas das flores.
 Figura 1. Sálvia (planta medicinal e aromática) e pimenta (hortaliça-tempero), utilizadas em preparados que podem serem feitos na propriedade, são eficientes no manejo de lagartas e pulgões, respectivamente, que atacam a couve, repolho, couve-flor e brócolis, praticamente sem nenhum custo e, o que é melhor, não oferecem riscos ao produtor, consumidor e meio ambiente e, ainda protegem as futuras gerações.
Ferreira On 2/09/2011 03:41:00 AM 1 comment LEIA MAIS

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

   A cenoura (Daucus carota), pertence a família das apiaceae, assim como o coentro, aipo, salsão, salsa e batata-salsa. A importância nutricional da cenoura (Figura 1) é atribuída, principalmente, ao alto teor de vitamina A (vitamina da beleza), essencial para a saúde dos olhos, pele, dentes e cabelos, atuando sobre o crescimento e aumentando a resistência do organismo às doenças. Outras vitaminas como B1, B2, B5 e vitamina C também são encontradas nas cenouras, além de teores consideráveis de sais minerais (cálcio, fósforo e ferro). O consumo regular de cenoura é eficiente no combate à anemia e falta de vitaminas.    
   Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para as culturas. A cenoura foi uma das mais contaminadas, apresentando 24,8% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que na cenoura, praticamente, não há prejuízos com pragas e doenças e, por isso, não necessita de agrotóxicos, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com acefato. Além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: na escolha da área deve-se evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. A cenoura produz melhor em solos leves e soltos (areno-argilosos,franco arenosos e turfosos).
.Épocas de semeadura e cultivares: o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Mas, para cada época deve-se escolher a cultivar correta. As cultivares de inverno não podem ser semeadas no verão devido à susceptibilidade às doenças foliares. Por outro lado, as cultivares de verão semeadas no inverno, florescem, em detrimento da qualidade das raízes. Para cultivo no outono e início de inverno no Litoral, recomenda-se cultivares do grupo Nantes (Nantes, Meia comprida de Nantes,Nantes Superior e outras). No final de inverno, primavera e verão são indicadas as cultivares do grupo Brasília (Brasília, Brasília RL, Brasília Irecê, Brasília Calibrada G, Brasília Alta Seleção e Brazlândia). Pesquisa na Estação Experimental de Urussanga, na semeadura de agosto, revelou a superioridade do cultivo orgânico em relação ao sistema convencional. 
.Preparo do solo e do canteiro: as sementes, por serem pequenas, exigem bom preparo do solo para que ocorra boa emergência das plantas. No preparo do canteiro, recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes da semeadura, e construção dos canteiros com auxílio de um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator. Os canteiros devem ter em torno de 1,10 m de largura e 15 cm de altura e comprimento variável. Após o nivelamento e retirada dos torrões marca-se os sulcos de semeadura (1 a 2 cm de profundidade), espaçados de 30 em 30 cm, utilizando-se um riscador.
.Adubação de plantio: a adubação orgânica deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças. 
.Semeadura, cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas: semeia-se diretamente em sulcos, manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual, 0,5  a 1g de sementes por m2. O uso de cobertura após a semeadura é recomendado, especialmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as precipitações freqüentes. Pesquisa da Epagri revelou maior emergência de plantas ao utilizar sombrite, pó-de-serra ou casca de arroz (2 cm) como cobertura, em comparação ao solo descoberto. A cobertura protege as sementes do sol direto no verão, da erosão provocada pela irrigação ou chuvas e, impede a formação de uma crosta dura no solo que impede a emergência das plantas.O período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é na emergência da cenoura, até os 25 dias subsequentes. Após, as plantas espontâneas não reduzem a produção e, ainda favorecem o equilíbrio ecológico. Para retardar as plantas espontâneas, uma boa opção é a cobertura do canteiro com jornal (preto e branco); cobre-se todo o canteiro utilizando-se uma folha de jornal e, sobre esta, aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Depois, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e cobertura das sementes e, irrigação do canteiro. 
.Desbaste e adubação de cobertura: após três semanas da emergência da cenoura, efetuar o desbaste (eliminação do excesso de plantas). Recomenda-se deixar 10 a 15 plantas por metro linear, ou seja, 7 a 10 cm entre plantas. Aos 25 dias após a semeadura, quando necessário, faz-se uma adubação em cobertura. 
.Irrigação: o sistema de irrigação por aspersão é o mais utilizado. O solo deve ser mantido úmido, sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. A falta d'água no solo, seguidos de irrigação excessiva, podem provocar rachaduras nas raízes que pode ser agravado com a deficiência de boro e/ou cálcio. Por isso, recomenda-se irrigações diárias leves até a emergência da cenoura (até os 40 dias após a semeadura). 
.Manejo de doenças e pragas: é resistente às pragas. As principais doenças são: queima das folhas e podridão mole. 
.A Queima das folhas é causada por dois fungos e uma bactéria que aparecem com umidade relativa do ar alta e temperatura entre 24 e 28 ºC. Manejo: usar cultivares resistentes (grupo Brasília); plantio em locais enxutos e ventilados e rotação de culturas. A Podridão mole é causada por uma bactéria ainda na lavoura. As raízes apresentam pequenas áreas encharcadas e sob condições de altas umidade e temperatura, aumentam rapidamente, tornando o tecido mole e pegajoso e com cheiro desagradável, ocasionando o amarelecimento das folhas, a seca e morte da planta. Manejofazer canteiros altos; rotação de culturas; evitar terrenos encharcados; evitar ferimentos nas raízes, por ocasião dos tratos culturais e colheita.
.Colheita : a colheita é realizada entre 85 e 110 dias após a semeadura. Não retardar a colheita para evitar que tornem-se muito grossas e fibrosas, sujeitas à rachaduras. O consumidor prefere raízes mais novas. As cenouras são arrancadas manualmente, após uma irrigação prévia para evitar danos. Após as folhas são cortadas rente às raízes e colocadas em caixas plásticas. Ainda no campo, faz-se a separação das raízes comerciais daquelas do tipo descarte (raízes laterais, bifurcadas, apodrecidas, rachadas e danificadas). As raízes são lavadas, manualmente, com água corrente. Em seguida, faz-se nova seleção, eliminando-se as raízes danificadas por doenças e/ou pragas e as defeituosas.  
   As cenouras são lavadas e secas o mais rápido possível. Em seguidas são classificadas conforme o comprimento e o diâmetro das raízes. Em ambiente natural, as raízes se conservam com qualidade adequada, no máximo até 7 dias.
 Figura 1. O cultivo orgânico de cenoura (sem adubos químicos e agrotóxicos), além de melhorar a produtividade e qualidade nutricional das raízes, com menor custo, permite que até as crianças possam visitar a horta, colher e comer cenouras fresquinhas. 

