sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Assista o vídeo da campanha da Fraternidade 2011:Fraternidade e a 

a vida no planeta.



Ferreira On 1/28/2011 04:53:00 AM Comentarios LEIA MAIS

terça-feira, 25 de janeiro de 2011


   A batata-doce (Ipomoea batatas), pertencente à família botânica convolvulaceae, é uma hortaliça tuberosa (raiz) popular, rústica, de ampla adaptação, alta tolerância à seca e de fácil cultivo. Além disso, é uma das plantas com maior capacidade de produzir energia por unidade de área e tempo. Fonte de energia, minerais e vitaminas, a batata-doce pode ser consumida cozida, assada ou frita, ou no preparo de doces. As batatas e as ramas também podem ser destinadas à alimentação animal, principalmente de bovinos e suínos, seja na forma "in natura" ou na forma de silagem (ramas). Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, revelaram que o cultivo orgânico de batata-doce foi superior quanto a produtividade (30%) e qualidade das raízes, quando comparado ao sistema de produção convencional (com uso de agroquímicos).
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: recomenda-se áreas não cultivadas com batata-doce nos últimos anos. Preferencialmente, deve-se utilizar solos leves, soltos, bem estruturados e drenados. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo.
.Épocas de plantio e cultivares: o plantio é nas épocas de temperaturas mais elevadas; além de não tolerar geadas, o crescimento vegetativo e produtividade de raízes de batata-doce são prejudicados em temperaturas menores que 10ºC. Épocas: agosto a janeiro nas regiões mais quentes (Litoral). Cultivares: é comum encontrar-se uma cultivar com nomes diferentes ou diferentes cultivares com o mesmo nome. As batatas podem apresentar polpa branca, creme, amarelo-clara e até laranja e roxa, sendo a película externa branca, rosada ou roxa. As cultivares Brazlândia Rosada (ciclo médio de 4 a 5 meses), Brazlândia Roxa e Princesa (ciclo tardio - mais de 5 meses) são indicadas para plantio em Santa Catarina. A Estação Experimental de Urussanga possui uma pequena coleção das principais cultivares indicadas.
.Produção de ramas em viveiro: fazer um viveiro em local que nunca tenha sido cultivado com batata-doce. Utiliza-se para o plantio batatas (80 a 150 g) de plantas produtivas e sadias, plantadas no espaçamento de 80 cm entre linhas por 10 cm entre plantas. As ramas selecionadas(8 a 10 entrenós),devem ser retiradas de viveiros a partir de 60 até 90 dias após o plantio. Para 1 hectare é suficiente enviveirar 70 a 100 kg de batatas.
.Adubação de plantio: é pouco exigente em nutrientes. A adubação deve ser realizada com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Caso seja plantada em rotação ou sucessão com espécies já adubadas, pode-se dispensar a adubação. É importante ressaltar que o excesso de matéria orgânica provoca crescimento exagerado da folhagem, reduzindo a produtividade e qualidade das raízes.
.Plantio e espaçamento: O plantio das ramas deve ser feito no alto das leiras ou camalhões (30 a 40 cm de altura) com o solo úmido, utilizando-se uma bengala com a ponta em "U" invertido; as ramas selecionadas (8 a 10 entrenós) são colocadas atravessadas e com a ponta da bengala se enterra a ponta da rama (3 a 4 entrenós). Deve-se deixar as ramas murchar à sombra por 1 a 2 dias antes do plantio, para evitar que se quebrem ao serem enterradas.O espaçamento varia de 70 a 120cm entre leiras e de 25 a 40 cm entre plantas.
.Práticas culturais: Capinas: com enxada ou cultivador na fase inicial de desenvolvimento da cultura (até 45 dias após o plantio). Chegamento de terra : após a capina refazer os camalhões, manualmente ou com sulcadores, para evitar rachaduras do solo e assim, reduzir a entrada de insetos do solo e a formação de manchas nas raízes devido à insolação. Controle da soqueira: em pouco tempo os restos de batata, raízes e ramas brotam rapidamente, de forma desuniforme e prolongada. A melhor fase para eliminação da soqueira, é no início da tuberização (formação das raízes).
.Manejo de doenças e pragas: é conhecida pela rusticidade e, por isso, não apresenta problemas com pragas e doenças. Eventuais danos podem ser manejados pelas práticas preventivas. Dentre estas destacam-se: plantar ramas sadias e selecionadas de viveiro, eliminando as doentes; retirar as ramas da parte do meio para a ponta das ramas,evitando aquelas próximas ao colo(base) da planta-mãe; uso de cultivares resistentes e adaptadas à região. A Brazlândia Roxa (Figura 1) resiste aos danos causados por insetos de solo, enquanto que a Princesa (Figura 1) tolera o mal-do-pé, doença causada pelo fungo Plenodomus destruens ;não plantar em locais encharcados e mal drenados; adubar de acordo com a análise do solo; bom chegamento de terra reduz danos por insetos de solo; colher na época certa para evitar os danos causados por insetos de solo e roedores; evitar lavar as batatas colhidas; caso os restos culturais não sejam utilizados para alimentação de animais, deve-se aproveitá-los na compostagem; rotação de culturas com outras hortaliças por 2 a 3 anos e eliminar as soqueiras; evitar armazenar batata em condições naturais, por período superior a 30 dias.
.Rotação de culturas: plantios sucessivos de batata-doce, em um mesmo local e na mesma estação do ano, favorecem às pragas e doenças e, promovem o desequilíbrio nutricional do solo. Período de rotação: deve ser feita por dois ou três anos com outras hortaliças com diferentes necessidades nutricionais e sistemas radiculares. Evitar o plantio de batata-doce após as leguminosas, pois o excesso de nitrogênio provoca desenvolvimento vegetativo exagerado prejudicando a produção de raízes. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga mostraram a eficiência da rotação de culturas no aumento do rendimento e qualidade de raízes de batata-doce; quando foi feita rotação de culturas por dois anos, a produtividade de raízes aumentou em 40%, ao ser comparada com o sistema sem rotação. Por ser uma espécie com bom sistema radicular (60 a 120 cm), portanto eficiente como recicladora de nutrientes que estão em camadas do solo mais profundas e, também pela rapidez na cobertura do solo no verão, a batata-doce é excelente para ser utilizada em esquemas de rotação de culturas para outras hortaliças.
.Colheita, classificação e comercialização: Colheita: com enxada ou com auxílio de arado ou sulcador, após o corte das ramas, quando as raízes atingirem o tamanho ideal exigido pelo mercado. Pré-cura: após a colheita as batatas são expostas ao sol para secar,no mínimo 30 minutos, evitando-se as horas mais quentes. Classificação: as raízes devem ser selecionadas, eliminando-se aquelas com defeitos (rachadas, esverdeadas, manchadas, danos mecânicos e de insetos) e classificadas de acordo com o peso: Extra A –301 a 400 g; Extra B –201 a 300 g; Especial –151 a 200 g e Diversos – 80 a 150 g ou maiores que 400g. Comercialização: nos principais mercados é comercializada lavada, prática que deve ser evitada, porque prejudica a conservação e aumenta as perdas por doenças.O ideal é escová-las para retirar a terra aderida. As raízes são comercializadas em caixas de madeira tipo K (23-25kg), limpas e desinfectadas ou em sacos.
Figura 1. Cultivo orgânico de batata-doce na Estação Experimental de Urussanga: além de ser uma boa alternativa de renda para os produtores, é uma ótima opção para ser incluída em esquemas de rotação de outros cultivos, pois protege o solo no verão e possui grande capacidade de reciclar nutrientes devido ao sistema radicular profundo. As cultivares indicadas Brazlândia roxa (película roxa) e Princesa (película branca) são resistentes aos insetos que perfuram as raízes e à doença mal-do-pé, respectivamente.
Ferreira On 1/25/2011 04:58:00 AM 3 comments LEIA MAIS

