segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O solo  deve ser tratado como um “organismo vivo”
      Um solo sadio produz plantas, animais e homens sadios; tudo está ligado entre si como os órgãos de um corpo, por isso o solo, já na antiguidade, era visto como um “organismo vivo”. O solo faz parte do meio ambiente e está ligado a todos os seus outros componentes, como a água, as plantas, os animais e o homem. Tudo que acontece com o solo tem algum reflexo positivo ou negativo, no ambiente do qual ele faz parte. Numa grama de solo, vivem alguns milhões de seres vivos que dependem de como é tratado o solo e que sofrem  com as agressões do homem. O uso intensivo, inadequado e exagerado da mecanização, dos agrotóxicos, dos corretivos e dos adubos químicos, associados ao monocultivo (cultivo da mesma espécie sempre na mesma área) e a erosão do solo, conduz a maioria dos solos cultivados na agricultura moderna ou cultivo convencional, a um processo de auto-degradação.
     A degradação ou degeneração do solo está relacionada aos prejuízos que causa às características biológicas (organismos vivos) e físicas (textura e estrutura) do solo. A textura se relaciona ao tamanho das partículas; um solo tem diferentes teores de areia, argila,  matéria orgânica, água, ar e minerais. A forma como esses componentes se organizam representa a estrutura do solo. Um solo bem estruturado é fofo e poroso, permitindo a penetração da água e do ar, assim como de pequenos animais e raízes. A vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água e nutrientes. Os organismos vivos do solo fazem a transformação química dos nutrientes, tornando-os disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.
     Em regiões de clima tropical e subtropical, predominantes no Brasil, o preparo do solo com arado, grade e outros equipamentos e, principalmente com rotativa, acelera a decomposição (quebra em partes menores pelos microrganismos do solo) da matéria orgânica em quantidades maiores do que a reposição, proporcionando, em conseqüência, a diminuição dos rendimentos das culturas ao longo do tempo. Além disso, a intensidade e freqüência de chuvas predominante nestes climas, associada aos declives dos terrenos, causam perdas de solo (erosão) das camadas mais férteis, maiores do que a regeneração natural, resultando em degradação química (nutrientes utilizados pelas plantas), física e biológica. Em outras palavras, o arado e outros implementos utilizados no preparo do solo não combinam com o uso sustentável da terra no Brasil.
     A compactação do solo, uma das causas da degradação, é proporcionada  pelo uso intenso, inadequado e exagerado de máquinas e equipamentos, na grande maioria pesadas, pela redução da matéria orgânica e da atividade biológica do solo. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são importados. Além disso, para piorar, a agricultura convencional ou moderna ao retirar do solo vários nutrientes, devolve na forma de adubos químicos, apenas NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Outros macronutrientes, bem como os micronutrientes, exigidos em quantidades reduzidas, mas também essenciais para o equilíbrio do solo e das plantas, não são repostos pela agricultura convencional. Além disso, os adubos químicos, altamente solúveis, associados ao revolvimento do solo em áreas inclinadas,contaminam rios e córregos devido a erosão. E os problemas do cultivo convencional não param por aí: os adubos químicos acidificam o solo, tornando a prática da calagem necessária, no mínimo a cada 5 anos.   
     O manejo do solo no sistema de cultivo orgânico, ou seja, a forma de cultivar e tratar o solo corretamente, busca o equilíbrio através de práticas culturais e a melhoria da fertilidade química e das características física e biológica. O manejo adequado do solo proporciona o aumento da resistência das culturas às pragas e doenças e às mudanças impostas por adversidades climáticas (ex.:estiagens e chuvas intensas). No cultivo orgânico a correção da acidez é realizada naturalmente e a fertilidade do solo é mais duradoura no tempo.
     As causas da degradação do solo, em geral, estão relacionadas aos prejuízos que causam aos organismos vivos. Tanto a degradação quanto a regeneração do solo são processos lentos que ocorrem no decorrer de alguns anos. Dentre as opções para a regeneração da fertilidade e da vida do solo destacam-se: adubação orgânica (composto orgânico, estercos de animais e restos culturais), adubação verde, cultivo e manejo de plantas de cobertura (viva ou morta), e plantas espontâneas, rotação e consorciação de culturas, plantio direto, cultivo mínimo (Figura 1) e  outras práticas que previnem a erosão do solo.

Figura 1. Cultivo mínimo (abertura do sulco e plantio das mudas) de repolho no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia, ervilhaca e nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o repolho é realizada apenas na linha de plantio, sendo  as entrelinhas mantidas com os adubos verdes. A função dos adubos verdes é  proteger a vida do solo do clima adverso, reduzir a infestação de plantas espontâneas, melhorar a fertilidade tornando-a mais duradoura  e descompactar o solo, além de servir de abrigo para os inimigos naturais dos insetos- pragas que atacam a cultura.