Todos ganham no cultivo orgânico! meio ambiente, produtor, consumidor e as futuras gerações.




Ferreira On 2/04/2011 09:42:00 AM 12 comments LEIA MAIS

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cultivo orgânico de beterraba



   A beterraba (Beta vulgaris), planta originária da Europa, pertence à família das chenopodiaceae, assim como a acelga e o espinafre. A parte comestível é uma raiz tuberosa que possui uma típica coloração vermelho-escuro devido ao pigmento antocianina, que também ocorre nas nervuras e no pecíolo das folhas. Além do açúcar, a beterraba apresenta valor nutricional muito rico em vitaminas do complexo B e sais minerais como ferro, cobre, sódio, potássio e zinco. É recomendada para tratamento de anemia, prisão de ventre e problemas de rins. Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de beterraba (sem agroquímicos) é fundamental para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resultados insatisfatórios,ou seja,com resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. A beterraba foi uma das mais contaminadas por agrotóxicos, apresentando 32% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que a beterraba, praticamente, não tem problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes e, mostram que a aplicação dos agrotóxicos, além de desnecessários, aumentam o custo e, o que é pior, não são autorizados para a cultura, aumentando o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores, além de contaminar o meio ambiente.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. Produz melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, bem drenados, leves e soltos (areno-argilosos, franco arenosos e turfosos). É exigente em nitrogênio e potássio e sensível a acidez (produz melhor no pH 6,0 a 6,8). 
.Épocas de plantio e cultivares: é típica de climas temperados, exigindo temperaturas amenas ou frias para produzir bem. A faixa de temperatura ideal para o crescimento é de 10 a 20ºC e apresenta resistência ao frio e a geadas leves. Temperaturas altas induz a formação de anéis claros na raiz, depreciando o produto. Recomenda-se o plantio das mudas ou semeadura direta no outono, inverno e primavera, no Litoral. Durante o verão, não é recomendado o cultivo porque ocorre a destruição prematura da parte aérea causado por doenças fúngicas. As cultivares mais plantadas são: Early Wonder, Early Wonder Tall Top e Wonder Precoce. 
.Sistemas de cultivo: é cultivada em dois sistemas - semeadura direta e plantio por mudas. Ao contrário de outras tuberosas, se adapta bem ao transplante, sistema mais utilizado no Brasil. A semeadura direta predomina na maioria dos países, sendo utilizada no Brasil, somente por grandes produtores. Nesse sistema semeia-se em sulcos, à profundidade de 1,5 a 2,5 cm, deixando-se cair um a dois glomérulos ("sementes") a cada 5 cm. Desbastar o excesso de plantas deixando-as espaçadas de 10 a 15 cm. A vantagem do sistema é a redução nos custos, produção maior e mais precoce (20 a 30 dias) e, menos danos nas raízes. Como desvantagem em relação ao plantio por mudas é o maior gasto com sementes e a necessidade de desbaste. 
.Produção de mudas: as mudas podem ser produzidas em sementeiras e, em bandejas de isopor.
.Preparo do solo e do canteiro: no preparo do canteiro (1,10m de largura e 15 a 20 cm de altura), recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes do plantio, e construção dos canteiros com um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator.
.Adubação de plantio: a adubação deve ser feita com base na análise do solo e do adubo orgânico. Se necessário, recomenda-se fosfato natural (fósforo) aplicado com antecedência e cinzas de madeira (potássio).
.Transplante das mudas, espaçamento e desbaste: as mudas devem ser transplantadas com 20 a 30 dias após a semeadura (5 a 6 folhas). Espaçamento: 30 a 40 cm entre linhas por 10 a 15 cm entre plantas. Desbaste: a "semente" da beterraba é um glomérulo que possui 2 a 4 sementes verdadeiras. Recomenda-se aproveitar as melhores mudas descartadas no desbaste, para o posterior plantio no canteiro. 
.Irrigação: a falta de água durante o ciclo da cultura torna as raízes lenhosas e reduz a produtividade. As rachaduras nas raízes, próximo a colheita, está ligado a falta ou excesso de água, agravado com a deficiência de boro e/ou de cálcio. Recomenda-se o uso da irrigação por aspersão. Deve-se realizar irrigações leves e freqüentes, sempre pela manhã, para evitar que as plantas permaneçam molhadas durante a noite. 
.Manejo de plantas espontâneas e adubação de cobertura : a competição das plantas espontâneas com a cultura ocorre da germinação, até os primeiros 40 dias após o transplante, quando deve-se fazer capinas manuais. Por ocasião da 1ª capina, faz-se adubação de cobertura, sendo a 2ª, 20 dias após a 1ª. 
.Manejo de doenças e pragas: são poucas as doenças e pragas que atacam a cultura da beterraba, por isso, praticamente, são desnecessários tratamentos fitossanitários. Dentre as doenças destacam-se: a mancha das folhas e a sarna. Dentre as pragas, a vaquinha, especialmente no início do desenvolvimento, pode causar algum dano na parte aérea da cultura. A Manchas das folhas (Cercospora beticola) é causada por um fungo, provocando uma destruição prematura das folhas e redução do rendimento, além de impedir, também, a comercialização das raízes na forma de maços. Manejo: evitar plantio em locais úmidos e pouco ventilados; rotação de culturas e suspender a irrigação por aspersão; A Sarna (Streptomyces scabies) é uma doença bacteriana semelhante a que ocorre na cultura da batata, apresentando manchas ásperas na superfície das raízes, depreciando o produto para o comércio. Manejo: rotação de culturas ; uso de sementes sadias; manter o pH do solo entre 6,0 e 6,8 e manter a umidade do solo constante. Vaquinha (Diabrotica speciosa ): os adultos comem as folhas, podendo causar algum dano no início do desenvolvimento da cultura. Manejo: usar iscas atrativas, como a raiz do tajujá, porongo, ou abobrinha caserta. 
.Colheita: a beterraba atinge o seu ponto de maturação com aproximadamente 70 a 90 dias após a semeadura direta e o transplante, respectivamente. O consumidor mais exigente quer uma beterraba mais nova, isto é, que seja colhida com 8 a 10 cm de diâmetro e 6 a 7 cm de comprimento pesando em torno de 250 gramas. As beterrabas devem ser arrancadas, manualmente, lavadas com água corrente e secadas. Após a lavagem do produto faz-se a classificação das raízes pelo tamanho. Nas feiras e quitandas comercializam-se beterrabas em maços (Figura 1) contendo 4 beterrabas amarradas (em torno de 1,0 kg) com folhas sadias. A forma mais comum da comercialização da beterraba no atacado é em caixas de 25 kg.
Figura 1. Uma das formas de comercialização de beterrabas é através de maços, ou seja, as raízes são comercializadas com a folhagem. A beterraba, recomendada especialmente para anemia, pois é rica em ferro, produz muito bem no cultivo orgânico.