terça-feira, 18 de janeiro de 2011


   A alface (Lactuca sativa L.), hortaliça folhosa de maior aceitação pelo consumidor brasileiro, pertence à família botânica das asteraceae, assim como o almeirão ou radiche e chicória. Esta hortaliça é boa fonte de vitaminas e sais minerais, destacando-se a vitamina A, indispensável para a saúde dos olhos, da pele e dos dentes. A alface é altamente perecível. Por este motivo é produzida nos cinturões verdes dos grandes centros consumidores, constituindo-se para muitos produtores ótima fonte de renda e retorno rápido do investimento.        
  Por ser consumida crua, na forma de salada e apresentar rápido ciclo vegetativo (30 a 45 dias), o cultivo orgânico (sem agroquímicos) de alface é essencial para garantir a saúde do agricultor, do consumidor e, também preservar o meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 20 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 138 amostras coletadas de alface em 2009, nos maiores centros consumidores do país, 38,4% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. Considerando que na alface, praticamente, não há problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com metamidofós, que além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer. Mas os riscos ao meio ambiente e ao consumidor que causa o sistema de produção convencional de alface, não param por aí! Os adubos químicos mais utilizados no cultivo de alface são hidrossolúveis (altamente solúveis em água), especialmente quando utilizados em excesso como os nitrogenados (uréia e outros) e, em condições de chuvas intensas e freqüentes, vão parar nos rios, córregos, lagos e poços, contaminando-os. Além disso, os adubos químicos podem contaminar a alface, provocando o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas e mutagênicas.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: áreas com boa drenagem e sem sombreamento, não cultivadas seguidamente com alface, almeirão e chicória. A análise do solo com antecedência é muito importante. 
.Épocas de plantio e cultivares: a alface é uma hortaliça tipicamente de inverno, mas foi adaptada para cultivo também no verão. Cultivo de outono/inverno - todas as cultivares, em geral, apresentam neste período bom desempenho. Cultivo de primavera/verão - é necessário utilizar cultivares adaptadas para produzir sob temperaturas elevadas. As cultivares indicadas para o outono/inverno florescem precocemente (pendoamento), se plantadas em clima quente, tornando o produto amargo e sem valor comercial. As principais cultivares recomendadas são: Cultivares lisas (grupo manteiga) - Brasil 303, Elisa, Glória, Aurora e Carolina AG 576 (formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico); Regina (Figura 1), Babá de Verão e Lívia (não formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico), dentre outras; Cultivares crespas (Figura 1) - Vanessa (não forma cabeça e é resistente ao vírus do mosaico); Verônica, Marisa AG 216 e Brisa (não formam cabeça e não são resistentes ao vírus do mosaico). Cultivares de folhas crocantes ou americana (possuem folhas grossas e formam cabeça) - Inajá, Mesa 659, Tainá, Lucy Brown e Raider. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, com a cultivar Regina, revelaram que o cultivo orgânico de alface foi superior quanto a produtividade (41%) e qualidade das cabeças, quando comparado ao cultivo convencional. 
.Produção de mudas: fazer mudas sadias e vigorosas recomenda-se o uso de bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade, em abrigo protegido. Dormência das sementes :pode ocorrer quando a temperatura excede a 30ºC. Para evitar a dormência, recomenda-se baixar a temperatura do ambiente nas primeiras 24 horas, após a semeadura nas bandejas, com irrigação e o uso de sombrite.
.Adubação de plantio: as hortaliças folhosas respondem bem à adubação orgânica que deve ser aplicada com base na análise do solo. Fonte de macronutrientes (NPK, Ca e Mg) e micronutrientes, a adubação orgânica melhora a qualidade das hortaliças e a conservação do produto, além de manter a umidade do solo.
.Transplante: o transplante das mudas(4 a 6 folhas) deve ser em canteiros, previamente preparados e adubados, na profundidade que estavam na bandeja, espaçadas de 25 a 30 cm entre plantas e fileiras.
.Irrigação: a grande exigência da alface (93% do peso é água), aliado a baixa capacidade de extração de água do solo, torna pequenos períodos de estiagem em seca. Os sistemas de irrigação mais utilizados na alface são: aspersão convencional, micro aspersão e gotejamento. No verão deve-se irrigar pela manhã e no final da tarde. No inverno e no verão (desde que se utilize o sombrite), é suficiente uma irrigação pela manhã.
.Cobertura morta: havendo disponibilidade na região de cultivo, recomenda-se o emprego de cobertura morta dos canteiros com palha ou casca de arroz ou outro material vegetal de textura fina. 
.Capinas e escarificação do solo: durante o desenvolvimento das plantas, são necessárias uma a duas capinas, quando se aproveita para fazer também o afofamento do canteiro (escarificação). 
.Cultivo protegido: melhora a produtividade e a qualidade da alface (folhas mais tenras e menos danificadas), além de melhorar a eficiência da mão-de-obra, quando são utilizados túneis altos. Em pleno verão o uso de sombrite (que deixa passar 30 a 50% de luz) protege as plantas nas horas mais quentes do dia e também de chuvas torrenciais (Figura 1). Nos períodos mais críticos, o manejo do sombrite, retirando-o no período mais fresco e, em dias nublados, é importante para atingir boa produtividade e qualidade do produto.
.Manejo de doenças e pragas: no cultivo de alface, não há maiores problemas com pragas e doenças. Caso ocorra deve-se utilizar medidas preventivas. Fase de produção de mudas - utilizar sempre sementes sadias em bandejas de isopor com substrato isento de doenças e, em abrigos protegidos. Canteiro definitivo: eliminar plantas hospedeiras (caruru, picão-preto, beldroega, serralha, maria-pretinha) de insetos tais como tripes que transmitem viroses; utilizar cultivares resistentes às viroses; fazer rotação de culturas com hortaliças-raízes ou hortaliças-frutos; eliminar restos de culturas anteriores; revolver o solo bem fundo para expor os fungos e pragas do solo à radiação solar; adubar e irrigar as plantas corretamente e utilizar cultivo protegido.
.Colheita, classificação e comercialização: Colheita: nas primeiras horas da manhã ou nas horas mais frescas, quando atingir o máximo de desenvolvimento, sem sinais de florescimento, normalmente a partir dos 30-45 dias após o transplante. Classificação: as folhas mais velhas, manchadas e danificadas são eliminadas, bem como as plantas consideradas refugos (miúdas, com início de florescimento e outros defeitos). As plantas devem ser embaladas em caixas, evitando-se o demasiado manuseio do produto. Comercialização: deve ser realizada o mais rapidamente possível e próximo ao local de produção, pois é um produto altamente perecível.
Figura 1. O cultivo orgânico e protegido de alface (cultivar Regina – tipo folhas lisas) no verão com sombrite (à direita), proporciona maior produtividade e qualidade de cabeças de alface (as folhas são mais tenras) e, o que é melhor, sem contaminação por adubos químicos e agrotóxicos. Cultivar de alface do tipo folhas crespas (à esquerda).
 
Ferreira On 1/18/2011 03:45:00 AM 7 comments LEIA MAIS

terça-feira, 11 de janeiro de 2011


   Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas e de mudas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.A maioria das hortaliças pode ser reproduzida por sementes (reprodução sexuada). Algumas são reproduzidas por meio de ramas, rizomas, tubérculos,raízes, bulbos, filhotes (Figura 1) e outros (reprodução assexuada). Outras podem ser reproduzidas pelas duas formas citadas (ex.: couve) . Sempre que possível, deve-se usar a forma assexuada (vegetativa) devido à maior precocidade de produção e à reprodução fiel das qualidades da planta mãe.Dentre as hortaliças propagadas vegetativamente, destacam-se: aipim e batata-doce (ramas), batatinha e cará (tubérculo), batata-salsa (brotação lateral), inhame (rizoma), cará (tubérculo), alho (bulbilho), morango (estolho) e chuchu (fruto).
    Na produção própria de sementes ou de outras formas de propagação, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes e as outras formas de propagação (tubérculos-semente,raízes e bulbilhos) em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Figura 1. Hortaliças propagadas vegetativamente (da esquerda para a direita): chuchu – fruto, couve – muda,
morango – estolho,batata – tubérculo, aipim e batata-doce – rama

   Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos.

  É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os parentais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. As sementes colhidas de uma cultivar híbrida é o que se chama de "quebrar o híbrido". Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alta que a exploração econômica da produção fica comprometida.

  Dentre as hortaliças, podem ser produzidas sementes próprias de alface, feijão-de-vagem, ervilha, pimentão, tomate, abóbora, moranga, melancia, pepino, melão e milho verde, entre outras. A seguir recomendam-se alguns cuidados na colheita e no beneficiamento de algumas hortaliças.

Colheita e beneficiamento de sementes de alface (Figura 2)
Procedimento: as sementes amadurecem de forma irregular. Sua maturação é caracterizada pelo aparecimento de pêlos brancos nos floretes. Para a colheita, deve-se cortar a inflorescência quando aproximadamente 50% das sementes estiverem maduras. Posteriormente é feita a secagem em ambiente protegido, arejado e seco e o acondicionamento em sacos de pano. A debulha deve ser manual e consiste em bater as plantas, após a secagem, contra uma superfície irregular.
Época ideal para produzir sementes: no verão, sendo a semeadura em dezembro e o transplante em janeiro, para que a maturação e a colheita das sementes coincidam com os períodos de estiagem que ocorrem normalmente no outono. Além disso, o início do pendoamento e florescimento dá-se num período de temperaturas elevadas, o que facilita a seleção rigorosa de plantas contra a emissão precoce da haste floral.
Beneficiamento: a eliminação de impurezas deve ser feita por ventilação ou manualmente. Após a limpeza, as sementes podem ser acondicionadas em saquinhos de plástico, tomando-se o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazenadas em geladeira, na última gaveta da parte inferior. 
 