Ferreira On 11/29/2010 12:09:00 PM Comentarios

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA: Parte 4

O solo  deve ser tratado como um “organismo vivo”
      Um solo sadio produz plantas, animais e homens sadios; tudo está ligado entre si como os órgãos de um corpo, por isso o solo, já na antiguidade, era visto como um “organismo vivo”. O solo faz parte do meio ambiente e está ligado a todos os seus outros componentes, como a água, as plantas, os animais e o homem. Tudo que acontece com o solo tem algum reflexo positivo ou negativo, no ambiente do qual ele faz parte. Numa grama de solo, vivem alguns milhões de seres vivos que dependem de como é tratado o solo e que sofrem  com as agressões do homem. O uso intensivo, inadequado e exagerado da mecanização, dos agrotóxicos, dos corretivos e dos adubos químicos, associados ao monocultivo (cultivo da mesma espécie sempre na mesma área) e a erosão do solo, conduz a maioria dos solos cultivados na agricultura moderna ou cultivo convencional, a um processo de auto-degradação.
     A degradação ou degeneração do solo está relacionada aos prejuízos que causa às características biológicas (organismos vivos) e físicas (textura e estrutura) do solo. A textura se relaciona ao tamanho das partículas; um solo tem diferentes teores de areia, argila,  matéria orgânica, água, ar e minerais. A forma como esses componentes se organizam representa a estrutura do solo. Um solo bem estruturado é fofo e poroso, permitindo a penetração da água e do ar, assim como de pequenos animais e raízes. A vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água e nutrientes. Os organismos vivos do solo fazem a transformação química dos nutrientes, tornando-os disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.
     Em regiões de clima tropical e subtropical, predominantes no Brasil, o preparo do solo com arado, grade e outros equipamentos e, principalmente com rotativa, acelera a decomposição (quebra em partes menores pelos microrganismos do solo) da matéria orgânica em quantidades maiores do que a reposição, proporcionando, em conseqüência, a diminuição dos rendimentos das culturas ao longo do tempo. Além disso, a intensidade e freqüência de chuvas predominante nestes climas, associada aos declives dos terrenos, causam perdas de solo (erosão) das camadas mais férteis, maiores do que a regeneração natural, resultando em degradação química (nutrientes utilizados pelas plantas), física e biológica. Em outras palavras, o arado e outros implementos utilizados no preparo do solo não combinam com o uso sustentável da terra no Brasil.
     A compactação do solo, uma das causas da degradação, é proporcionada  pelo uso intenso, inadequado e exagerado de máquinas e equipamentos, na grande maioria pesadas, pela redução da matéria orgânica e da atividade biológica do solo. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são importados. Além disso, para piorar, a agricultura convencional ou moderna ao retirar do solo vários nutrientes, devolve na forma de adubos químicos, apenas NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Outros macronutrientes, bem como os micronutrientes, exigidos em quantidades reduzidas, mas também essenciais para o equilíbrio do solo e das plantas, não são repostos pela agricultura convencional. Além disso, os adubos químicos, altamente solúveis, associados ao revolvimento do solo em áreas inclinadas,contaminam rios e córregos devido a erosão. E os problemas do cultivo convencional não param por aí: os adubos químicos acidificam o solo, tornando a prática da calagem necessária, no mínimo a cada 5 anos.   
     O manejo do solo no sistema de cultivo orgânico, ou seja, a forma de cultivar e tratar o solo corretamente, busca o equilíbrio através de práticas culturais e a melhoria da fertilidade química e das características física e biológica. O manejo adequado do solo proporciona o aumento da resistência das culturas às pragas e doenças e às mudanças impostas por adversidades climáticas (ex.:estiagens e chuvas intensas). No cultivo orgânico a correção da acidez é realizada naturalmente e a fertilidade do solo é mais duradoura no tempo.
     As causas da degradação do solo, em geral, estão relacionadas aos prejuízos que causam aos organismos vivos. Tanto a degradação quanto a regeneração do solo são processos lentos que ocorrem no decorrer de alguns anos. Dentre as opções para a regeneração da fertilidade e da vida do solo destacam-se: adubação orgânica (composto orgânico, estercos de animais e restos culturais), adubação verde, cultivo e manejo de plantas de cobertura (viva ou morta), e plantas espontâneas, rotação e consorciação de culturas, plantio direto, cultivo mínimo (Figura 1) e  outras práticas que previnem a erosão do solo.

Figura 1. Cultivo mínimo (abertura do sulco e plantio das mudas) de repolho no final do inverno, em área semeada com consórcio de adubos verdes (aveia, ervilhaca e nabo forrageiro), no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que estavam competindo com o repolho é realizada apenas na linha de plantio, sendo  as entrelinhas mantidas com os adubos verdes. A função dos adubos verdes é  proteger a vida do solo do clima adverso, reduzir a infestação de plantas espontâneas, melhorar a fertilidade tornando-a mais duradoura  e descompactar o solo, além de servir de abrigo para os inimigos naturais dos insetos- pragas que atacam a cultura.


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