 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cultivo orgânico de plantas medicinais, condimentares e aromáticas



  Numa horta orgânica deve-se reservar espaço para as principais espécies de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. A natureza foi a primeira farmácia da humanidade. As medicinais proporcionam ao organismo humano sais minerais, ajudam a eliminar toxinas, limpando o sangue de impurezas e tonificando o estômago, os intestinos, os rins e o coração. Além das propriedades terapêuticas, algumas são importantes no manejo de pragas e doenças de hortaliças. Obs.: o uso de plantas medicinais tem que ser feito com critério, pois não fazem milagres e podem levar à intoxicação de pessoas que desconhecem as precauções e as contra-indicações. Às vezes imagina-se que por ser natural, faz bem à saúde, mas a ignorância sobre os efeitos desejados pode ser desastrosa. Por isso, as propriedades medicinais são apenas referências e não recomendações. Não se automedique. Procure sempre um médico especialista. .Cultivo: as plantas medicinais produzem melhor quando recebem adequado suprimento de água e nutrientes. Quanto à nutrição da planta, em geral, um solo com bom teor de matéria orgânica é o ideal.
   Recomenda-se preferencialmente o composto orgânico (2k/m2) ou esterco curtido de gado (5kg/m2) ou de aves (2kg/m2). Certas espécies não toleram solos ácidos necessitando que seja feita a calagem (aplicação de calcário) baseada na análise de solo. A maioria das espécies desenvolve-se melhor no verão. 
.Cuidados na coleta de plantas: identificar a espécie de planta certa e as partes utilizadas; utilizar plantas bem desenvolvidas e com aspecto sadio; fazer a colheita no período da manhã e em dias secos, realizando a secagem em local limpo, arejado e à sombra; após a secagem, armazenar as plantas em recipientes limpos esterilizados e em local arejado, escuro e livre de insetos, ratos, mofo e poeira. Cada planta deve ser acondicionada em embalagem própria, devidamente identificada.
.Modo de preparo: para que esteja própria para consumo, deve estar livre de fungos (mofos, bolores), pois esses alteram os teores do princípio ativo e podem provocar intoxicações. As plantas medicinais são constituídas por princípios ativos responsáveis por sua ação terapêutica, desencadeando diversas reações nos organismos vivos (vegetais, animais e nos seres humanos). Não é recomendável misturar várias plantas. O uso inadequado poderá provocar efeitos indesejáveis. As medicinais são utilizadas para preparar chás, sucos e algumas até saladas. As formas mais comuns para o preparo dos chás são a infusão (folhas, flores e frutos moles) e a decocção (raiz, caule, cascas, frutos secos, cipós e sementes).O preparo dos chás através de infusão consiste em despejar água fervente sobre a erva e abafar. O preparado é deixado em repouso durante 10 a 15 minutos e, em seguida, coado e servido. O preparo dos chás através de decocção consiste em ferver a planta inteira com água por uns 5 a 15 minutos e, em seguida, tapar. Coar antes de servir. Obs.: o chá deve ser consumido, no máximo, 24 horas após o preparo, mesmo mantido em geladeira, pois ocorrem reações químicas que transformam os princípios ativos em outras substâncias prejudiciais à saúde.
.Dosagem: a utilização da mesma espécie de planta não deve ultrapassar um período maior que 15 dias. quando houver necessidade de uso mais prolongado, devem ser feitos intervalos de uma semana para que o organismo possa responder aos estímulos. É preciso acrescentar que, mesmo preparados adequadamente, a maioria dos chás são prejudiciais à saúde se consumidos em excesso ou se estiverem muito concentrados. Normalmente são recomendadas as seguintes quantidades: Planta verde - 20g (3 a 4 colheres de sopa) de planta picada em 1L de água; Planta seca - 10g (5 colheres de sopa) de planta picada em 1L de água.
.Usos e propagação de algumas plantas medicinais, condimentares e aromáticas