Figura 2. Produção de sementes de alface (uma planta pode produzir até 3g =3.000 sementes)

Colheita e beneficiamento de sementes de solanáceas (tomate, pimentão, berinjela e pimenta) e cucurbitáceas (pepino, moranga, abóbora, abobrinha, melão e melancia)
Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

Colheita e beneficiamento de sementes de milho-variedade
Procedimento: deve-se selecionar, no momento da colheita, as plantas com as melhores espigas de uma mesma variedade. Na hora de semear o milho-variedade deve-se certificar de que durante a floração não ocorra o cruzamento do pólen de outras cultivares próximas.
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

Colheita e beneficiamento de sementes de cebola
Seleção e conservação dos bulbos: os bulbos selecionados (os maiores, sem defeitos e doenças) devem ser curados (redução da umidade) inicialmente a campo e posteriormente no armazém, que deve ser seco e ventilado para diminuir a umidade dos mesmos.
Época de plantio dos bulbos: o plantio dos melhores bulbos já brotados deve ser feito sob cultivo protegido para evitar o excesso de chuvas. A época mais indicada para as Regiões Sul e Sudeste é junho/julho e abril/maio,respectivamente.
Polinização: é realizada por insetos que se deslocam. Em função disso, deve haver isolamento mínimo de 400m, no caso de produção de sementes de duas cultivares.
Colheita das sementes: em torno de 6 meses após o plantio dos bulbos, as umbelas (hastes florescidas) começam a secar. Embora as umbelas não atinjam ao mesmo tempo o ponto de maturação das sementes, geralmente são feitas até duas colheitas de forma manual. A época mais propícia para a colheita é quando 10% das umbelas têm sementes expostas ou quando 40% das umbelas estão secas. As umbelas devem ser cortadas com 10 a 15cm de haste e colocadas em um saco.
Secagem e beneficiamento das sementes: após a colheita, deve-se levar as umbelas para secagem ao ar livre, expostas ao sol sobre panos ou caixas de madeira, durante quatro a cinco dias. Durante a noite, são
recolhidas ao abrigo. Após a secagem, utiliza-se um saco com um terço da sua capacidade com umbelas e bate-se com um pau roliço. A limpeza das sementes pode ser feita com peneira. Recomenda-se retirar as impurezas,guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

Ferreira On 1/11/2011 02:59:00 AM 4 comments LEIA MAIS

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Ferreira On 1/10/2011 03:49:00 AM Comentarios LEIA MAIS

domingo, 9 de janeiro de 2011


   Plantas bioativas são as espécies vegetais que apresentam princípios ativos importantes para a indústria de medicamentos, alimentos, cosméticos, produtos de higiene e defensivos agrícolas. Apesar dos poucos estudos agroecológicos na área de bioativas, muitas delas têm sido alvo de demandas industriais e comerciais, constituindo uma importante fonte de renda para os agricultores. A Organização Mundial da Saúde tem conclamado todos os países a desenvolver estudo e cultivos com plantas da flora nativa objetivando atender as necessidades de saúde da população. No entanto, para que a fitoterapia atinja o mais alto grau de sucesso e os produtos que chegam ao consumidor sejam da mais alta qualidade, o cultivo dessas espécies deverá ser baseado em boas práticas agrícolas, respeitando-se procedimentos agroecológicos que não agridam o meio ambiente nem o ser humano, maximizem a produção e, principalmente resultem em produtos padronizados e com altos níveis de princípios ativos desejáveis.
 Este boletim didático reúne os conhecimentos gerados pela pesquisa agronômica catarinense visando orientar técnicos, produtores e empreendedores da área de plantas bioativas. A publicação que possui 57 páginas e inúmeras ilustrações, aborda inicialmente as recomendações gerais para o cultivo orgânico de plantas bioativas, bem como as técnicas específicas para o cultivo de: capim-limão comum, capim-limão gigante, citronela, espinheira-santa, Fáfia, guaco, alfazema, palma-rosa, patchuli e yacon.
Interessados em adquirir a publicação devem entrar em contato com a Epagri, através do e-mail: gmc@epagri.sc.gov.br
Ferreira On 1/09/2011 04:01:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Produtos alternativos utilizados  para o manejo de
doenças e pragas em hortaliças e frutas – Caldas bordalesa e sulfocálcica

     No cultivo de uma horta e um pomar orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Por isso, os produtos alternativos apresentados a seguir, mesmo que na grande maioria não cause riscos ao homem e ao ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.

1 Caldas  bordalesa e sulfocálcica
     As caldas possuem baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais. O cobre presente na calda bordalesa é pouco tóxico para a maioria dos pássaros, abelhas e mamíferos, porém é tóxico para peixes. A aplicação de caldas não tem o objetivo de erradicar os insetos e os microorganismos nocivos, mas fortalecer as plantas e ativar o seu mecanismo de resistência. Essas caldas podem serem preparadas na propriedade, reduzindo significativamente o custo de produção. As sugestões de dosagens para as diversas culturas constam na Tabela 10.
Calda Bordalesa
     È o resultado da mistura simples de sulfato de cobre e cal virgem, diluídos em água. É recomendada como fungicida para controle preventivo de doenças fúngicas  e bacterianas. Essa calda é uma das formulações mais antigas que se conhece, tendo sido descoberta quase por acaso, no final do século XIX na França por um agricultor que estava aplicando água com cal para evitar que cachos de uva fossem roubados. Logo, percebeu-se que as plantas tratadas estavam livres da antracnose. Estudando o caso, um pesquisador descobriu que o efeito estava associado ao fato do leite de cal ter sido preparado em tachos de cobre. A partir daí, desenvolveu pesquisas para chegar à formulação mais adequada da proporção entre a cal e o sulfato de cobre.
Vantagens
- Forma camada protetora contra doenças e pragas;                                             
- Alta resistência à lavagem pelas chuvas;                                                                    
- Aumenta a resistência da planta à insolação;                                                        
- Fornece nutrientes essenciais (cobre, enxofre e cálcio);                                       
- Promove a resistência da planta e dos frutos;                                                           
- Melhora  a conservação e a regularidade de maturação e aumenta o teor de açúcares;
- Baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais domésticos;
- É um dos fungicidas mais baratos e eficientes.
Figura 1. Preparo da calda bordalesa

Preparo da calda bordalesa a 1%
     A formulação a seguir é para preparo de 100 litros. Para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes listados a seguir:
Ingredientes:     Sulfato de cobre ................................1000 g
                           Cal virgem ou hidratada ..................  1500 g
                           Água ......................................... .......  100 l 
1º passo: dissolver o sulfato de cobre – colocar  o sulfato de cobre em um saco de pano e mantê-lo imerso em suspensão na parte superior de um balde de água (a dissolução demora até 24 horas). Quando necessário, pode-se dissolver as pedras de sulfato de cobre para uso imediato, aquecendo a água ou moendo as pedras.
2º passo: dissolver a cal virgem  – em outra vasilha (sem ser de plástico) fazer a queima da cal virgem de boa qualidade (cal velha com aspecto farinhento não deve ser utilizada) que pode ser no mesmo dia em que for usada. Colocar 1500g de cal em uma lata de metal de 20 litros e adicionar 9 litros de água aos poucos e mexer com pá de madeira, até formar uma pasta mole. Tomar cuidados com a temperatura da mistura que se eleva bastante. Após o resfriamento, adicionar um pouco de água, obtendo-se um leite de cal. A cal hidratada pode ser utilizada, desde que tenha boa qualidade; é mais prático e proporciona a mesma eficiência. Passar a calda por uma peneira fina, colocando-se mais água e agitando-se para passar pela peneira. Adicionar água até 50 litros ao leite de cal.
3º passo:  despejar a solução de sulfato de cobre em um tonel (sem ser de ferro ou aço) com capacidade para 200 litros. Adicionar água até 50 litros.
4º passo: despejar com um balde aos poucos, a solução de leite de cal sobre a solução de sulfato de cobre. As duas soluções devem estar sob a mesma temperatura. Com auxílio de uma pá de madeira, agitar constantemente durante a operação de mistura.
5º passo:  testar a acidez (pH) da calda -  mergulhar um prego novo durante um minuto na calda. Se houver escurecimento, significa que a calda está ácida (pH abaixo de 7,0) e precisa ainda de neutralização com mais leite de cal. Não escurecendo, a calda estará pronta (alcalina). Outra maneira de se verificar a acidez, é pingar duas a três gotas sobre uma lâmina de faca bem limpa (sem ser de aço inoxidável); após um minuto, sacudir a faca e, se ficarem manchas avermelhadas onde estavam as gotas da calda, a mesma está ácida. Quando a cal virgem é de má qualidade, a calda permanecerá ácida, sendo preciso, então, acrescentar mais leite de cal para neutralizar a acidez.
Obs.: de modo geral, a cal é um bom aderente. Entretanto, certas culturas podem necessitar de um espalhante-adesivo. Para melhorar a aderência da calda bordalesa, acrescentar 1,5 litros de leite desnatado ou 1 a 2 kg de farinha de trigo no preparo de 100 l de calda (dissolver a farinha de trigo em água e depois peneirar) após o seu preparo.
Calda Sulfocálcica
      È o resultado da mistura de enxofre e cal, diluídos em água. É indicada como acaricida e inseticida (tripes, cochonilhas, etc.), além de ter efeito fungicida, atuando de forma curativa (ferrugens, oídio, etc.). É muito utilizada para tratamento de inverno de fruteiras de clima temperado e subtropical.
Vantagens
- Os ácaros não criam resistência à calda sulfocálcica;
- Fornece nutrientes essenciais (cálcio e enxofre);
- Aumenta a resistência das plantas e melhora o sabor dos frutos;                                         
- É um dos fungicidas/inseticidas mais baratos e eficientes.
     Embora também possa ser preparada na propriedade, a calda sulfocálcica pode ser adquirida nas lojas agropecuárias a um baixo custo.