Sálvia: as folhas, na forma de chá, são indicadas como antinflamatória, digestiva, gripes, resfriados, febres, gases intestinais, estimulante dos nervos, cólicas menstruais, antiabortiva, deficiências cardíacas, regula a tensão arterial e fortalece o útero. A planta é propagada por sementes e estacas. A planta é utilizada também como repelente das borboletas que põem ovos nas folhas, originando as lagartas que atacam o repolho, couve, couve-flor e brócolis. Pode ser utilizada na forma de preparado: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente as plantas atacadas pelas lagartas.
Coentro : as folhas, na forma de chá, são indicadas como estimulante, fortifica o estômago, prisão de ventre, vermífugo e febre. É uma planta utilizada também como condimento. É propagada por sementes. coentro, consorciado com o tomateiro, reduz os danos da traça do tomate e, atrai os inimigos naturais de pragas de várias culturas. A planta também é eficiente no manejo de ácaros e pulgões, na forma de preparado: cozinhar folhas de coentro em 2L de água. Para pulverizar sobre as plantas, acrescentar água.
SÁLVIA E COENTRO
Alho: indicado contra hipertensão, arterioesclerose, ácido úrico, picadas de inseto, diurético, expectorante, antigripal, febrífugo, desinfetante, antinflamatório, antibiótico, antisséptico e vermífugo. O alho também é eficiente no manejo de tripes, pulgões, lagarta do cartucho do milho e doenças (podridão negra, ferrugem e alternaria). O alho é um antibiótico natural, inibidor ou repelente de parasitas de plantas ou animais. Modo de preparar: moer 100g de alho e deixar em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. Dissolver, à parte, 10g de sabão em 0,5 L de água. Misturar todos os ingredientes, filtrar e, diluí-lo em 10 litros de água. 
Hortelã: as folhas e hastes, na forma de chá, são indicadas como digestiva, antiespasmódica, calmante, gripe, antisséptica, descongestionante das vias respiratórias e vermífuga. É propagada através de rizomas. A hortelã, além de planta medicinal, aromática e servir como condimento, atua como repelente a mosquitos, formigas, ratos, piolhos e pulgas, borboleta da couve e mosca-branca que ataca as hortaliças em geral.
HORTELÃ
Arruda: as folhas, na forma de chá, são indicadas como vermífuga, gases intestinais, cólicas menstruais, digestiva, calmante dos nervos e dor de cabeça. É propagada por sementes. A arruda também atua como repelente a formigas, traça e outros roedores e mosca-branca que ataca hortaliças em geral.
Camomila: as flores, na forma de chá, são indicadas nas cólicas, tônica, clamante, stress, alergia e digestiva. É propagada por sementes. Esta planta, além de inibir insetos, também é eficiente no manejo de doenças fúngicas. Modo de preparar: misturar 50g de flores de camomila em 1L de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando 4 vezes ao dia. Depois de coar, pulverizar a mistura sem diluir, 3 vezes a cada 5 dias.
CAMOMILA
Alecrim: as folhas e flores são utilizadas nas dores reumáticas, depressão, cansaço físico, gases intestinais, debilidade cardíaca, inapetência, cicatrização de feridas, dor de cabeça de origem digestiva, problemas respiratórios. Usam-se ramos em armários para afugentar insetos como as traças. A planta também atua como repelente à borboleta que põe os ovos nas folhas de repolho, couve, couve-flor e brócolis.
ALECRIM
Losna: as folhas, na forma de chá, são indicadas na perda do apetite, como digestiva e vermífugo. Obs.:mulheres grávidas devem evitar o uso, pois é abortiva. É propagada por estacas. A planta é eficiente no manejo de lagartas, lesmas, percevejos e pulgões: modo de preparar: diluir 30g de folhas secas de losna em 1L de água e ferver durante 10 minutos. Adicionar 10L de água ao preparado para pulverizar as plantas.
Para maiores informações sobre o cultivo orgânico de outras plantas medicinais, condimentares e aromáticas, sugerimos adquirir a publicação da Epagri, boletim didático nº 89, lançada em dezembro de 2010: Cultivo de plantas bioativas, de autoria dos engenheiros agrônomos Airton Rodrigues Salerno, Antonio Amaury Silva Júnior e Irceu Agostini. Os interessados devem entrar em contato com a Epagri através do e-mail: gmc@epagri.sc.gov.br

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Produção agroecológica de mudas de hortaliças


   Frequentemente o produtor de hortaliças tem seu planejamento prejudicado em relação a área a ser cultivada devido à falhas ocorridas na fase de produção de mudas. Problemas nesta fase serão evidenciados na planta adulta, quando dificilmente poderão ser corrigidos. O sucesso de uma cultura depende em mais de 50% da qualidade das mudas. Além disso, o investimento em insumos (adubos e tratamentos fitossanitários), que representam alto custo, não terão o retorno desejado quando são utilizadas mudas de baixa qualidade. A produção de mudas vigorosas e sadias depende da qualidade do substrato, do vigor da semente, do bom controle fitossanitário e da proteção da sementeira. A aquisição de mudas orgânicas de produtores especializados que produzem em bandejas de isopor sob abrigos de plástico e/ou sombrite é uma boa opção para obter-se mudas de qualidade e na quantidade necessária.
Escolha da semente: devem ser adquiridas em embalagens herméticas, dentro do prazo de validade, com alto padrão de sanidade, germinação e vigor, e de empresas com reconhecida idoneidade. É importante o produtor exigir a nota fiscal para que possa, se necessário, reclamar da baixa qualidade da semente comprada. Hoje já são encontradas sementes de hortaliças orgânicas nas casas agropecuárias e associações de produtores orgânicos.
Produção de mudas em copinhos (plástico e papel) e bandejas de isopor: as principais vantagens na produção de mudas em recipientes são: maior uniformidade, precocidade e sanidade das mudas, além de maior economia de sementes. Devido ao fato de não haver rompimento das raízes, evita-se ou diminui-se a incidência de certas doenças e aumenta-se o índice de pegamento no campo, por ocasião do transplante das mudas.
Recipientes utilizados: as bandejas de isopor são as mais utilizadas. Para a alface pode ser utilizado as bandejas com 288 e 200 células, enquanto que para o tomate, pimentão, beterraba e brássicas, as de 128 células são as mais adequadas. Para hortaliças da família das cucurbitáceas (melancia, moranga e pepino) recomenda-se preferencialmente os copinhos de papel ou de plástico, podendo ser utilizadas também bandejas de 128 células.Confecção dos copinhos: corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos. Substratos: na produção de mudas é fundamental o uso de substrato de boa qualidade que permita servir de suporte as plantas e dar um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes quanto a nutrição e porosidade e, principalmente isento de contaminação por fungos e bactérias.Muitos substratos que estão a venda nas casas agropecuárias especializadas não preenchem estes requisitos, por isso é importante que o produtor teste, antes de adquirir grandes quantidades. Abaixo exemplos de formulação de substrato que o agricultor pode testar em sua propriedade: a)substrato A: composto orgânico peneirado; b) substrato B: 2 latas de subsolo ou terra de mato + 1 lata de cama de aviário curtida + 1 lata de casca de arroz carbonizada; c)substrato C: 2 latas de húmus + 2 latas de casca de arroz carbonizada ou 1 lata de areia lavada de rio; d) substrato D: 2 latas de composto orgânico + 1 lata de húmus de minhoca + 1 lata de terra de mato ou subsolo.Obs.: a terra não deve ser coletada em locais cultivados para evitar pragas, doenças e plantas espontâneas. Suporte e proteção das mudas : o suporte para as bandejas e os copinhos devem estar a uma altura de 80 cm para facilitar o trabalho do operador, durante semeadura, desbaste e eliminação de plantas espontâneas. As bandejas devem estar suspensas por arames fixados em palanques para permitir a poda seca das raízes. A estrutura do suporte deve ser bem rígida para suportar o peso das bandejas e mantê-las em nível. A finalidade da proteção é reduzir ao máximo as variações climáticas ou a força de impacto de certos fatores climáticos como vento, temperatura, luz, chuva, geada e etc. Os túneis altos cobertos com plástico que funcionam como um guarda-chuva, são os mais utilizados (Figura 1). No verão são auxiliados por sombrite que deixam passar 30 a 50 % da luz para reduzir o calor. No inverno são fechados. Nas laterais usa-se telas para evitar a entrada de pulgões e tripes, transmissores de viroses. Para a produção de pequenas quantidades de mudas reduz-se o tamanho do abrigo de mudas. O manejo é o mesmo, independente do tamanho.
 Figura 1. Produção de mudas em bandejas de isopor protegidas por um abrigo de plástico