Aplicação das caldas e cuidados
     A aplicação, o preparo correto e o uso de pulverizadores com bicos-cones, de preferência de cerâmica (os de metal estragam rapidamente)  em bom estado e com jatos que formem uma névoa, cobrindo uniformemente folhas, frutos e ramos, são importantes para o êxito do tratamento, assim como a concentração e a qualidade dos ingredientes. A concentração das caldas depende das condições climáticas locais, da espécie, da fase da cultura e da forma de condução. Para evitar riscos de fitotoxicidade e queima de folhas e frutos, deve-se fazer um teste em poucas plantas, podendo-se aplicar em toda a área depois de observado o seu efeito.
     Os principais cuidados a serem observados no momento da aplicação são:
- deve-se sempre utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) no preparo e na aplicação;
-  a aplicação deve ser com tempo bom, seco e fresco pela manhã ou à tardinha.  Quando aplicada com tempo úmido os riscos de fitoxicidade são maiores;
- somente as partes atingidas pelas caldas estarão protegidas de doenças e pragas; 
- as caldas devem ser mantidas sob forte agitação durante toda a aplicação;      
- para a maioria das plantas, não deve ser aplicada a calda bordalesa no período do florescimento, nem estando as plantas murchas ou molhadas e em época de forte estiagem;
-  a aplicação deve ser no mesmo dia de preparo da calda. No entanto, o leite de cal e o sulfato de cobre, quando em recipientes separados, podem ser guardados por dois a três dias;                               
- a calda sulfocálcica deve ser aplicada, durante a floração, somente para aquelas culturas que tolerem o enxofre;
- a calda bordalesa pode ser misturada com os biofertilizantes;
-  com temperaturas acima de 30ºC e abaixo de 10ºC, suspender a aplicação da calda;
- após aplicação das caldas, os equipamentos e os metais devem ser lavados para evitar corrosão, com vinagre (20%) e duas colheres de chá de óleo mineral. Verificar o desgaste dos bicos do pulverizador, fazendo a troca necessária. As caldas corroem o orifício dos bicos, alterando a vazão e o tamanho de gotas e, em conseqüência, a dose aplicada e a cobertura de plantas;
-no caso de empregar a calda sulfocálcica após aplicação da calda bordalesa, deixar um intervalo mínimo de 30 dias. Quando for o contrário, isto é, aplicar a calda bordalesa após a aplicação da calda sulfocálcica, observar intervalo de 15 dias;
-o intervalo de aplicações da calda bordalesa varia de sete a 15 dias ou até mais, dependendo das condições climáticas,  da ocorrência de doenças e do desenvolvimento da planta;
 -recomenda-se obedecer, no mínimo, o intervalo de uma semana entre a aplicação das caldas e a colheita.
  Tabela 1. Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em hortaliças e frutas1.
1 Para emprego das caldas recomenda-se que sejam feitas observações preliminares em poucas plantas, considerando o local, o clima, a cultivar e outros. 
2 Em cultivos protegidos (abrigos) de hortaliças, reduzir em 50% a concentração das caldas e aplicar nos períodos frescos. 
3 As aplicações devem ser à tardinha para não prejudicar a polinização feita pelas abelhas.
































                                                                                                                                                                                                            
   Tabela 1 (continuação). Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em    hortaliças e frutas.
5 Algumas cultivares são sensíveis, por isso recomenda-se testar as dosagens. Obs.:Não se recomenda aplicar as caldas com os botões florais abertos. A inclusão de óleo (mineral ou vegetal) na calda bordalesa melhora o efeito sobre as pragas e as doenças. Fazer a aplicação das caldas com tempo bom e seco (ver a previsão do tempo). Obedecer o intervalo de aplicação, no mínimo de 15 dias entre a sulfocálcica e a bordalesa. Obedecer, no mínimo, o intervalo de 7 dias entre a aplicação e a colheita. Fonte: Penteado (2007) e Souza (2003).





















































                                                                                                            























                                                                                     

                                                                        

                                                                                                                

                                                 
Ferreira On 1/06/2011 04:26:00 AM 2 comments LEIA MAIS

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011




      A rotação de culturas é uma prática agrícola onde a observação e a experiência mostravam aos agricultores, já há três mil anos, a necessidade de variar os cultivos na mesma área. Esta prática acabou sendo esquecida em todo o mundo devido as grandes guerras, quando a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, conduzindo para a monocultura. Com o manejo inadequado destas lavouras houve um aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas ou indicadoras, levando o agricultor a usar mais agrotóxicos e, o que é pior, colocando em risco o meio ambiente. Outro problema causado pela monocultura é o desequilíbrio nutricional das plantas, agravado pelo uso abusivo e desequilibrado de adubos químicos e manejo inadequado do solo. A rotação de culturas é uma das práticas que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação e/ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores, localizados próximos aos grandes centros consumidores, sem no entanto levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso desta prática milenar. É muito comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. 
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local. Caso a adubação não seja adequada, pode ocorrer o esgotamento do solo em determinado nutriente ou mesmo excesso em função do não aproveitamento do mesmo. Em conseqüência, pode ocorrer o desequilíbrio nutricional do solo, favorecendo as doenças e prejudicando a qualidade das hortaliças. 
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência, na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses, sem levar em consideração a família botânica das espécies. 
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. 
A rotação de culturas: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. A rotação, se utilizada de forma correta, é um investimento no solo, resultando em benefícios tanto no rendimento como na qualidade das hortaliças, além de equilibrar a fertilidade do solo e reduzir pragas, doenças e plantas espontâneas. 

Principios básicos da rotação de culturas 

- não cultivar, no mesmo lugar, espécies da mesma família botânica, pois essas estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas; 

- ao utilizar espécies de famílias botânicas diferentes na rotação de culturas, deve-se alternar culturas com diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares. 

Dentre as famílias botânicas, as solanáceas (Figura 1) possuem maiores problemas de doenças e pragas, seguidas pelas cucurbitáceas (Figura 1), brássicas (Figura 1) e lilliáceas. Estas espécies não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. 
Figura 1. As espécies pertencentes à mesma família botânica não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. Estas espécies possuem as mesmas doenças e pragas, o que facilita a disseminação dos problemas ocorridos, na safra seguinte.


Principais benefícios da rotação de culturas 

Redução e/ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas; aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; manutenção e/ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo; redução das perdas por erosão; diversificação de renda da propriedade; melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra). 

O tempo de rotação 

Depende do interesse econômico, da área disponível, intensidade de cultivo e dos problemas (doenças, insetos-pragas e plantas espontâneas) que se deseja manejar. 

As doenças manejadas pela rotação 

- Bactérias: murchadeira, podridão mole, sarna, cancro, podridão negra, manchas bacteriana e angular; 

- Fungos: podridões dos frutos, seca e de esclerotínia, rizoctoniose, pinta preta, mancha de estenfílio, murchas de fusário e de verticilium, septoriose, mal-do-pé, queima das folhas, antracnose, míldio e ferrugem; 

- Nematóides: ocorrem principalmente em batata, tomate, cenoura, ervilha e beterraba. 


As melhores espécies para rotação 

Depende do problema que se deseja controlar e da adaptação às condições de clima e solo. As gramíneas, denominadas atualmente de poáceas e, as leguminosas são as mais indicadas. A família das poáceas (anteriormente denominada de gramíneas), tais como milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras espécies, são as mais indicadas para rotação com hortaliças, pois são mais resistentes às pragas e doenças, desfavorecem o desenvolvimento de algumas bactérias e fungos (rizosfera antagônica) e inibem as plantas espontâneas. As leguminosas, como a mucuna, são ótimas opções para rotação por possuírem grande capacidade de melhorar e cobrir o solo, reduzindo as plantas espontâneas,fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo, além de controlar a doença fusariose. As leguminosas (crotalária e mucuna) são hospedeiros de nematóides. As leguminosas possuem efeito supressor e/ou alelopático à diversas plantas espontâneas (tiririca, picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista). Uma ótima opção de rotação de culturas no verão é o consórcio milho-verde e mucuna (Figura 2). Uma ótima alternativa para rotação de culturas no inverno é o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro. 
Figura 2. Consórcio milho-verde (gramínea) e mucuna (leguminosa): ótimas espécies para incluir em esquemas de rotação de culturas e para o manejo das plantas espontâneas no verão, em função do rápido crescimento e abafamento e, ainda, para melhorar a fertilidade do solo, pois a mucuna fixa o nitrogênio do ar e devido ao sistema radicular profundo traz a superfície nutrientes que estão em camadas mais profundas do solo. Além disso, reduzem a incidência de doenças e pragas, evita a erosão do solo e, ainda proporciona renda ao produtor.