Irrigação nas sementeiras (bandejas) : como as células das bandejas têm uma superfície pequena, a distribuição de água deve ser uniforme para que cada célula receba a mesma quantidade de água. Isso pode ser feito manualmente com regador de crivo fino ou através de microaspersores especiais como os nebulizadores. A irrigação ideal é a que permite umedecer o substrato sem gotejar abaixo das células para não perder nutrientes e água. A frequência das irrigações depende da temperatura e umidade do ar, podendo variar de uma vez por dia no inverno até cinco vezes no verão. Entre uma irrigação e outra, a superfície do substrato precisa secar. Durante a noite a parte aérea das mudas tem que permanecer seca. A água para irrigação deve ser potável e de baixa salinidade, podendo ser obtida do subsolo (poços) e nascentes. A água proveniente de rede pública de abastecimento deve ser evitada devido ao excesso de cloro. Os equipamentos usados para a irrigação são os mais variados que existe no mercado, desde um regador com crivo fino, mangueira de jardim com difusor, microaspersores do tipo "fogger" (nebulizadores), sprinkler, bailarina e etc...
Manejo fitossanitário - as principais medidas visando o manejo fitossanitário são: a) evitar a colocação de abrigos em áreas que já apresentaram doenças e pragas, alta infestação de plantas espontâneas e perto de plantios definitivos da espécie; b) evitar água que passa por diversas propriedades ou que esteja próximo às culturas; c) não utilizar sementes contaminadas ou de origem desconhecida; d) evitar o excesso de água no ambiente; e) não permitir que as plantas se estressem com freqüência controlando a temperatura do ar e a irrigação, pois as plantas mal tratadas são mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças; f) evitar ferimentos nas plantas e g) não armazenar lixos ou restos de culturas próximo aos abrigos.
Adubação: quando o substrato e o manejo da irrigação são adequados, não haverá necessidade de adubação de cobertura. Se ocorrer deficiências, corrigir com, cinza e farinha de osso ou biofertilizantes ou ainda chorumes.
Transplante: um dia antes do transplante, diminuir a irrigação. No momento anterior ao transplante fazer uma boa irrigação nas bandejas para facilitar a retirada de muda com o torrão inteiro e permitir que a muda recupere a turgidez após o transplante. Enterrar apenas o torrão com raízes, não permitindo o contato de terra com a gema de crescimento da muda. Fazer uma irrigação no local do plantio definitivo antes ou logo que terminar a operação.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cultivo orgânico de brássicas: repolho, couve-flor, brócolis e couve