Ferreira On 1/03/2011 05:10:00 AM 2 comments LEIA MAIS

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2011


Assista o vídeo da campanha da Fraternidade 2011:Fraternidade e a 

a vida no planeta.



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cultivo orgânico de batata-doce


   A batata-doce (Ipomoea batatas), pertencente à família botânica convolvulaceae, é uma hortaliça tuberosa (raiz) popular, rústica, de ampla adaptação, alta tolerância à seca e de fácil cultivo. Além disso, é uma das plantas com maior capacidade de produzir energia por unidade de área e tempo. Fonte de energia, minerais e vitaminas, a batata-doce pode ser consumida cozida, assada ou frita, ou no preparo de doces. As batatas e as ramas também podem ser destinadas à alimentação animal, principalmente de bovinos e suínos, seja na forma "in natura" ou na forma de silagem (ramas). Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, revelaram que o cultivo orgânico de batata-doce foi superior quanto a produtividade (30%) e qualidade das raízes, quando comparado ao sistema de produção convencional (com uso de agroquímicos).
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: recomenda-se áreas não cultivadas com batata-doce nos últimos anos. Preferencialmente, deve-se utilizar solos leves, soltos, bem estruturados e drenados. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo.
.Épocas de plantio e cultivares: o plantio é nas épocas de temperaturas mais elevadas; além de não tolerar geadas, o crescimento vegetativo e produtividade de raízes de batata-doce são prejudicados em temperaturas menores que 10ºC. Épocas: agosto a janeiro nas regiões mais quentes (Litoral). Cultivares: é comum encontrar-se uma cultivar com nomes diferentes ou diferentes cultivares com o mesmo nome. As batatas podem apresentar polpa branca, creme, amarelo-clara e até laranja e roxa, sendo a película externa branca, rosada ou roxa. As cultivares Brazlândia Rosada (ciclo médio de 4 a 5 meses), Brazlândia Roxa e Princesa (ciclo tardio - mais de 5 meses) são indicadas para plantio em Santa Catarina. A Estação Experimental de Urussanga possui uma pequena coleção das principais cultivares indicadas.
.Produção de ramas em viveiro: fazer um viveiro em local que nunca tenha sido cultivado com batata-doce. Utiliza-se para o plantio batatas (80 a 150 g) de plantas produtivas e sadias, plantadas no espaçamento de 80 cm entre linhas por 10 cm entre plantas. As ramas selecionadas(8 a 10 entrenós),devem ser retiradas de viveiros a partir de 60 até 90 dias após o plantio. Para 1 hectare é suficiente enviveirar 70 a 100 kg de batatas.
.Adubação de plantio: é pouco exigente em nutrientes. A adubação deve ser realizada com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Caso seja plantada em rotação ou sucessão com espécies já adubadas, pode-se dispensar a adubação. É importante ressaltar que o excesso de matéria orgânica provoca crescimento exagerado da folhagem, reduzindo a produtividade e qualidade das raízes.
.Plantio e espaçamento: O plantio das ramas deve ser feito no alto das leiras ou camalhões (30 a 40 cm de altura) com o solo úmido, utilizando-se uma bengala com a ponta em "U" invertido; as ramas selecionadas (8 a 10 entrenós) são colocadas atravessadas e com a ponta da bengala se enterra a ponta da rama (3 a 4 entrenós). Deve-se deixar as ramas murchar à sombra por 1 a 2 dias antes do plantio, para evitar que se quebrem ao serem enterradas.O espaçamento varia de 70 a 120cm entre leiras e de 25 a 40 cm entre plantas.
.Práticas culturais: Capinas: com enxada ou cultivador na fase inicial de desenvolvimento da cultura (até 45 dias após o plantio). Chegamento de terra : após a capina refazer os camalhões, manualmente ou com sulcadores, para evitar rachaduras do solo e assim, reduzir a entrada de insetos do solo e a formação de manchas nas raízes devido à insolação. Controle da soqueira: em pouco tempo os restos de batata, raízes e ramas brotam rapidamente, de forma desuniforme e prolongada. A melhor fase para eliminação da soqueira, é no início da tuberização (formação das raízes).
.Manejo de doenças e pragas: é conhecida pela rusticidade e, por isso, não apresenta problemas com pragas e doenças. Eventuais danos podem ser manejados pelas práticas preventivas. Dentre estas destacam-se: plantar ramas sadias e selecionadas de viveiro, eliminando as doentes; retirar as ramas da parte do meio para a ponta das ramas,evitando aquelas próximas ao colo(base) da planta-mãe; uso de cultivares resistentes e adaptadas à região. A Brazlândia Roxa (Figura 1) resiste aos danos causados por insetos de solo, enquanto que a Princesa (Figura 1) tolera o mal-do-pé, doença causada pelo fungo Plenodomus destruens ;não plantar em locais encharcados e mal drenados; adubar de acordo com a análise do solo; bom chegamento de terra reduz danos por insetos de solo; colher na época certa para evitar os danos causados por insetos de solo e roedores; evitar lavar as batatas colhidas; caso os restos culturais não sejam utilizados para alimentação de animais, deve-se aproveitá-los na compostagem; rotação de culturas com outras hortaliças por 2 a 3 anos e eliminar as soqueiras; evitar armazenar batata em condições naturais, por período superior a 30 dias.
.Rotação de culturas: plantios sucessivos de batata-doce, em um mesmo local e na mesma estação do ano, favorecem às pragas e doenças e, promovem o desequilíbrio nutricional do solo. Período de rotação: deve ser feita por dois ou três anos com outras hortaliças com diferentes necessidades nutricionais e sistemas radiculares. Evitar o plantio de batata-doce após as leguminosas, pois o excesso de nitrogênio provoca desenvolvimento vegetativo exagerado prejudicando a produção de raízes. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga mostraram a eficiência da rotação de culturas no aumento do rendimento e qualidade de raízes de batata-doce; quando foi feita rotação de culturas por dois anos, a produtividade de raízes aumentou em 40%, ao ser comparada com o sistema sem rotação. Por ser uma espécie com bom sistema radicular (60 a 120 cm), portanto eficiente como recicladora de nutrientes que estão em camadas do solo mais profundas e, também pela rapidez na cobertura do solo no verão, a batata-doce é excelente para ser utilizada em esquemas de rotação de culturas para outras hortaliças.
.Colheita, classificação e comercialização: Colheita: com enxada ou com auxílio de arado ou sulcador, após o corte das ramas, quando as raízes atingirem o tamanho ideal exigido pelo mercado. Pré-cura: após a colheita as batatas são expostas ao sol para secar,no mínimo 30 minutos, evitando-se as horas mais quentes. Classificação: as raízes devem ser selecionadas, eliminando-se aquelas com defeitos (rachadas, esverdeadas, manchadas, danos mecânicos e de insetos) e classificadas de acordo com o peso: Extra A –301 a 400 g; Extra B –201 a 300 g; Especial –151 a 200 g e Diversos – 80 a 150 g ou maiores que 400g. Comercialização: nos principais mercados é comercializada lavada, prática que deve ser evitada, porque prejudica a conservação e aumenta as perdas por doenças.O ideal é escová-las para retirar a terra aderida. As raízes são comercializadas em caixas de madeira tipo K (23-25kg), limpas e desinfectadas ou em sacos.
Figura 1. Cultivo orgânico de batata-doce na Estação Experimental de Urussanga: além de ser uma boa alternativa de renda para os produtores, é uma ótima opção para ser incluída em esquemas de rotação de outros cultivos, pois protege o solo no verão e possui grande capacidade de reciclar nutrientes devido ao sistema radicular profundo. As cultivares indicadas Brazlândia roxa (película roxa) e Princesa (película branca) são resistentes aos insetos que perfuram as raízes e à doença mal-do-pé, respectivamente.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cultivo orgânico de alface


   A alface (Lactuca sativa L.), hortaliça folhosa de maior aceitação pelo consumidor brasileiro, pertence à família botânica das asteraceae, assim como o almeirão ou radiche e chicória. Esta hortaliça é boa fonte de vitaminas e sais minerais, destacando-se a vitamina A, indispensável para a saúde dos olhos, da pele e dos dentes. A alface é altamente perecível. Por este motivo é produzida nos cinturões verdes dos grandes centros consumidores, constituindo-se para muitos produtores ótima fonte de renda e retorno rápido do investimento.        
  Por ser consumida crua, na forma de salada e apresentar rápido ciclo vegetativo (30 a 45 dias), o cultivo orgânico (sem agroquímicos) de alface é essencial para garantir a saúde do agricultor, do consumidor e, também preservar o meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 20 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 138 amostras coletadas de alface em 2009, nos maiores centros consumidores do país, 38,4% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. Considerando que na alface, praticamente, não há problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com metamidofós, que além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer. Mas os riscos ao meio ambiente e ao consumidor que causa o sistema de produção convencional de alface, não param por aí! Os adubos químicos mais utilizados no cultivo de alface são hidrossolúveis (altamente solúveis em água), especialmente quando utilizados em excesso como os nitrogenados (uréia e outros) e, em condições de chuvas intensas e freqüentes, vão parar nos rios, córregos, lagos e poços, contaminando-os. Além disso, os adubos químicos podem contaminar a alface, provocando o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas e mutagênicas.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: áreas com boa drenagem e sem sombreamento, não cultivadas seguidamente com alface, almeirão e chicória. A análise do solo com antecedência é muito importante. 
.Épocas de plantio e cultivares: a alface é uma hortaliça tipicamente de inverno, mas foi adaptada para cultivo também no verão. Cultivo de outono/inverno - todas as cultivares, em geral, apresentam neste período bom desempenho. Cultivo de primavera/verão - é necessário utilizar cultivares adaptadas para produzir sob temperaturas elevadas. As cultivares indicadas para o outono/inverno florescem precocemente (pendoamento), se plantadas em clima quente, tornando o produto amargo e sem valor comercial. As principais cultivares recomendadas são: Cultivares lisas (grupo manteiga) - Brasil 303, Elisa, Glória, Aurora e Carolina AG 576 (formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico); Regina (Figura 1), Babá de Verão e Lívia (não formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico), dentre outras; Cultivares crespas (Figura 1) - Vanessa (não forma cabeça e é resistente ao vírus do mosaico); Verônica, Marisa AG 216 e Brisa (não formam cabeça e não são resistentes ao vírus do mosaico). Cultivares de folhas crocantes ou americana (possuem folhas grossas e formam cabeça) - Inajá, Mesa 659, Tainá, Lucy Brown e Raider. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, com a cultivar Regina, revelaram que o cultivo orgânico de alface foi superior quanto a produtividade (41%) e qualidade das cabeças, quando comparado ao cultivo convencional. 
.Produção de mudas: fazer mudas sadias e vigorosas recomenda-se o uso de bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade, em abrigo protegido. Dormência das sementes :pode ocorrer quando a temperatura excede a 30ºC. Para evitar a dormência, recomenda-se baixar a temperatura do ambiente nas primeiras 24 horas, após a semeadura nas bandejas, com irrigação e o uso de sombrite.
.Adubação de plantio: as hortaliças folhosas respondem bem à adubação orgânica que deve ser aplicada com base na análise do solo. Fonte de macronutrientes (NPK, Ca e Mg) e micronutrientes, a adubação orgânica melhora a qualidade das hortaliças e a conservação do produto, além de manter a umidade do solo.
.Transplante: o transplante das mudas(4 a 6 folhas) deve ser em canteiros, previamente preparados e adubados, na profundidade que estavam na bandeja, espaçadas de 25 a 30 cm entre plantas e fileiras.
.Irrigação: a grande exigência da alface (93% do peso é água), aliado a baixa capacidade de extração de água do solo, torna pequenos períodos de estiagem em seca. Os sistemas de irrigação mais utilizados na alface são: aspersão convencional, micro aspersão e gotejamento. No verão deve-se irrigar pela manhã e no final da tarde. No inverno e no verão (desde que se utilize o sombrite), é suficiente uma irrigação pela manhã.
.Cobertura morta: havendo disponibilidade na região de cultivo, recomenda-se o emprego de cobertura morta dos canteiros com palha ou casca de arroz ou outro material vegetal de textura fina. 
.Capinas e escarificação do solo: durante o desenvolvimento das plantas, são necessárias uma a duas capinas, quando se aproveita para fazer também o afofamento do canteiro (escarificação). 
.Cultivo protegido: melhora a produtividade e a qualidade da alface (folhas mais tenras e menos danificadas), além de melhorar a eficiência da mão-de-obra, quando são utilizados túneis altos. Em pleno verão o uso de sombrite (que deixa passar 30 a 50% de luz) protege as plantas nas horas mais quentes do dia e também de chuvas torrenciais (Figura 1). Nos períodos mais críticos, o manejo do sombrite, retirando-o no período mais fresco e, em dias nublados, é importante para atingir boa produtividade e qualidade do produto.
.Manejo de doenças e pragas: no cultivo de alface, não há maiores problemas com pragas e doenças. Caso ocorra deve-se utilizar medidas preventivas. Fase de produção de mudas - utilizar sempre sementes sadias em bandejas de isopor com substrato isento de doenças e, em abrigos protegidos. Canteiro definitivo: eliminar plantas hospedeiras (caruru, picão-preto, beldroega, serralha, maria-pretinha) de insetos tais como tripes que transmitem viroses; utilizar cultivares resistentes às viroses; fazer rotação de culturas com hortaliças-raízes ou hortaliças-frutos; eliminar restos de culturas anteriores; revolver o solo bem fundo para expor os fungos e pragas do solo à radiação solar; adubar e irrigar as plantas corretamente e utilizar cultivo protegido.
.Colheita, classificação e comercialização: Colheita: nas primeiras horas da manhã ou nas horas mais frescas, quando atingir o máximo de desenvolvimento, sem sinais de florescimento, normalmente a partir dos 30-45 dias após o transplante. Classificação: as folhas mais velhas, manchadas e danificadas são eliminadas, bem como as plantas consideradas refugos (miúdas, com início de florescimento e outros defeitos). As plantas devem ser embaladas em caixas, evitando-se o demasiado manuseio do produto. Comercialização: deve ser realizada o mais rapidamente possível e próximo ao local de produção, pois é um produto altamente perecível.
Figura 1. O cultivo orgânico e protegido de alface (cultivar Regina – tipo folhas lisas) no verão com sombrite (à direita), proporciona maior produtividade e qualidade de cabeças de alface (as folhas são mais tenras) e, o que é melhor, sem contaminação por adubos químicos e agrotóxicos. Cultivar de alface do tipo folhas crespas (à esquerda).
 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Produção própria de mudas e sementes orgânicas


   Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas e de mudas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.A maioria das hortaliças pode ser reproduzida por sementes (reprodução sexuada). Algumas são reproduzidas por meio de ramas, rizomas, tubérculos,raízes, bulbos, filhotes (Figura 1) e outros (reprodução assexuada). Outras podem ser reproduzidas pelas duas formas citadas (ex.: couve) . Sempre que possível, deve-se usar a forma assexuada (vegetativa) devido à maior precocidade de produção e à reprodução fiel das qualidades da planta mãe.Dentre as hortaliças propagadas vegetativamente, destacam-se: aipim e batata-doce (ramas), batatinha e cará (tubérculo), batata-salsa (brotação lateral), inhame (rizoma), cará (tubérculo), alho (bulbilho), morango (estolho) e chuchu (fruto).
    Na produção própria de sementes ou de outras formas de propagação, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes e as outras formas de propagação (tubérculos-semente,raízes e bulbilhos) em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Figura 1. Hortaliças propagadas vegetativamente (da esquerda para a direita): chuchu – fruto, couve – muda,
morango – estolho,batata – tubérculo, aipim e batata-doce – rama

   Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos.

  É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os parentais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. As sementes colhidas de uma cultivar híbrida é o que se chama de "quebrar o híbrido". Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alta que a exploração econômica da produção fica comprometida.

  Dentre as hortaliças, podem ser produzidas sementes próprias de alface, feijão-de-vagem, ervilha, pimentão, tomate, abóbora, moranga, melancia, pepino, melão e milho verde, entre outras. A seguir recomendam-se alguns cuidados na colheita e no beneficiamento de algumas hortaliças.

Colheita e beneficiamento de sementes de alface (Figura 2)
Procedimento: as sementes amadurecem de forma irregular. Sua maturação é caracterizada pelo aparecimento de pêlos brancos nos floretes. Para a colheita, deve-se cortar a inflorescência quando aproximadamente 50% das sementes estiverem maduras. Posteriormente é feita a secagem em ambiente protegido, arejado e seco e o acondicionamento em sacos de pano. A debulha deve ser manual e consiste em bater as plantas, após a secagem, contra uma superfície irregular.
Época ideal para produzir sementes: no verão, sendo a semeadura em dezembro e o transplante em janeiro, para que a maturação e a colheita das sementes coincidam com os períodos de estiagem que ocorrem normalmente no outono. Além disso, o início do pendoamento e florescimento dá-se num período de temperaturas elevadas, o que facilita a seleção rigorosa de plantas contra a emissão precoce da haste floral.
Beneficiamento: a eliminação de impurezas deve ser feita por ventilação ou manualmente. Após a limpeza, as sementes podem ser acondicionadas em saquinhos de plástico, tomando-se o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazenadas em geladeira, na última gaveta da parte inferior. 
 