   A família Brassicaceae é composta por várias espécies com destaque para o repolho (Brassica oleracea var. italica), a couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) , o brócolis (Brassica oleracea var. capitata) e a couve ( Brassica oleracea var. acephala). Estas hortaliças possuem alto valor nutricional, sendo boa fonte de vitaminas B, C e K e ricas em sais minerais (cálcio e fósforo), essenciais para a formação dos ossos e dentes. Pesquisas recentes reforçam a tese de que o consumo de brássicas pode ajudar na prevenção e tratamento de doenças degenerativas. Estudo com 48 mil homens mostrou que o câncer de bexiga era menor no grupo que consumia mais brócolis, couve-flor e repolho. Por serem consumidas in natura, especialmente na forma de saladas, ou cozidas ligeiramente, é fundamental o cultivo orgânico (sem agroquímicos) para garantir a saúde do agricultor, do consumidor e também para preservar o meio ambiente e as futuras gerações. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 20 espécies de plantas, incluindo frutas e hortaliças no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29 % apresentaram resultados insatisfatórios, ou seja, com resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. Dentre as brássicas, a couve e o repolho foram as mais contaminadas por agrotóxicos, apresentando 44,2% e 20,5% das amostras coletadas com resíduos de agrotóxicos.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: recomenda-se evitar áreas sujeitas à encharcamento, muito declivosas, e, já cultivadas com outras espécies da mesma família (repolho, couve-flor, couve e brócolis).
.Épocas de plantio e cultivares: as brássicas, embora tipicamente de inverno,foram adaptadas para cultivo também no verão. A época de plantio está diretamente relacionada com a escolha da cultivar e/ou híbrido. O plantio na época inadequada pode levar ao fracasso da lavoura pela produção precoce de cabeças pequenas ou até nem mesmo ocorrer a formação. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga (Epagri), evidenciaram os seguintes híbridos relacionados a seguir como os mais promissores.
Cultivo de março a junho no Litoral: Repolho – Fuyutoyo, AF-528, Emblem e Sagittarius; Couve-flor – Júlia F1, Sharon F1, AF-1182 e AF-1169 ;Brócolis - AF-817 e Majestic Crown.
Cultivo de julho a setembro no Litoral: Repolho Ombrios, Fuyutoyo, AF-528 e Emblem; Couve-flor – Barcelona Ag-324, Júlia F1, AF-919, Verona, AF-1182 e Sharon F1 ; Brócolis – AF-817, Legacy e AF-649.
.Produção de mudas: o transplante de mudas sadias e vigorosas produzidas em bandejas de isopor, com substratos de qualidade, em abrigos, garante o sucesso das culturas de repolho, couve flor, brócolis e couve.
.Preparo do solo: recomenda-se adotar o plantio direto ou o cultivo mínimo do solo. Para o cultivo de brássicas nos meses de julho a setembro, no Litoral, o mais indicado é a semeadura de adubos verdes no outono, isoladamente, ou em consórcio, incluindo aveia preta, ervilhaca e nabo forrageiro e, a abertura de covas ou sulcos para o plantio das mudas de brássicas. Pode-se também utilizar as plantas espontâneas como cobertura nas entrelinhas. Quando necessário, deve-se roçá-las para não competir por luz e nutrientes com as brássicas. As plantas de cobertura (adubos verdes ou plantas espontâneas) protegem o solo das chuvas torrenciais, da compactação, da erosão, mantêm o solo mais úmido, além de aumentar o teor de matéria orgânica e reciclar nutrientes devido ao sistema radicular mais profundo destas espécies.
.Adubação de plantio: as brássicas respondem bem à adubação orgânica que deve ser aplicada, com base na análise do solo, feita com antecedência, e nos teores de nutrientes do adubo orgânico a ser aplicado.
.Plantio e espaçamento: o plantio das mudas deve ser feito quando estas atingem 3 a 4 semanas de idade (10 a 15cm de altura ou 4 a 7 folhas definitivas), na profundidade que estavam na bandeja de isopor. O espaçamento recomendado varia de 0,8 a 1,0m entre fileiras por 0,4 a 0,6m entre plantas.
.Capinas, adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas: o período crítico de competição com as plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. As capinas são feitas somente nas linhas de plantio, mantendo-se as plantas de cobertura ou ainda as plantas espontâneas nas entrelinhas.Quando necessário, deve-se roçar nas entrelinhas para evitar competição com as brássicas. A cobertura morta, utilizando-se palhas de arroz ou de milho, é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas, além de conservar a umidade no solo.As adubações de cobertura, se necessário, são feitas 15 a 20 dias após o transplante e 20 dias após a 1ª. A cobertura morta com palhas (arroz, milho, capim-elefante e outras),é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas.
.Irrigação: a irrigação é essencial para o sucesso da lavoura. Em geral, as brássicas necessitam de 500 mm de água em um ciclo médio de 120 dias. Recomenda-se o uso da irrigação por aspersão ou por gotejamento.
.Manejo de doenças e pragas: em sistema de produção equilibrado, não ocorre ataque de pragas e doenças. As principais doenças são: a podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. Campestris) causada por bactéria e a alternariose (Alternaria brassicae e A. brassicicola) provocadas por fungos, ocorrem em condições de tempo quente e úmido. Para estas doenças, deve-se fazer o controle preventivo. Entre as medidas, destacam-se: 1) na produção de mudas utilizar sementes sadias, semeadas em bandejas de isopor com substrato isento de doenças; 2) utilizar cultivares e/ou híbridos resistentes; 3) rotação de culturas e 4) eliminar restos de culturas anteriores. No manejo das principais pragas, a traça (Plutella xylostella) e o curuquerê da couve (Ascia monuste orseis) recomenda-se, quando necessário, produtos à base de Bacillus thuringiensis, conhecido como dipel e o preparado de sálvia (planta medicinal e aromática). Modo de preparar a sálvia: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas. Quando o ataque ocorre em apenas algumas plantas e, dependendo do tamanho da lavoura, a catação manual dos ovos e lagartas é uma prática eficiente. Para o manejo de pulgões, que surgem em condições de tempo seco e quente, recomenda-se os preparados à base de plantas (pimenta, alho, cebola, confrei , losna e coentro – ver matéria publicada em 1/7/2010). Modo de preparar a pimenta: bater 60 g de pimenta vermelha no liquidificador com 0,5 L de água e, em seguida acrescentar mais 0,5 L de água. Deixar amolecer (macerar) num recipiente por 12 horas. Dissolver um pedaço de sabão (50g) em 1 L de água quente e após misturar à calda como produto adesivo. Coar e diluir 1L do macerado para 5 L de água. Pulverizar as plantas atacadas. Para evitar o odor da pimenta, pulverizar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita. A irrigação por aspersão e os inimigos naturais (joaninha), reduzem a incidência de pulgões.
Colheita: recomenda-se deixar quatro a seis folhas para proteção durante o transporte e manipulação dos produtos. Repolho: a cabeça deve estar bem compacta, fechada, com as folhas internas bem unidas umas às outras e as folhas superiores iniciando a enrolar-se para trás. Se for colhido antes, o repolho murcha rapidamente. Couve-flor: as cabeças são colhidas quando atingem o seu máximo desenvolvimento, mas antes de iniciarem a formação de "pêlos" e a emissão dos botões florais. Brócolis: a colheita deve ser feita quando as hastes, botões e cabeças apresentam cor verde-intenso. Os botões florais devem estar bem fechados, sem aparecer as pétalas amarelas das flores.
 Figura 1. Sálvia (planta medicinal e aromática) e pimenta (hortaliça-tempero), utilizadas em preparados que podem serem feitos na propriedade, são eficientes no manejo de lagartas e pulgões, respectivamente, que atacam a couve, repolho, couve-flor e brócolis, praticamente sem nenhum custo e, o que é melhor, não oferecem riscos ao produtor, consumidor e meio ambiente e, ainda protegem as futuras gerações.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cultivo orgânico de cenoura