Figura 2. Produção de sementes de alface (uma planta pode produzir até 3g =3.000 sementes)

Colheita e beneficiamento de sementes de solanáceas (tomate, pimentão, berinjela e pimenta) e cucurbitáceas (pepino, moranga, abóbora, abobrinha, melão e melancia)
Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

Colheita e beneficiamento de sementes de milho-variedade
Procedimento: deve-se selecionar, no momento da colheita, as plantas com as melhores espigas de uma mesma variedade. Na hora de semear o milho-variedade deve-se certificar de que durante a floração não ocorra o cruzamento do pólen de outras cultivares próximas.
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

Colheita e beneficiamento de sementes de cebola
Seleção e conservação dos bulbos: os bulbos selecionados (os maiores, sem defeitos e doenças) devem ser curados (redução da umidade) inicialmente a campo e posteriormente no armazém, que deve ser seco e ventilado para diminuir a umidade dos mesmos.
Época de plantio dos bulbos: o plantio dos melhores bulbos já brotados deve ser feito sob cultivo protegido para evitar o excesso de chuvas. A época mais indicada para as Regiões Sul e Sudeste é junho/julho e abril/maio,respectivamente.
Polinização: é realizada por insetos que se deslocam. Em função disso, deve haver isolamento mínimo de 400m, no caso de produção de sementes de duas cultivares.
Colheita das sementes: em torno de 6 meses após o plantio dos bulbos, as umbelas (hastes florescidas) começam a secar. Embora as umbelas não atinjam ao mesmo tempo o ponto de maturação das sementes, geralmente são feitas até duas colheitas de forma manual. A época mais propícia para a colheita é quando 10% das umbelas têm sementes expostas ou quando 40% das umbelas estão secas. As umbelas devem ser cortadas com 10 a 15cm de haste e colocadas em um saco.
Secagem e beneficiamento das sementes: após a colheita, deve-se levar as umbelas para secagem ao ar livre, expostas ao sol sobre panos ou caixas de madeira, durante quatro a cinco dias. Durante a noite, são
recolhidas ao abrigo. Após a secagem, utiliza-se um saco com um terço da sua capacidade com umbelas e bate-se com um pau roliço. A limpeza das sementes pode ser feita com peneira. Recomenda-se retirar as impurezas,guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cultivo orgânico de plantas bioativas


   Plantas bioativas são as espécies vegetais que apresentam princípios ativos importantes para a indústria de medicamentos, alimentos, cosméticos, produtos de higiene e defensivos agrícolas. Apesar dos poucos estudos agroecológicos na área de bioativas, muitas delas têm sido alvo de demandas industriais e comerciais, constituindo uma importante fonte de renda para os agricultores. A Organização Mundial da Saúde tem conclamado todos os países a desenvolver estudo e cultivos com plantas da flora nativa objetivando atender as necessidades de saúde da população. No entanto, para que a fitoterapia atinja o mais alto grau de sucesso e os produtos que chegam ao consumidor sejam da mais alta qualidade, o cultivo dessas espécies deverá ser baseado em boas práticas agrícolas, respeitando-se procedimentos agroecológicos que não agridam o meio ambiente nem o ser humano, maximizem a produção e, principalmente resultem em produtos padronizados e com altos níveis de princípios ativos desejáveis.
 Este boletim didático reúne os conhecimentos gerados pela pesquisa agronômica catarinense visando orientar técnicos, produtores e empreendedores da área de plantas bioativas. A publicação que possui 57 páginas e inúmeras ilustrações, aborda inicialmente as recomendações gerais para o cultivo orgânico de plantas bioativas, bem como as técnicas específicas para o cultivo de: capim-limão comum, capim-limão gigante, citronela, espinheira-santa, Fáfia, guaco, alfazema, palma-rosa, patchuli e yacon.
Interessados em adquirir a publicação devem entrar em contato com a Epagri, através do e-mail: gmc@epagri.sc.gov.br

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Produtos alternativos utilizados para o manejo de doenças e pragas em hortaliças e frutas – Caldas bordalesa e sulfocálcica

Produtos alternativos utilizados  para o manejo de
doenças e pragas em hortaliças e frutas – Caldas bordalesa e sulfocálcica

     No cultivo de uma horta e um pomar orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Por isso, os produtos alternativos apresentados a seguir, mesmo que na grande maioria não cause riscos ao homem e ao ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.

1 Caldas  bordalesa e sulfocálcica
     As caldas possuem baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais. O cobre presente na calda bordalesa é pouco tóxico para a maioria dos pássaros, abelhas e mamíferos, porém é tóxico para peixes. A aplicação de caldas não tem o objetivo de erradicar os insetos e os microorganismos nocivos, mas fortalecer as plantas e ativar o seu mecanismo de resistência. Essas caldas podem serem preparadas na propriedade, reduzindo significativamente o custo de produção. As sugestões de dosagens para as diversas culturas constam na Tabela 10.
Calda Bordalesa
     È o resultado da mistura simples de sulfato de cobre e cal virgem, diluídos em água. É recomendada como fungicida para controle preventivo de doenças fúngicas  e bacterianas. Essa calda é uma das formulações mais antigas que se conhece, tendo sido descoberta quase por acaso, no final do século XIX na França por um agricultor que estava aplicando água com cal para evitar que cachos de uva fossem roubados. Logo, percebeu-se que as plantas tratadas estavam livres da antracnose. Estudando o caso, um pesquisador descobriu que o efeito estava associado ao fato do leite de cal ter sido preparado em tachos de cobre. A partir daí, desenvolveu pesquisas para chegar à formulação mais adequada da proporção entre a cal e o sulfato de cobre.
Vantagens
- Forma camada protetora contra doenças e pragas;                                             
- Alta resistência à lavagem pelas chuvas;                                                                    
- Aumenta a resistência da planta à insolação;                                                        
- Fornece nutrientes essenciais (cobre, enxofre e cálcio);                                       
- Promove a resistência da planta e dos frutos;                                                           
- Melhora  a conservação e a regularidade de maturação e aumenta o teor de açúcares;
- Baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais domésticos;
- É um dos fungicidas mais baratos e eficientes.
Figura 1. Preparo da calda bordalesa

Preparo da calda bordalesa a 1%
     A formulação a seguir é para preparo de 100 litros. Para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes listados a seguir:
Ingredientes:     Sulfato de cobre ................................1000 g
                           Cal virgem ou hidratada ..................  1500 g
                           Água ......................................... .......  100 l 
1º passo: dissolver o sulfato de cobre – colocar  o sulfato de cobre em um saco de pano e mantê-lo imerso em suspensão na parte superior de um balde de água (a dissolução demora até 24 horas). Quando necessário, pode-se dissolver as pedras de sulfato de cobre para uso imediato, aquecendo a água ou moendo as pedras.
2º passo: dissolver a cal virgem  – em outra vasilha (sem ser de plástico) fazer a queima da cal virgem de boa qualidade (cal velha com aspecto farinhento não deve ser utilizada) que pode ser no mesmo dia em que for usada. Colocar 1500g de cal em uma lata de metal de 20 litros e adicionar 9 litros de água aos poucos e mexer com pá de madeira, até formar uma pasta mole. Tomar cuidados com a temperatura da mistura que se eleva bastante. Após o resfriamento, adicionar um pouco de água, obtendo-se um leite de cal. A cal hidratada pode ser utilizada, desde que tenha boa qualidade; é mais prático e proporciona a mesma eficiência. Passar a calda por uma peneira fina, colocando-se mais água e agitando-se para passar pela peneira. Adicionar água até 50 litros ao leite de cal.
3º passo:  despejar a solução de sulfato de cobre em um tonel (sem ser de ferro ou aço) com capacidade para 200 litros. Adicionar água até 50 litros.
4º passo: despejar com um balde aos poucos, a solução de leite de cal sobre a solução de sulfato de cobre. As duas soluções devem estar sob a mesma temperatura. Com auxílio de uma pá de madeira, agitar constantemente durante a operação de mistura.
5º passo:  testar a acidez (pH) da calda -  mergulhar um prego novo durante um minuto na calda. Se houver escurecimento, significa que a calda está ácida (pH abaixo de 7,0) e precisa ainda de neutralização com mais leite de cal. Não escurecendo, a calda estará pronta (alcalina). Outra maneira de se verificar a acidez, é pingar duas a três gotas sobre uma lâmina de faca bem limpa (sem ser de aço inoxidável); após um minuto, sacudir a faca e, se ficarem manchas avermelhadas onde estavam as gotas da calda, a mesma está ácida. Quando a cal virgem é de má qualidade, a calda permanecerá ácida, sendo preciso, então, acrescentar mais leite de cal para neutralizar a acidez.
Obs.: de modo geral, a cal é um bom aderente. Entretanto, certas culturas podem necessitar de um espalhante-adesivo. Para melhorar a aderência da calda bordalesa, acrescentar 1,5 litros de leite desnatado ou 1 a 2 kg de farinha de trigo no preparo de 100 l de calda (dissolver a farinha de trigo em água e depois peneirar) após o seu preparo.
Calda Sulfocálcica
      È o resultado da mistura de enxofre e cal, diluídos em água. É indicada como acaricida e inseticida (tripes, cochonilhas, etc.), além de ter efeito fungicida, atuando de forma curativa (ferrugens, oídio, etc.). É muito utilizada para tratamento de inverno de fruteiras de clima temperado e subtropical.
Vantagens
- Os ácaros não criam resistência à calda sulfocálcica;
- Fornece nutrientes essenciais (cálcio e enxofre);
- Aumenta a resistência das plantas e melhora o sabor dos frutos;                                         
- É um dos fungicidas/inseticidas mais baratos e eficientes.
     Embora também possa ser preparada na propriedade, a calda sulfocálcica pode ser adquirida nas lojas agropecuárias a um baixo custo.