   A cenoura (Daucus carota), pertence a família das apiaceae, assim como o coentro, aipo, salsão, salsa e batata-salsa. A importância nutricional da cenoura (Figura 1) é atribuída, principalmente, ao alto teor de vitamina A (vitamina da beleza), essencial para a saúde dos olhos, pele, dentes e cabelos, atuando sobre o crescimento e aumentando a resistência do organismo às doenças. Outras vitaminas como B1, B2, B5 e vitamina C também são encontradas nas cenouras, além de teores consideráveis de sais minerais (cálcio, fósforo e ferro). O consumo regular de cenoura é eficiente no combate à anemia e falta de vitaminas.    
   Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para as culturas. A cenoura foi uma das mais contaminadas, apresentando 24,8% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que na cenoura, praticamente, não há prejuízos com pragas e doenças e, por isso, não necessita de agrotóxicos, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com acefato. Além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: na escolha da área deve-se evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. A cenoura produz melhor em solos leves e soltos (areno-argilosos,franco arenosos e turfosos).
.Épocas de semeadura e cultivares: o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Mas, para cada época deve-se escolher a cultivar correta. As cultivares de inverno não podem ser semeadas no verão devido à susceptibilidade às doenças foliares. Por outro lado, as cultivares de verão semeadas no inverno, florescem, em detrimento da qualidade das raízes. Para cultivo no outono e início de inverno no Litoral, recomenda-se cultivares do grupo Nantes (Nantes, Meia comprida de Nantes,Nantes Superior e outras). No final de inverno, primavera e verão são indicadas as cultivares do grupo Brasília (Brasília, Brasília RL, Brasília Irecê, Brasília Calibrada G, Brasília Alta Seleção e Brazlândia). Pesquisa na Estação Experimental de Urussanga, na semeadura de agosto, revelou a superioridade do cultivo orgânico em relação ao sistema convencional. 
.Preparo do solo e do canteiro: as sementes, por serem pequenas, exigem bom preparo do solo para que ocorra boa emergência das plantas. No preparo do canteiro, recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes da semeadura, e construção dos canteiros com auxílio de um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator. Os canteiros devem ter em torno de 1,10 m de largura e 15 cm de altura e comprimento variável. Após o nivelamento e retirada dos torrões marca-se os sulcos de semeadura (1 a 2 cm de profundidade), espaçados de 30 em 30 cm, utilizando-se um riscador.
.Adubação de plantio: a adubação orgânica deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças. 
.Semeadura, cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas: semeia-se diretamente em sulcos, manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual, 0,5  a 1g de sementes por m2. O uso de cobertura após a semeadura é recomendado, especialmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as precipitações freqüentes. Pesquisa da Epagri revelou maior emergência de plantas ao utilizar sombrite, pó-de-serra ou casca de arroz (2 cm) como cobertura, em comparação ao solo descoberto. A cobertura protege as sementes do sol direto no verão, da erosão provocada pela irrigação ou chuvas e, impede a formação de uma crosta dura no solo que impede a emergência das plantas.O período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é na emergência da cenoura, até os 25 dias subsequentes. Após, as plantas espontâneas não reduzem a produção e, ainda favorecem o equilíbrio ecológico. Para retardar as plantas espontâneas, uma boa opção é a cobertura do canteiro com jornal (preto e branco); cobre-se todo o canteiro utilizando-se uma folha de jornal e, sobre esta, aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Depois, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e cobertura das sementes e, irrigação do canteiro. 
.Desbaste e adubação de cobertura: após três semanas da emergência da cenoura, efetuar o desbaste (eliminação do excesso de plantas). Recomenda-se deixar 10 a 15 plantas por metro linear, ou seja, 7 a 10 cm entre plantas. Aos 25 dias após a semeadura, quando necessário, faz-se uma adubação em cobertura. 
.Irrigação: o sistema de irrigação por aspersão é o mais utilizado. O solo deve ser mantido úmido, sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. A falta d'água no solo, seguidos de irrigação excessiva, podem provocar rachaduras nas raízes que pode ser agravado com a deficiência de boro e/ou cálcio. Por isso, recomenda-se irrigações diárias leves até a emergência da cenoura (até os 40 dias após a semeadura). 
.Manejo de doenças e pragas: é resistente às pragas. As principais doenças são: queima das folhas e podridão mole. 
.A Queima das folhas é causada por dois fungos e uma bactéria que aparecem com umidade relativa do ar alta e temperatura entre 24 e 28 ºC. Manejo: usar cultivares resistentes (grupo Brasília); plantio em locais enxutos e ventilados e rotação de culturas. A Podridão mole é causada por uma bactéria ainda na lavoura. As raízes apresentam pequenas áreas encharcadas e sob condições de altas umidade e temperatura, aumentam rapidamente, tornando o tecido mole e pegajoso e com cheiro desagradável, ocasionando o amarelecimento das folhas, a seca e morte da planta. Manejofazer canteiros altos; rotação de culturas; evitar terrenos encharcados; evitar ferimentos nas raízes, por ocasião dos tratos culturais e colheita.
.Colheita : a colheita é realizada entre 85 e 110 dias após a semeadura. Não retardar a colheita para evitar que tornem-se muito grossas e fibrosas, sujeitas à rachaduras. O consumidor prefere raízes mais novas. As cenouras são arrancadas manualmente, após uma irrigação prévia para evitar danos. Após as folhas são cortadas rente às raízes e colocadas em caixas plásticas. Ainda no campo, faz-se a separação das raízes comerciais daquelas do tipo descarte (raízes laterais, bifurcadas, apodrecidas, rachadas e danificadas). As raízes são lavadas, manualmente, com água corrente. Em seguida, faz-se nova seleção, eliminando-se as raízes danificadas por doenças e/ou pragas e as defeituosas.  
   As cenouras são lavadas e secas o mais rápido possível. Em seguidas são classificadas conforme o comprimento e o diâmetro das raízes. Em ambiente natural, as raízes se conservam com qualidade adequada, no máximo até 7 dias.
 Figura 1. O cultivo orgânico de cenoura (sem adubos químicos e agrotóxicos), além de melhorar a produtividade e qualidade nutricional das raízes, com menor custo, permite que até as crianças possam visitar a horta, colher e comer cenouras fresquinhas. 

Todos ganham no cultivo orgânico! meio ambiente, produtor, consumidor e as futuras gerações.




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