Aplicação das caldas e cuidados
     A aplicação, o preparo correto e o uso de pulverizadores com bicos-cones, de preferência de cerâmica (os de metal estragam rapidamente)  em bom estado e com jatos que formem uma névoa, cobrindo uniformemente folhas, frutos e ramos, são importantes para o êxito do tratamento, assim como a concentração e a qualidade dos ingredientes. A concentração das caldas depende das condições climáticas locais, da espécie, da fase da cultura e da forma de condução. Para evitar riscos de fitotoxicidade e queima de folhas e frutos, deve-se fazer um teste em poucas plantas, podendo-se aplicar em toda a área depois de observado o seu efeito.
     Os principais cuidados a serem observados no momento da aplicação são:
- deve-se sempre utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) no preparo e na aplicação;
-  a aplicação deve ser com tempo bom, seco e fresco pela manhã ou à tardinha.  Quando aplicada com tempo úmido os riscos de fitoxicidade são maiores;
- somente as partes atingidas pelas caldas estarão protegidas de doenças e pragas; 
- as caldas devem ser mantidas sob forte agitação durante toda a aplicação;      
- para a maioria das plantas, não deve ser aplicada a calda bordalesa no período do florescimento, nem estando as plantas murchas ou molhadas e em época de forte estiagem;
-  a aplicação deve ser no mesmo dia de preparo da calda. No entanto, o leite de cal e o sulfato de cobre, quando em recipientes separados, podem ser guardados por dois a três dias;                               
- a calda sulfocálcica deve ser aplicada, durante a floração, somente para aquelas culturas que tolerem o enxofre;
- a calda bordalesa pode ser misturada com os biofertilizantes;
-  com temperaturas acima de 30ºC e abaixo de 10ºC, suspender a aplicação da calda;
- após aplicação das caldas, os equipamentos e os metais devem ser lavados para evitar corrosão, com vinagre (20%) e duas colheres de chá de óleo mineral. Verificar o desgaste dos bicos do pulverizador, fazendo a troca necessária. As caldas corroem o orifício dos bicos, alterando a vazão e o tamanho de gotas e, em conseqüência, a dose aplicada e a cobertura de plantas;
-no caso de empregar a calda sulfocálcica após aplicação da calda bordalesa, deixar um intervalo mínimo de 30 dias. Quando for o contrário, isto é, aplicar a calda bordalesa após a aplicação da calda sulfocálcica, observar intervalo de 15 dias;
-o intervalo de aplicações da calda bordalesa varia de sete a 15 dias ou até mais, dependendo das condições climáticas,  da ocorrência de doenças e do desenvolvimento da planta;
 -recomenda-se obedecer, no mínimo, o intervalo de uma semana entre a aplicação das caldas e a colheita.
  Tabela 1. Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em hortaliças e frutas1.
1 Para emprego das caldas recomenda-se que sejam feitas observações preliminares em poucas plantas, considerando o local, o clima, a cultivar e outros. 
2 Em cultivos protegidos (abrigos) de hortaliças, reduzir em 50% a concentração das caldas e aplicar nos períodos frescos. 
3 As aplicações devem ser à tardinha para não prejudicar a polinização feita pelas abelhas.
































                                                                                                                                                                                                            
   Tabela 1 (continuação). Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em    hortaliças e frutas.
5 Algumas cultivares são sensíveis, por isso recomenda-se testar as dosagens. Obs.:Não se recomenda aplicar as caldas com os botões florais abertos. A inclusão de óleo (mineral ou vegetal) na calda bordalesa melhora o efeito sobre as pragas e as doenças. Fazer a aplicação das caldas com tempo bom e seco (ver a previsão do tempo). Obedecer o intervalo de aplicação, no mínimo de 15 dias entre a sulfocálcica e a bordalesa. Obedecer, no mínimo, o intervalo de 7 dias entre a aplicação e a colheita. Fonte: Penteado (2007) e Souza (2003).





















































                                                                                                            























                                                                                     

                                                                        

                                                                                                                

                                                 

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Rotação e sucessão de culturas




      A rotação de culturas é uma prática agrícola onde a observação e a experiência mostravam aos agricultores, já há três mil anos, a necessidade de variar os cultivos na mesma área. Esta prática acabou sendo esquecida em todo o mundo devido as grandes guerras, quando a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, conduzindo para a monocultura. Com o manejo inadequado destas lavouras houve um aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas ou indicadoras, levando o agricultor a usar mais agrotóxicos e, o que é pior, colocando em risco o meio ambiente. Outro problema causado pela monocultura é o desequilíbrio nutricional das plantas, agravado pelo uso abusivo e desequilibrado de adubos químicos e manejo inadequado do solo. A rotação de culturas é uma das práticas que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação e/ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores, localizados próximos aos grandes centros consumidores, sem no entanto levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso desta prática milenar. É muito comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. 
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local. Caso a adubação não seja adequada, pode ocorrer o esgotamento do solo em determinado nutriente ou mesmo excesso em função do não aproveitamento do mesmo. Em conseqüência, pode ocorrer o desequilíbrio nutricional do solo, favorecendo as doenças e prejudicando a qualidade das hortaliças. 
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência, na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses, sem levar em consideração a família botânica das espécies. 
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. 
A rotação de culturas: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. A rotação, se utilizada de forma correta, é um investimento no solo, resultando em benefícios tanto no rendimento como na qualidade das hortaliças, além de equilibrar a fertilidade do solo e reduzir pragas, doenças e plantas espontâneas. 

Principios básicos da rotação de culturas 

- não cultivar, no mesmo lugar, espécies da mesma família botânica, pois essas estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas; 

- ao utilizar espécies de famílias botânicas diferentes na rotação de culturas, deve-se alternar culturas com diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares. 

Dentre as famílias botânicas, as solanáceas (Figura 1) possuem maiores problemas de doenças e pragas, seguidas pelas cucurbitáceas (Figura 1), brássicas (Figura 1) e lilliáceas. Estas espécies não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. 
Figura 1. As espécies pertencentes à mesma família botânica não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. Estas espécies possuem as mesmas doenças e pragas, o que facilita a disseminação dos problemas ocorridos, na safra seguinte.


Principais benefícios da rotação de culturas 

Redução e/ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas; aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; manutenção e/ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo; redução das perdas por erosão; diversificação de renda da propriedade; melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra). 

O tempo de rotação 

Depende do interesse econômico, da área disponível, intensidade de cultivo e dos problemas (doenças, insetos-pragas e plantas espontâneas) que se deseja manejar. 

As doenças manejadas pela rotação 

- Bactérias: murchadeira, podridão mole, sarna, cancro, podridão negra, manchas bacteriana e angular; 

- Fungos: podridões dos frutos, seca e de esclerotínia, rizoctoniose, pinta preta, mancha de estenfílio, murchas de fusário e de verticilium, septoriose, mal-do-pé, queima das folhas, antracnose, míldio e ferrugem; 

- Nematóides: ocorrem principalmente em batata, tomate, cenoura, ervilha e beterraba. 


As melhores espécies para rotação 

Depende do problema que se deseja controlar e da adaptação às condições de clima e solo. As gramíneas, denominadas atualmente de poáceas e, as leguminosas são as mais indicadas. A família das poáceas (anteriormente denominada de gramíneas), tais como milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras espécies, são as mais indicadas para rotação com hortaliças, pois são mais resistentes às pragas e doenças, desfavorecem o desenvolvimento de algumas bactérias e fungos (rizosfera antagônica) e inibem as plantas espontâneas. As leguminosas, como a mucuna, são ótimas opções para rotação por possuírem grande capacidade de melhorar e cobrir o solo, reduzindo as plantas espontâneas,fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo, além de controlar a doença fusariose. As leguminosas (crotalária e mucuna) são hospedeiros de nematóides. As leguminosas possuem efeito supressor e/ou alelopático à diversas plantas espontâneas (tiririca, picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista). Uma ótima opção de rotação de culturas no verão é o consórcio milho-verde e mucuna (Figura 2). Uma ótima alternativa para rotação de culturas no inverno é o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro. 
Figura 2. Consórcio milho-verde (gramínea) e mucuna (leguminosa): ótimas espécies para incluir em esquemas de rotação de culturas e para o manejo das plantas espontâneas no verão, em função do rápido crescimento e abafamento e, ainda, para melhorar a fertilidade do solo, pois a mucuna fixa o nitrogênio do ar e devido ao sistema radicular profundo traz a superfície nutrientes que estão em camadas mais profundas do solo. Além disso, reduzem a incidência de doenças e pragas, evita a erosão do solo e, ainda proporciona renda ao produtor.




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